DE EXEMPLO À FRACASSO
Campanha de vacinação contra coronavírus em Ceres é alvo de denúncias no Ministério Público e expõe falhas na gestão durante pandemia
Por Renato Violi, jornalista e nutricionista em formação
A Prefeitura de Ceres tinha de tudo para ser exemplo nacional no tratamento da Covid-19 já que possui um avançado sistema de medicina integrado, invejado por muitas cidades inclusive. Ceres é uma das poucas cidades do estado e por que não do país, que possui a maior quantidade de médicos para cada habitante, proporcionalmente. São mais de 200 profissionais para uma cidade que tem pouco mais de 22 mil habitantes, segundo o IBGE 2020.
Poderia, mas não foi e nem será exemplo. O que vimos nos últimos dias foi um show de horrores, com leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ocupados. Sabemos que Ceres é uma cidade polo em serviços, em especial o de saúde. Sendo considerada uma das principais alternativas para quem vem de outras partes de Goiás e até de outros Estados.
A situação se tornou ainda mais complicada com o início da imunização contra a Covid-19. Uma lista disponibilizada no portal da transparência do município entregou para a sociedade, de mãos sujas, os FURÕES de fila. Ora, mas “a Prefeitura de Ceres não tinha conhecimento dessa situação” uma vez que não fez a aplicação das vacinas. Ou seja, quem deveria fazer o controle como estabelece o Ministério da Saúde, não fez. Confiou na “boa fé” daqueles que amplamente – em sua maioria – criticaram a vacina, dando-a nomes pejorativos, duvidando inclusive de seu potencial, visto que foi feita num período curto demais.
Pasmem! Das 876 doses do imunizante destinadas ao município, apenas 10 foram aplicadas em idosos do lar dos Vicentinos. Só 10 doses! A cidade não tem nenhum idoso com idade acima de 85 anos, pelo visto. As informações estão lá, na lista da prefeitura. E nem precisamos de muito tempo para contar. “Essa falsificação de registros como se fossem servidores do hospital, pessoas conhecidas na cidade, são parentes de médicos, parentes lá de pessoas do hospital, até servidores públicos estaduais, registrados de última hora como se fossem agentes à serviço da saúde, quando na verdade não são”, pontuou o promotor de justiça Marcos Alberto Rios.
O que mais gerou espanto é que boa parte desses COVARDES que repudiavam a “VaChina” não perderam a oportunidade de se proteger. A arminha não funcionou, a corrupção bateu na porta e a consciência com medo da Covid-19 foi embora.
Como Ceresino, senti vergonha. Me senti lesado, a ponto de não me calar e nem permitir que essa injustiça continue. O próprio Ministério Público, depois de receber a tal lista, se posicionou de forma positiva. Segundo o promotor Marcos Alberto Rios, este é um crime e que deve sim ser investigado e punido. O Ministério Público inclusive já anunciou que pedirá a prisão dos envolvidos, cuja pena varia de 2 a 12 anos, sejam eles os vacinados ou quem permitiu a aplicação da vacina. Outra alternativa é o pagamento de uma multa estipulada em R$50 mil. Pouco, diante de tamanha hipocrisia.
“Os velhinhos da cidade, pessoas de 90 anos, de 86 anos, de 89 anos, não receberam a vacina. E vimos jovens aí, pessoas novas usando desse estratagema, desse artifício para conseguir burlar as regras do jogo e conseguir a vacina” conclui Rios. Eu tenho dó. Dó do ser humano que fez e faz isso. Justiça terrena seja feita e a divina também!
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ARTIGO
PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.
A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.
A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.
A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.
Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.
André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).
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