Opinião

Como foi o primeiro semestre de 2024 para as startups?

Você deve estar se perguntando: por que digo que as startups não estão tão bem quanto antes? Acredite, não tirei essa informação do nada. Segundo dados de um estudo que foi realizado em 2021, pela Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity (ABVCAP) e pela consultoria KPMG, houve um recorde de captação para as startups brasileiras, que receberam US$ 9,7 bilhões em aportes.

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Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão,

Já faz algum tempo que as startups, de maneira geral, não estão na melhor fase, passando por algumas dificuldades e experienciando um período conhecido como ‘inverno das startups’. Porém, será que diferente de nós, que vivenciamos atualmente a estação do inverno no nosso país, as startups conseguiram voltar a dar alguns sinais de otimismo para se aquecerem e sair desse frio?

Você deve estar se perguntando: por que digo que as startups não estão tão bem quanto antes? Acredite, não tirei essa informação do nada. Segundo dados de um estudo que foi realizado em 2021, pela Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity (ABVCAP) e pela consultoria KPMG, houve um recorde de captação para as startups brasileiras, que receberam US$ 9,7 bilhões em aportes.

Esse número foi extremamente positivo e ajudou a alavancar bastante o setor. No entanto, essas fontes de investimento destinadas às startups diminuíram de forma significativa nos dois anos seguintes. Inclusive, 2023 teve o pior resultado registrado desde 2018, com “apenas” US$ 1,9 bilhão. Ou seja, a conjuntura mudou e as startups começaram a passar por diversos tipos de problemas.

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Por outro lado, o primeiro semestre de 2024 se mostrou melhor do que os anos anteriores e pode servir como esperança para determinados nichos de startups, sendo uma luz no fim do túnel. Após quedas de juros e um equilíbrio no preço de oferta das empresas no mercado, receber investimentos se torna mais propício e mais viável, pois aumenta o interesse dos investidores.

Porém, essa boa fase ainda não se aplicará para todas as startups. Por enquanto, empresas que estão ligadas à inteligência artificial são as escolhidas para receberem investimentos. Afinal, apesar do tema polêmico, a IA continua e vai seguir em alta, e possui grande destaque, além da demanda estrutural por tecnologia não só no país como no mundo, que acaba necessitando cada vez mais de recursos tecnológicos.

De acordo com dados de estudo realizado pelo Distrito, que fez o mapeamento de mais de 1.000 startups, a inteligência artificial é a tecnologia com maior representatividade entre os players da indústria de inovação, tendo grande notoriedade na América Latina. Ou seja, isso só prova que de fato é a área com mais força no momento e por essa razão, tende a receber investimentos, principalmente no segundo semestre de 2024.

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Para os investidores, os OKRs – Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados) -, deveriam ser um conhecimento básico esperado das pessoas envolvidas nas startups, mas essa não é uma verdade. E especialmente para as que já estão em estágio mais avançado, com mais pessoas trabalhando, os desafios de priorização e comunicação se multiplicam enormemente, o que faz com que derrapem mais facilmente em busca do seu lugar ao sol.

O fato é que investir na ferramenta não é um gasto a mais, muito pelo contrário, é uma redução no risco do investimento, além de trazer a viabilidade (ou não) do produto para um horizonte mais próximo de hoje. O investidor vai saber antes se a tese da sua startup é válida ou não. E, com certeza, neste ponto, tempo é dinheiro.

Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão

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ARTIGO

PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação. 

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André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.

A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.

A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.

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A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.

Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.

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A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.

André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).

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