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O constrangimento da corrupção!

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Uma das desgraças mais infames que a corrupção causa a todos nós, brasileiros, é o constrangimento de vermos o que determinados seres, desajustados profissionalmente, que ocupam postos de destaque na sociedade, causam ao país, por tomarem atitudes inacreditáveis como essa última, que estamos a assistir,  em que um senador da República foi apanhado transportando valores financeiros nas peças íntimas do seu corpo, com uma desfaçatez de dimensões astronômicas. São pessoas com poder e autoridade com acesso às contas do Estado.

Face às vergonhas apresentadas na televisão, vem a pergunta: Os nossos sistemas de controle governamentais são tão frágeis assim que não percebem esse descalabro da gestão pública em qualquer nível na esfera social nacional?

Quem não conhece os mecanismos de funcionamento da engrenagem de ação das organizações públicas brasileiras pensa que aqui tudo funciona da forma mais amadorista possível. Não é assim não! Se não vejamos: Qualquer empreendimento público, para ser edificado, precisa de licenças que acontecem pela seguinte ordem: licenças: federal, estadual, municipal, ambiental, planejamento e orçamentária! Assim que essas são liberadas, vem a autorização para que sejam feitas as licitações para ver quem pode realizar o projeto de forma mais compatível com as necessidades da onde o mesmo será implantado! Escolhida a empresa é chegado o momento da realização dos contratos que são realizados entre as partes edificantes do combinado por meio de uma avença legal entre ambos os envolvidos! No caso do empreendimento ser uma obra, o Departamento dos Controles Internos, vai seguindo o andamento das ações segundo o caderno de especificações técnicas, apresentado   pela empresa vencedora no certame! Cada etapa dessas é levada a um ordenador de despesas que autoriza o pagamento por meio da rede bancária.

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Terminada a obra, empreendimento é chegado o momento das prestações de contas de tudo o que foi proposto ser feito e se foi realizado dentro do que havia sido projetado. Nesse momento entra em ação o Departamento de Controles Externos, Contabilidade e Auditoria!

Feita essa rápida amostra de como deve se comportar a edificação de um empreendimento, na função pública, nos perguntamos como, com tantas pessoas diferentes atuando no processo é possível haver tantas distorções de governança na execução de um projeto?

Cícero Carlos Maia é professor

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PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação. 

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André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.

A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.

A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.

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A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.

Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.

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A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.

André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).

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