Opinião

Planejar é preciso, ajustar o planejamento é ainda mais

O fato é que uma das premissas principais da ferramenta é que todos os integrantes da equipe saibam o que precisam fazer e o porquê de estarem fazendo determinada função, o que possibilita compreensão da tarefa e vai permitir a entrega da melhor performance. A construção dos OKRs cria uma visão compartilhada do que se deseja alcançar enquanto estratégia da empresa.

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Pedro Signorelli é especialista em gestão

Quantas vezes você já elaborou um planejamento fantástico, considerou todas as variáveis possíveis, externas e internas e, ainda assim, não conseguiu seguir com grande parte do que havia planejado? Com certeza, isso ocorre frequentemente, ainda mais nos tempos atuais, quando as mudanças são necessárias em um prazo de tempo cada vez menor.

Muitas empresas elaboram um planejamento anual, a fim de segui-lo, ao menos, como parte de um direcionamento para alcançar seus objetivos e metas. Até aí, é perfeito. O que não funciona mais é tentar descrever o que deverá ser feito e prever o que vai acontecer mês a mês. As variáveis são muitas e as mudanças cada vez mais frequentes.

Como gestores, sabemos que é preciso rever estratégias e processos que não funcionam. Esse tem que ser um exercício constante. O líder precisa estar atento às mudanças a sua volta e entender o que é preciso ajustar. Nesse sentido, Peter Drucker, o pai da gestão moderna, deixou quatro lições de gestão:

  • Treinamentos e ações para atualização constante;
  • Mudanças estratégicas e culturais na empresa;
  • Ambiente de diálogo e decisões bilaterais;
  • Incentivo para a colaboração entre equipes e mais autonomia.
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Esses pontos foram defendidos há décadas. Note que ele cita as atualizações constantes, mudanças e parceria com o time. Como defensor da gestão por OKRs – Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados) -, vejo nos apontamentos de Drucker, caminhos para uma administração de sucesso, que batem com o que estabelecem os OKRs, onde a avaliação constante de resultados e dos objetivos em ciclos mais curtos são uma regra, assim como o engajamento do time.

O fato é que uma das premissas principais da ferramenta é que todos os integrantes da equipe saibam o que precisam fazer e o porquê de estarem fazendo determinada função, o que possibilita compreensão da tarefa e vai permitir a entrega da melhor performance. A construção dos OKRs cria uma visão compartilhada do que se deseja alcançar enquanto estratégia da empresa.

Por vezes, a visão do que se quer alcançar é etérea, a ideia inicial se perde, como em um telefone sem fio. Muita água passa por debaixo da ponte entre o momento do planejamento do ano vigente e o mês de dezembro do ano seguinte, para o qual o planejamento está sendo construído. Existe muito mais um wishful thinking do que coisas concretas onde os colaboradores possam se agarrar.

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Acreditar que algo determinado em janeiro se manterá firme até dezembro, ou que a equipe não precisa conhecer a estratégia da empresa, é caminhar a passos largos para engrossar aquela triste estatística do Mapa de Empresas do Governo Federal, que mostra que 2.156.046 empresas fecharam em 2023, representando uma alta de 25% em relação a 2022. Mude, ainda dá tempo de salvar 2024 e fechar com resultado positivo.

Pedro Signorelli é especialista em gestão

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ARTIGO

PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação. 

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André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.

A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.

A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.

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A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.

Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.

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A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.

André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).

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