Opinião

As preocupações da OCDE!

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Como todo sexagenário aposentado, à noite e em horário considerado nobre, também me sento à frente da TV para assistir as notícias vindas diretamente do gabinete do ódio, trazendo tudo o que é de mais abominável para alimentar a ira desenfreada de todos aqueles que arriscam, insanamente, no quanto pior melhor!

Curiosamente, não vejo referência elogiosa nenhuma ao que estamos conseguindo fazer de bom no meio desse inferno todo que estamos a viver, graças ao esforço incomensurável que está sendo feito!

A pandemia é, como não poderia deixar de ser, o assunto inesgotável do momento! Curiosamente, também, sobre esse grave assunto não vejo referência apreciativa sobre todos as pessoas que tiveram a graça, a felicidade e a sorte de terem a sua saúde recuperada, pelos esforços de todos aqueles profissionais que lá estão, diuturna e incansavelmente, cuidando dos enfermos do momento.

Mas, voltando aos telejornais, uma notícia me chamou especial atenção. Foi a que veio da Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico, mais conhecida como sendo OCDE, que demonstrou uma grande preocupação com a corrupção no Brasil!

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Falar em corrupção, nesse momento em nosso país, é desprezar tudo o que já tivemos a infeliz sorte de viver nas décadas mais recentes. Verdadeiras chagas éticas foram abertas no tecido social brasileiro, e não conseguiram preocupar, nem escandalizar e muito menos, chamar a atenção dessa importante organização.

Chama especial atenção o fato de a OCDE, que se considera importante e, até certo ponto, é responsável pelo desenvolvimento no mundo, não demonstrar preocupação desesperadora nenhuma com a intensidade dessa desgraça toda vinda do continente asiático e que está dizimando seres humanos indefesos, em todos os cantos do planeta.

Será que essa senhora OCDE, não sabe o que está se passando nesse nosso quadradinho, na infinitude do universo?  Será que a corrupção existente no Brasil é mais perversa do que o presente que recebemos dos amigos do Oriente?

Será que essa entidade se sente encantada por saber que quem inventou esse problema mundial já tinha insumos suficientes, à espera, para gerar soluções a todos os envolvidos na presente pandemia?

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Quero aproveitar e convidar essa agremiação a desviar os olhos do Ocidente e se dedicar mais a olhar para o que está acontecendo no Oriente.

Será que verão algo mais desesperador por lá?

Cícero Maia é professor

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ARTIGO

PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação. 

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André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.

A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.

A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.

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A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.

Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.

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A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.

André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).

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