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Arroz em queda: excesso de oferta derruba preços e preocupa produtores para safra 2025/26

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Setor arrozeiro enfrenta crise com preços no menor nível em cinco anos

O mercado de arroz no Brasil atravessa uma das fases mais críticas da última década. Após uma safra recorde em 2024/25, os preços do grão acumularam queda superior a 50% em um ano, atingindo os menores patamares dos últimos cinco anos. A retração é resultado do excesso de oferta interna e da baixa competitividade internacional, fatores que vêm pressionando as margens dos produtores em todo o país.

Desde março, quando começou a colheita da safra 2024/25, as cotações caíram cerca de 35%, segundo dados do Radar Agro – Itaú BBA. Com a rentabilidade em queda, as expectativas para a safra 2025/26 indicam redução na área plantada e nos investimentos em tecnologia.

Governo lança pacote emergencial para apoiar o setor

Em resposta à crise, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou, em 22 de outubro, um pacote de R$ 300 milhões para ajudar a escoar até 630 mil toneladas de arroz. Os recursos, originalmente previstos para 2026, foram antecipados e aplicados por meio de três mecanismos:

  • Prêmio para Escoamento de Produto (PEP);
  • Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro);
  • Aquisições do Governo Federal (AGF).

As medidas foram acionadas porque o preço de mercado caiu abaixo do valor mínimo de R$ 63,64 por saca. Juntas, as operações de PEP e Pepro devem movimentar 500 mil toneladas, enquanto o AGF permitirá a compra de até 130 mil toneladas para formação de estoques públicos. O objetivo é reduzir o excesso de produto no mercado e dar liquidez imediata aos produtores.

Produção recorde pressiona preços e amplia estoques

A safra 2024/25 registrou produção recorde de 12,7 milhões de toneladas, um aumento de 21% em relação ao ciclo anterior. O avanço foi impulsionado pela expansão de 10% na área cultivada, pelas condições climáticas favoráveis e pelo ganho de produtividade.

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Contudo, a demanda interna não acompanhou o mesmo ritmo. Mesmo com preços baixos, o consumo subiu apenas 5%, alcançando 11 milhões de toneladas, o que levou à formação de estoques acima de 2 milhões de toneladas — quatro vezes mais que no ciclo anterior.

Para a próxima temporada, a Conab projeta uma queda de 10% na produção (para cerca de 11,5 milhões de toneladas) e uma redução de 5,7% na área plantada, reflexo da desmotivação dos produtores e da baixa rentabilidade do setor.

Exportações crescem, mas seguem abaixo do potencial

Entre janeiro e setembro de 2025, as exportações brasileiras de arroz somaram 857 mil toneladas, avanço de 9,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com a Secex. Mesmo assim, os embarques seguem abaixo dos níveis de 2022 e 2023, prejudicados pela valorização do real e pela concorrência internacional — especialmente dos Estados Unidos, que iniciaram colheita em agosto.

Com a alta recente do dólar, houve melhora na paridade de exportação, mas o cenário global ainda impõe desafios. A forte concorrência com o arroz americano e asiático limita a expansão dos embarques brasileiros.

Do lado das importações, o volume total até setembro foi de 810 mil toneladas, queda de 9% em relação a 2024. O Paraguai foi o principal fornecedor (72% do total), seguido pelo Uruguai (20%), com boa competitividade de preços dentro do Mercosul.

Produção global em alta mantém pressão sobre preços

O mercado internacional também enfrenta excesso de oferta. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial de arroz para 2025/26 deve atingir 541 milhões de toneladas, novo recorde histórico.

A Índia, maior exportadora global, lidera esse crescimento com previsão de 151 milhões de toneladas, seguida pela China e Bangladesh. As exportações globais devem alcançar 62,1 milhões de toneladas, aumento de quase 2% em relação ao ciclo anterior — movimento que mantém os preços internacionais em queda.

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Nos Estados Unidos, os preços recuaram 14% desde setembro, mesmo com menor produção local, devido aos altos estoques remanescentes. Na Ásia, o clima favorável indica colheitas robustas, sobretudo na Índia, que retoma exportações com força total e acentua a pressão sobre o mercado global.

Safra 2025/26 deve ter menor área e menor uso de tecnologia

Com o cenário desafiador, a Conab prevê uma redução significativa de investimentos para a próxima safra. A área plantada deve cair de 1,76 milhão para 1,66 milhão de hectares, enquanto o uso de insumos e tecnologia tende a diminuir, já que os produtores buscam reduzir custos.

O Rio Grande do Sul, responsável por mais de 70% da produção nacional, enfrenta atrasos pontuais no plantio devido às chuvas intensas na Fronteira Oeste e Campanha. Já a zona Sul do estado registra bom avanço nas lavouras.

Apesar da confirmação do La Niña, o fenômeno não deve trazer grandes riscos à safra, já que a maior parte das áreas é irrigada por inundação controlada. Mesmo assim, o equilíbrio entre oferta e demanda continuará frágil, com estoques previstos em 1,8 milhão de toneladas e exportações estimadas em 2,1 milhões.

Conclusão: recuperação depende do mercado externo

O setor orizícola brasileiro entra em 2026 em um período de incerteza, marcado por estoques elevados, baixo apetite comprador e concorrência internacional intensa. As medidas emergenciais da Conab trazem alívio temporário, mas o reequilíbrio estrutural do mercado ainda depende do desempenho das exportações e de uma recuperação nas margens de lucro.

Enquanto isso, produtores ajustam suas estratégias para enfrentar o próximo ciclo, em meio à expectativa de menor rentabilidade e margens mais apertadas.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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