Opinião

Desafios da Governança Familiar

É preciso coragem para olhar para dentro da empresa familiar e verificar se há o desejo de manter o vínculo societário. É necessária maturidade do fundador para ouvir e acolher as escolhas de cada herdeiro. É possível a profissionalização da gestão, deixando que os herdeiros, permaneçam donos, proprietários, com direito a voto, mas sem gestão, se for o melhor caminho para manutenção do vínculo familiar e societário.

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Melina Lobo é Conselheira de Administração e Advogada.

Estamos cada vez mais longevos, ativos e dinâmicos. Essa realidade está presente em toda a sociedade e, notadamente, nas empresas. O sonho da aposentadoria precoce não é de todos e há muitos que querem permanecer trabalhando ao longo de toda a vida, principalmente se são os fundadores de um negócio de sucesso.

Assim, as empresas familiares possuem um grande desafio: planejar e organizar a sucessão!

Quanto mais ativo e dinâmico o fundador, mais desafiador o processo de sucessão, pois permanecer no trabalho é elemento para a própria definição de sua identidade como ser humano produtivo e colaborativo.

No entanto, a sucessão é apenas a ponta de um grande iceberg. Um olhar mais profundo indica outros desafios de mesmo grau de importância. São eles: inovação, remuneração e comunicação. Para o sucesso e durabilidade do empreendimento, é necessária a conjugação de todos esses desafios.

Estamos o tempo todo negociando uns com os outros, inovando para não estarmos fora do mercado e buscando a remuneração necessária para sustentar nosso estilo de vida. Além disso, todos nós morreremos um dia e teremos que passar nosso bastão adiante.

E o pior é que essa difícil combinação de atitudes positivas deve ser tomada em um ambiente de grande complexidade, pois a dinâmica das sociedades familiares envolve questões de ordem emocional, legal, patrimonial e administrativa.

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Nessas ocasiões, não basta apenas o conhecimento, a experiência de vida e o sucesso financeiro do negócio, mas elevado grau de maturidade e flexibilidade, de saber lidar com perdas: de poder, de identidade e, às vezes, de lucros imediatos.

Mas os desafios não precisam, necessariamente, serem dolorosos. Há formas de organizar e priorizar cada desafio a seu próprio tempo, tais como o acordo de acionistas, a instauração do conselho de administração ou consultivo e a profissionalização da gestão através de sistemas de governança corporativa.

A racionalidade da economia e das finanças não é suficiente para um saudável processo de enfrentamento desses desafios da governança familiar. Devem ser levados em consideração os sentimentos que estão presentes na vida das pessoas e das empresas, notadamente as relações familiares.

Considere-se, ainda, que da segunda geração em diante, na sociedade familiar, há sócios que não se escolheram mutuamente e pode, simplesmente, não estar presente o desejo de manter o vínculo societário. Para uma sobrevivência saudável das empresas, é necessária a existência do que o direito define como “affeccio societatis”, ou seja, a afeição, o desejo de permanecer junto.

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É preciso coragem para olhar para dentro da empresa familiar e verificar se há o desejo de manter o vínculo societário. É necessária maturidade do fundador para ouvir e acolher as escolhas de cada herdeiro. É possível a profissionalização da gestão, deixando que os herdeiros, permaneçam donos, proprietários, com direito a voto, mas sem gestão, se for o melhor caminho para manutenção do vínculo familiar e societário.

Há inúmeras possibilidades que podem ser aplicadas de acordo com cada realidade familiar e empresarial. Em pleno Século XI, precisamos conhecer, escolher, tentar, inovar, reinventar nossa forma de viver, principalmente, diante de um negócio de sucesso para que ele permaneça próspero e rentável.  Os desafios da governança familiar, caso sejam bem gerenciados, trarão consistência para as relações familiares e empresariais.

Melina Lobo é Conselheira de Administração e Advogada

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ARTIGO

Projetos de Michigan para o Brasil

A vila tem cerca de 30 famílias e 120 pessoas, todos nativos amazônicos que vivem na região de forma subsistente. Construída sobre palafitas, só é acessível por barco. Os moradores dedicam-se principalmente à pesca e à agricultura em pequena escala para o próprio sustento.

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Mario Eugenio Saturno é Professor Assistente da Escola de Teologia para Leigos São José de Anchieta da Diocese de Caraguatatuba, Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

A Universidade de Michigan divulgou dias atrás um relato do que seus estudantes estão fazendo em regiões isoladas do Brasil. São alunos do Pantanal Partnership, um clube estudantil da universidade.

Por várias semanas, esses estudantes de engenharia trabalharam com comunidades rurais em busca de soluções que melhorem suas vidas, como levar energia às escolas e projetar incineradores inovadores. Esses esforços têm como objetivo promover o ecoturismo.

Desde 2004, Ethan Shirley vive e trabalha, em alguns períodos do ano, em áreas naturais do Brasil. Em 2009, ele e outra ex-aluna, Julie Bateman, fundaram o Pantanal Partnership, que, desde então, trouxe 110 estudantes para o país.

E o primeiro destino dos estudantes neste ano foi a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, localizada a cerca de 600 km a oeste de Manaus, na confluência dos rios Solimões e Japurá. Nesta reserva vive um macaco uacari típico desta região, com um rosto vermelho brilhante que pode ser visto de longe, cauda curta, pelos brancos e comportamento tímido, esses grandes macacos atraem turistas do mundo todo.

Atualmente, a maioria dos alunos do Pantanal Partnership é da Escola de Engenharia. Eles têm experiência com a parte teórica, robôs complexos e métodos de fabricação para construir protótipos de última geração lá nos Estados Unidos. No Brasil, o objetivo é sempre encontrar projetos viáveis para as comunidades.

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Na Escola Primária da Vila Boca do Mamirauá, os estudantes são dispensados duas horas mais cedo, por volta das 10h30 por causa do calor, pois as salas de aula com paredes de tábua de madeira ficam muito quentes, de 25 °C a 35 °C, e com alta umidade, muitas vezes excedendo 80%, o que pode tornar a sensação de calor ainda mais alta.

A vila tem cerca de 30 famílias e 120 pessoas, todos nativos amazônicos que vivem na região de forma subsistente. Construída sobre palafitas, só é acessível por barco. Os moradores dedicam-se principalmente à pesca e à agricultura em pequena escala para o próprio sustento.

No ano passado, os estudantes de mestrado instalaram painéis solares no alojamento comunitário, ao lado da escola. Agora, trabalham com os habitantes locais para conectar a escola a painéis solares para uso diurno de luz, com ventiladores e bebedouros.

A próxima parada foi o Pantanal, em Poconé. Após um ano de planejamento e testes, construíram um incinerador em Poconé para eliminar de forma eficiente os resíduos sólidos. As comunidades queimam seu lixo em grandes fogueiras abertas, com um alto risco de propagação de incêndios florestais e problemas de saúde decorrentes dessas queimadas, os incineradores de barril metálicos restringem a propagação das cinzas, oferecendo uma solução para as comunidades.

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Outro projeto com painéis solares foi feito na Vila Aterradinho, também no estado de Mato Grosso. O grupo planejou instalar um sistema de energia solar em uma escola indígena rural e também a rede de internet Starlink.

Essas iniciativas ajudam a prevenir o êxodo rural e dar autonomia às pessoas em áreas que possam proteger melhor a natureza ao seu redor.

Mario Eugenio Saturno (fb.com/Mario.Eugenio.Saturno) é Professor Assistente da Escola de Teologia para Leigos São José de Anchieta da Diocese de Caraguatatuba, Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

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