Inca estima que câncer de mama pode atingir 200 mil mulheres no Brasil até 2022
O câncer de mama, neoplasia mais comum entre as mulheres brasileiras, pode acometer até 2022, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), quase 200 mil mulheres. Destas, 11.280 moram na região Centro-oeste e cerca de 5 mil são goianas.
Os números ganham ainda mais destaque no mês de outubro, quando ocorre um movimento de conscientização para a prevenção e controle da doença: o Outubro Rosa. Em 2020 a campanha, apesar de restrita às plataformas digitais, ganhará força por conta do aumento da mortalidade pela neoplasia.
Segundo o DATASUS, o câncer de mama, dentre todos os outros tipos, foi a segunda causa de óbito mais frequente em 2019, sendo responsável por mais de 18 mil mortes entre mulheres. O dado, fortemente associado ao diagnóstico precoce, evidência a importância de detectar a doença ainda no estágio inicial, o que, de acordo com levantamento recente do Observatório de Oncologia, acontece somente em 24% dos casos.
“O câncer é uma corrida contra o tempo. Sabemos, por exemplo, que a mamografia consegue detectar a doença até dois anos antes dela se tornar clinicamente evidente. O que, além de aumentar consideravelmente as chances de cura, diminui os efeitos tóxicos das terapias sistêmicas e as mutilações das mamas”, comenta o mastologista Rubens José Pereira.
Médico do Setor de Ginecologia e Mama (SGM) do Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ), Rubens também chama atenção para o fato de que a descoberta tardia aumenta muito os gastos do SUS com o tratamento do câncer de mama, já que prolonga o tempo da mulher nos hospitais especializados. Só em 2019, por exemplo, foram realizadas no SGM quase 25 mil consultas ambulatoriais e cerca de 3 mil cirurgias pelo Sistema Único de Saúde.
O estudo do Observatório de Oncologia, que analisou o panorama de atendimento das mulheres com câncer de mama, no âmbito do SUS, entre 2015 e 2019, mostrou ainda que em Goiás 49% dos diagnósticos foram feitos tardiamente e que as mulheres demoraram mais de três meses para iniciarem o tratamento. O grande problema, ainda segundo o levantamento, não está no intervalo entre a primeira consulta com o médico especialista e o diagnóstico do câncer de mama, mas sim no tempo gasto até que a paciente seja encaminhada para a rede especializada.
No Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ), por exemplo, entre 2010 e 2015, pouco mais de 50% das pacientes atendidas chegaram a unidade de saúde com cânceres de mama os estágios II e III. Em âmbito nacional, a situação não é diferente. O tempo médio para início do tratamento é de cerca de 83 dias, sendo 76 dias para a quimioterapia, 78 para cirurgia e 148 de radioterapia – dado que demonstra a urgência da implementação de ações de saúde que melhorem o rastreamento e controle do câncer de mama no país.
Para além das ações, o mastologista Ruffo de Freitas Júnior destaca outros problemas específicos como a subutilização dos mamógrafos espalhados pelo Brasil – cuja capacidade ultrapassa a marca de 35 milhões de exames por ano, unindo SUS e Saúde Suplementar. Na prática, no entanto, o número é muito diferente. Segundo levantamento do Observatório de Oncologia, em 2019 foram realizadas no país apenas 4 milhões de exames. “O estado de melhor performance é o da Bahia, que chega a atender 40% da população feminina. Em Goiás, menos de 20% da capacidade dos mamógrafos do SUS é utilizada. Temos, então, a capacidade de aumentar em 80% a assistência sem gastar nada”, destaca o médico. No ano de 2019, houve em Goiás 10.230 mamografias. Destas, 6.377 foram no Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ).
*Com informações A Redação
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SAÚDE
Programa Mais Acesso a Especialistas receberá investimentos de R$ 2,4 bilhões em 2025
Mais de 8,8 milhões de brasileiras e brasileiros devem ser beneficiados pela iniciativa. Objetivo é reduzir espera por consultas, exames e resultados.
O Governo Federal investirá R$ 2,4 bilhões em 2025 nas áreas de oncologia, cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia, por meio do Programa Mais Acesso a Especialistas. O objetivo é diminuir o tempo de espera para consultas, exames e resultados nessas especialidades. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, apresentou os avanços da nova fase da iniciativa nesta terça-feira, 10 de dezembro, durante a 16ª Reunião do Fórum Nacional dos Governadores.
O programa traz inovações como a incorporação de um modelo de remuneração baseado no cuidado integral, que prioriza o paciente. A nova etapa também aproveita a experiência bem-sucedida do Programa Nacional de Redução de Filas (PNRF), que conta com um investimento de R$ 1,2 bilhão para as cirurgias eletivas.
“O Programa Mais Acesso a Especialistas busca reduzir o tempo de espera e melhorar o atendimento à população. Essa é uma construção coletiva, fruto da parceria com secretários de saúde estaduais e municipais, governadores e gestores do SUS. É um trabalho integrado que reflete a dedicação de toda a equipe do Ministério da Saúde”, disse a ministra.
O programa teve a adesão de todos os estados mais o Distrito Federal. Também se somaram 5,4 mil municípios (97,9%), o que representa um total de 409 Regiões de Saúde aderidas. A meta é de que entre 2024 e 2026 sejam realizadas mais de 1 milhão de cirurgias por ano, com orçamento de R$ 1,2 bilhão para cirurgias.
PLANOS DE AÇÃO
O programa foi desenvolvido pelo Governo Federal, responsável pelo repasse dos recursos, mas a implementação é de estados e municípios. Durante o evento, foi anunciado a assinatura de portarias com 30% do valor dos planos de ação aprovados já para serem liberados para todos os estados e o Distrito Federal, consolidando mais uma etapa do programa. De acordo com o ministério, 136 planos já foram enviados, o que contempla 79,9% das regiões de saúde e abrangem 167,9 milhões de habitantes.
“Hoje, damos um passo importante com a assinatura das portarias. Esses Planos de Ação Regionais permitirão uma oferta de cuidado mais eficiente e de qualidade para nossa população. Como eu sempre digo, tempo é saúde, e precisamos garantir o cuidado necessário no momento certo”, afirmou.
Depois da aprovação dos Planos, vem a etapa seguinte para a concretização do programa: a implantação dos Núcleos de Gestão e Regulação, que têm como objetivo apoiar a implementação dos dispositivos que estruturarão o programa nas localidades, a da telessaúde, que vai tornar o atendimento mais eficiente, integrado e digital. Para isso, estão sendo investidos R$ 557,8 milhões.
DIGITAL
Outro destaque mencionado é a transformação digital do SUS, com o uso intensivo de telessaúde e teleinterconsultas para conectar a atenção primária à especializada. “Estamos trabalhando para integrar os dados de saúde em uma rede nacional. Essa transição tecnológica vai permitir um monitoramento mais eficiente e reduzir problemas como o absenteísmo nas consultas, garantindo um sistema mais ágil e acessível”, explicou Nísia.
O PMAE foca em especialidades que, historicamente, enfrentam gargalos no sistema de saúde, como a oncologia, cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia. O objetivo é oferecer prazos mais curtos para diagnóstico e tratamento. Mais de 8,8 milhões de brasileiras e brasileiros devem ser beneficiados.
“Na oncologia, por exemplo, a oferta integrada incluirá consulta médica, biópsias e exames necessários, garantindo a continuidade do cuidado e integrando o programa de redução de filas para cirurgias eletivas”, destacou Nísia.
O foco do programa é tornar o acesso do paciente às consultas e aos exames especializados o mais rápido possível e com menos burocracia, a partir do encaminhamento realizado pelas equipes de Atenção Primária.
Por meio do programa, na prática, os serviços vão ser demandados nas unidades de saúde a partir das Ofertas de Cuidados Integrados (OCIs) e terão a supervisão das secretarias de Saúde a fim de que o conjunto de consultas e exames para cada paciente sejam realizados entre 30 ou 60 dias, a depender da situação.
CUIDADO INTEGRADO
O Mais Especialistas vai proporcionar um atendimento reorganizado e integrado digitalmente. É uma mudança na lógica de cuidado com oferta de tratamento integrado e fila única que irá reduzir o tempo das filas e o tempo de espera.
O foco no paciente garante o cuidado integrado em todo ciclo, da consulta ao exame, diagnóstico e tratamento e terá a telessaúde como eixo fundamental, evitando deslocamentos e encaminhamentos desnecessários.
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