CNA faz balanço positivo e prevê crescimento do PIB
O PIB do Agronegócio deve crescer em 2025, mas os cenários externo e interno (política fiscal, câmbio, inflação e taxa Selic) são desafiadores para os produtores rurais brasileiros. O prognostico é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em seu balanço do agro 2024 apresentados em uma coletiva de imprensa, na quarta (11.12).
A CNA avaliou que o avanço do PIB (que pode chegar a 5% em 2025) será impulsionado pelo aumento da produção primária agrícola, com destaque para os grãos, e pelo crescimento da indústria de insumos e da agroindústria exportadora.
No mercado externo, ainda que a conclusão das negociações do acordo Mercosul-União Europeia tenha sido anunciada na primeira semana de dezembro, o cenário continuará desafiador e conturbado com o acirramento nas tensões entre as principais economias mundiais, e com as sanções do próprio bloco europeu aos produtos agropecuários brasileiros por meio de medidas como a Lei Antidesmatamento (EUDR).
Dólar – Outra preocupação apontada pela Confederação para o próximo ano é em relação à valorização do dólar que, apesar de favorecer as negociações antecipadas das principais commodities agrícolas, pressiona os custos de insumos, como fertilizantes e pacotes tecnológicos, para o produtor brasileiro, por serem, em boa parte, importados.
Selic – Segundo avaliação da CNA, a condução da política monetária será um desafio em 2025. Frente aos desafios fiscais e às expectativas inflacionárias, é esperada a manutenção da taxa Selic em patamar elevado, com projeção de 13,50% ao final do próximo ano. Juros altos impactarão negativamente as concessões de crédito em 2025.
Inflação – A respeito da inflação, a entidade projeta desaceleração nos preços dos alimentos, com alta de 5,75% em 2025, comparada a 8,49% em 2024, devido à recuperação da safra agrícola. O Índice de preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve arrefecer para 4,59% ao ano, ficando acima do teto da meta de inflação de 4,50% para o ano que vem.
Crédito e seguro – Para a Confederação, a política agrícola brasileira deve encontrar no orçamento público desafios a serem superados em 2025. O agro precisará se organizar para fortalecer a gestão de riscos, manter o crescimento das fontes alternativas de financiamento, como o mercado de capitais, e adotar estratégias que assegurem a sustentabilidade econômica diante do aumento nos custos de produção.
O orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) não deve sinalizar aumento para o próximo ano. O recurso previsto de R$ 1,06 bilhão é insuficiente diante da demanda do setor por R$ 4 bilhões. No entanto, o agro aposta em novas alternativas para modernizar o seguro, como o Projeto de Lei 2.951/2024, que traz mudanças no Fundo Catástrofe e outros pontos que devem consolidar a ferramenta.
VBP – Neste ano, o Valor Bruto da Produção está estimado em R$ 1,34 trilhão, o que representa um leve aumento de 0,3% em relação ao ano anterior. O resultado é puxado pela receita agrícola de R$ 886,55 bilhões, mesmo com redução projetada de 2,5%. Já a receita pecuária deve crescer 6,2%, atingindo R$ 453,3 bilhões.
Para 2025, a expectativa é de crescimento de 7,4% comparado a 2024, totalizando uma receita de R$ 1,43 trilhão. O segmento agrícola deve alcançar R$ 937,55 bilhões, mostrando a recuperação da produção após a quebra de safra em 2024. Já o VBP da pecuária deve crescer 9,2%, alcançando R$ 495,13 bilhões, com destaque para a bovinocultura de corte, que deve registrar, puxada pelos preços, crescimento de 20,9%.
Agricultura – Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa para a safra de grãos 2024/2025 é de um recorde de 322,53 milhões de toneladas, alta de 8,2% ou 24,6 milhões de toneladas em relação à safra 2023/24. A projeção reflete uma pequena elevação na área plantada (+1,9%) e recuperação da produtividade média.
Pecuária – A produção nacional de leite deve crescer 1,5% em 2025, resultado da desaceleração econômica e das importações do produto que bateram recorde no início de 2024. A alimentação concentrada mais acessível para os animais deve contribuir para esse aumento modesto da produção.
Já para a produção de carne bovina, a projeção é de queda de 3,3%, em razão da virada do ciclo pecuário. O consumo interno no próximo ano também deve ter redução de 1,5%. Entretanto, o cenário é positivo para as exportações, com previsão de aumento de 1,8% no volume embarcado de carne bovina em 2025, na comparação anual.
De forma geral, o câmbio em alta vai influenciar positivamente as exportações de proteínas animais, mas impactará diretamente nos custos de produção da pecuária para os insumos importados. A redução na produção de carne bovina, associada à exportação em alta, deve sustentar os preços em 2025. Nesse cenário, a carne de frango deve ganhar espaço na cesta de compra dos brasileiros.
Logística e infraestrutura – O Brasil começa a direcionar esforços para explorar suas vias navegáveis, após a criação da Secretaria Nacional de Hidrovias e Navegação e o lançamento do Plano Geral de Outorga Hidroviária. A realização dos estudos para a outorga dos rios Tapajós, Barra do Norte, Tocantins, Paraguai e da Lagoa Mirim é aposta do país para alavancar o transporte hidroviário, que historicamente é subutilizado.
O lançamento do Marco Regulatório dos Rios ou BR-dos-Rios estabelecerá regras para a gestão dos rios no Brasil e criará fundos setoriais, com incentivos para a aquisição de embarcações e construção de terminais.
O setor ferroviário também será protagonista em 2025. A Ferrovia Transnordestina receberá aporte de R$ 3,6 bilhões do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNDE), administrado pelo Banco do Nordeste, com conclusão prevista em 2026. O leilão da Ferrogrão no 2º semestre pode sair do papel, mas dependerá exclusivamente de liberação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Meio ambiente – A análise do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o cumprimento do Código Florestal permanecerão como problemas crônicos em alguns estados em 2025. Na visão da CNA, são questões que precisam de soluções estruturantes urgentes para que se possa demonstrar a sustentabilidade da produção agropecuária brasileira.
Comércio exterior – O cenário geopolítico no próximo ano traz tensões, oportunidades e transformações globais. O principal fator de mudança será determinado pelo mandato de Donald Trump nos Estados Unidos. As medidas propostas para a economia americana terão alto grau de influência sobre o cenário global em aspectos cambiais, políticos e macroeconômicos.
Do outro lado do Atlântico, na Europa, a propagação de informações falsas sobre a qualidade de produção de alimentos, especialmente das carnes do Brasil e dos demais países do Mercosul, fez com que algumas empresas anunciassem um boicote às compras de produtos nacionais, o que gerou uma forte reação do setor privado brasileiro e que seguirá como prioridade na avaliação de ações legais de compensação em 2025.
A China, o principal mercado do Brasil, enfrenta redução no crescimento econômico devido à demanda interna e à alta capacidade ociosa. O país tem buscado nas exportações uma saída para escoar sua produção, mas as tarifas dos Estados Unidos tornam essa estratégia menos viável.
Apesar dos esforços em se manter menos dependente do fornecimento externo de grãos, o mercado chinês ainda não consegue atingir a autossuficiência na produção, já que a disponibilidade de terras agricultáveis e de água para uso agrícola são baixas.
Por fim, são esperadas novas orientações e esclarecimentos na implantação da Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR), enquanto países produtores e exportadores de alimentos se organizam em torno de uma coalização internacional para enfrentamento de barreiras climáticas que impactam comércio e desrespeitam legislações nacionais.
Balanço 2024 – Em 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio pode apresentar aumento de até 2%, revertendo a tendência de retração do indicador. A melhora nos preços de alguns produtos agropecuários, sobretudo da cadeia da bovinocultura de corte deve reverter a tendência de queda que era observado até alguns meses atrás.
Neste ano, o ciclo de aperto monetário elevou a taxa Selic, pressionou o custo de equalização do crédito rural e aumentou as taxas de juros com recursos livres. Com o avanço da inflação, o IPCA deve encerrar o ano acima do teto da meta de 4,50%.
No Brasil, o comércio internacional de produtos do agro ficou estável, em valor e volume, se comparado com o ano passado. Até novembro, foram exportados US$ 152,6 bilhões em bens derivados do setor, variação negativa de apenas 0,3% em relação ao mesmo período de 2023. A estimativa é que o valor alcance cerca de US$ 166 bilhões até o fim do ano. A participação do agronegócio na pauta das exportações também esteve em patamares parecidos com 2023, figurando em 49%.
Fonte: Pensar Agro
Agronegócio
Industrialização é fundamental para agregar valor ao agro e impulsionar economia brasileira
O Brasil caminha para um avanço importante em sua industrialização, com foco na capacidade de esmagamento de soja e na produção de biodiesel, setores estratégicos para o agronegócio e a economia nacional.
Até 2027, novos investimentos devem elevar a capacidade instalada de esmagamento de soja no país dos atuais 59,8 milhões de toneladas em 2024 para 72,1 milhões de toneladas, um crescimento significativo de 12,3 milhões de toneladas anuais.
Esse salto se deve a 13 novos projetos, que incluem a construção de plantas e expansões industriais, com investimentos estimados em R$ 11,3 bilhões até 2027. A capacidade adicional será de 11,1 milhões de toneladas por ano, representando um marco importante na transformação de matérias-primas em produtos com maior valor agregado, como farelo e óleo de soja.
De acordo com Isan Rezende (foto) , presidente do Instituto do Agronegócio (IA), os investimentos refletem o compromisso do setor em agregar valor à produção agrícola. “A industrialização é essencial para o Brasil se consolidar como uma potência agroindustrial. Transformar a soja aqui dentro gera emprego, movimenta a economia e traz mais competitividade para o produtor rural”, destacou.
Um dos principais motores desse movimento industrial é a crescente demanda por biodiesel, impulsionada pela nova lei “Combustível do Futuro”, que prevê aumentos graduais na mistura de biodiesel ao diesel comercializado no país. Atualmente em 14% (B14), a mistura deve alcançar 17% (B17) até 2027, conforme projeções do setor.
Esse avanço no teor de biodiesel exigirá maior processamento de óleo de soja, cuja demanda deve crescer de 5,9 milhões de toneladas em 2024 para 7,9 milhões de toneladas em 2027, um aumento expressivo de 34%. Como consequência, espera-se que o consumo de biodiesel no Brasil passe de 9,3 bilhões de litros em 2024 para 12,3 bilhões de litros em 2027, acompanhando a alta no consumo de diesel, projetado em 72,9 bilhões de litros até 2027.
Esse cenário beneficia a cadeia produtiva da soja, pois reduz a dependência das exportações de óleo bruto e estimula a produção de biodiesel e farelo, agregando valor ao produto final.
Impacto na exportação e desafios regionais
Apesar dos avanços industriais, o Brasil continuará com excedentes exportáveis de soja em grão. No entanto, algumas regiões, como Pará, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás, podem registrar queda no volume exportado devido ao aumento do esmagamento interno. Em contrapartida, estados como o Mato Grosso deverão se destacar pelo aumento da oferta de grãos, com projeção de crescimento no excedente exportável de 9,9 milhões de toneladas até 2027.
Além disso, o aumento do processamento interno trará desafios relacionados ao farelo de soja, subproduto do esmagamento. A produção brasileira deve saltar de 42,5 milhões de toneladas em 2024 para 49,2 milhões de toneladas em 2027, gerando um excedente significativo. Mesmo com o crescimento das exportações e do consumo doméstico, espera-se um aumento nos estoques do produto.
A industrialização é fundamental para que o Brasil aproveite ao máximo seu potencial produtivo, ampliando sua participação em cadeias de valor globais e fortalecendo o mercado interno. A transformação da soja em produtos como farelo, óleo e biodiesel gera maior retorno econômico, cria empregos qualificados e impulsiona o desenvolvimento de regiões produtoras.
Para Isan Rezende, o setor agroindustrial tem papel central no futuro econômico do país. “Precisamos continuar investindo em infraestrutura e industrialização. A soja é um dos pilares do nosso agronegócio, mas agregar valor internamente fortalece nossa posição global e traz benefícios diretos para toda a economia brasileira”, afirmou.
Com o aumento da capacidade instalada e a valorização de produtos industrializados, o agronegócio brasileiro se mostra mais uma vez como um motor de crescimento, combinando eficiência no campo e inovação industrial para garantir a liderança global do Brasil no mercado de alimentos e combustíveis renováveis.
Rezende reforça a importância dos investimentos em industrialização para fortalecer a cadeia produtiva nacional. “O Brasil já é uma referência mundial na produção de soja, mas precisamos ir além da exportação de grãos. A industrialização não apenas agrega valor, como também amplia oportunidades de emprego, gera renda no interior do país e garante mais competitividade no mercado global. Esse é o caminho para consolidar o agro como motor do desenvolvimento econômico”, destacou.
O presidente também ressaltou a relevância dos subprodutos da soja no contexto da transição energética. “O aumento da demanda por biodiesel representa uma grande oportunidade para o setor. Produzir mais óleo de soja e farelo internamente significa menos dependência de importações de combustíveis fósseis e um melhor aproveitamento da nossa matéria-prima. É um cenário onde todos ganham: o produtor rural, a indústria e o consumidor brasileiro”, concluiu.
Fonte: Pensar Agro
- CIDADES7 dias atrás
Anápolis: Estudante de medicina é encontrado morto pelos pais em apartamento
- PLANTÃO POLICIAL7 dias atrás
Em Goiás, MPGO e PRF desarticulam organização criminosa que comercializava rebite; Cerca de meio milhão de comprimidos foram apreendidos; Assista
- Acidente2 dias atrás
Acidente com cinco vítimas é registrado em Goianésia; Assista
- VALE DO SÃO PATRÍCIO4 dias atrás
Ceres: Incêndio atinge veículos na garagem da Cifensa; Assista
- Acidente5 dias atrás
Motorista morre após perder o controle do carro e bater em árvore na GO-164
- Acidente5 dias atrás
Motociclista morre e garupa fica gravemente ferido na BR-153; Assista
- CIDADES4 dias atrás
Bombeiros em Ceres controlam incêndio de grandes proporções na Cifensa; Assista
- PLANTÃO POLICIAL7 dias atrás
Em Goiás, autônomo confessa que estuprou cunhadas com deficiência física e mental após uma delas engravidar