Opinião
Complexidades Neuropsicológicas e Interpessoais do Transtorno de Personalidade Narcisista: Uma Análise Integrativa
A compreensão da etiologia e manifestações comportamentais associadas ao Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN) necessita de uma exploração multidisciplinar, abrangendo desde neurociências até a genética comportamental. Os mecanismos cerebrais subjacentes ao narcisismo são complexos, envolvendo múltiplas regiões e circuitos neuronais.
- Regiões Cerebrais e Sub-Regiões Associadas ao Narcisismo: Estudos de neuroimagem têm identificado que indivíduos com TPN exibem peculiaridades em várias regiões do cérebro, particularmente no córtex pré-frontal (CPF), área associada à modulação de comportamentos sociais e tomada de decisão (Schulze, Dziobek & Vater, 2013). Além disso, a insula anterior e o córtex cingulado anterior, cruciais para a empatia e processamento emocional, apresentam alterações funcionais e estruturais nesses indivíduos (Rilling et al., 2008).
- Genética e Neurotransmissores: A literatura sugere que variantes genéticas, especialmente aquelas relacionadas aos sistemas dopaminérgico e serotoninérgico, podem influenciar traços narcisistas. Por exemplo, o gene receptor da dopamina D4 (DRD4) tem sido associado à busca de novidade, um traço frequentemente elevado em narcisistas (Benjamin et al., 1996). Quanto aos neurotransmissores, alterações nos níveis de serotonina têm sido implicadas na regulação de impulsividade, uma característica proeminente no TPN.
- Tipos de Neurônios Envolvidos: O papel dos neurônios espelho, localizados principalmente no CPF e no lobo parietal inferior, é crítico no desenvolvimento de capacidades empáticas, sendo que disfunções neste sistema podem contribuir para os comportamentos narcisistas observados (Rizzolatti & Craighero, 2004).
Em relação à dinâmica relacional com indivíduos narcisistas, as estratégias de manipulação e controle são frequentemente utilizadas para manter a autoestima inflada. Quando uma “vítima” começa a perceber e resistir a estas táticas, sua utilidade para o narcisista pode diminuir significativamente. Conforme a literatura, narcisistas são propensos a abandonar relações quando estas deixam de ser benéficas, adotando uma postura adaptativa que pode ser vista como camaleônica (Buss & Shackelford, 1997). Esta adaptabilidade permite que eles rapidamente encontrem um novo “suprimento” para suas necessidades emocionais e de autoestima.
Entretanto, a literatura também adverte sobre as possíveis represálias que narcisistas podem empregar contra indivíduos que os desmascaram. A projeção e manipulação continuam a ser mecanismos de defesa utilizados para desacreditar e retaliar contra aqueles que eles percebem como ameaças (Twenge & Campbell, 2003).
Portanto, enquanto um narcisista pode de fato permitir que uma vítima vá embora ao perceber que sua manipulação não é mais eficaz, as consequências e dinâmicas subsequentes são variáveis e dependem do contexto específico e da resiliência do narcisista frente às mudanças em suas relações interpessoais.
A relação entre narcisismo e comportamento interpersonal é complexa, pois envolve tanto a manipulação ativa quanto reações defensivas a percepções de ameaça ou rejeição. Narcisistas frequentemente apresentam um padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia, o que complica suas interações sociais. A capacidade de um narcisista de ‘deixar ir’ uma vítima não é apenas uma decisão consciente, mas também é influenciada por esses traços intrínsecos.
As repercussões dessa dinâmica são significativas, pois enquanto a vítima pode ser libertada do ciclo de abuso, o narcisista pode já estar procurando outras fontes de suprimento narcísico. Esta busca é muitas vezes impulsiva e visa preencher o vazio deixado pela perda do suprimento anterior, levando a um ciclo contínuo de relacionamentos superficiais e manipulativos (Campbell & Foster, 2002).
Mecanismos Neuropsicológicos Adicionais
A investigação do TPN e suas manifestações pode beneficiar-se de uma abordagem integrativa que considera tanto os aspectos neuropsicológicos quanto os comportamentais. O equilíbrio entre neurotransmissores, a função de regiões cerebrais específicas, e a expressão de genes relacionados são todos aspectos que contribuem para o comportamento narcisista. Por exemplo, estudos demonstram que a diminuição da atividade na insula pode reduzir a capacidade de processar e responder a emoções negativas, o que pode explicar a falta de empatia vista em narcisistas (Chester et al., 2016).
Além disso, os narcisistas podem exibir uma ativação aumentada do sistema de recompensa cerebral, especialmente em resposta à admiração e sucesso percebido, o que reforça comportamentos de busca de status e manipulação (Pincus & Lukowitsky, 2010).
Implicações Clínicas e Terapêuticas
Dado o impacto do narcisismo nas relações pessoais e o potencial de comportamento destrutivo, é crucial para os profissionais de saúde mental desenvolver estratégias de intervenção eficazes. Terapias focadas em mindfulness, regulação emocional, e o desenvolvimento de empatia podem ser benéficas. Além disso, abordagens terapêuticas que promovem a conscientização dos próprios limites e impactos do comportamento, como a terapia comportamental dialética, podem ser particularmente úteis para indivíduos com TPN (Bateman & Fonagy, 2010).
Conclusão
O narcisismo é um traço de personalidade multifacetado com profundas implicações neuropsicológicas e sociais. Embora um narcisista possa ‘deixar ir’ uma vítima quando percebe que não pode mais manipulá-la ao seu favor, as complexidades associadas ao TPN sugerem que as estratégias de manipulação e busca de suprimento podem ser rapidamente direcionadas para outros alvos. É essencial que continuemos a desenvolver uma compreensão mais profunda dessas dinâmicas para melhor intervir e apoiar tanto narcisistas quanto suas vítimas potenciais.
Dr. Fabiano de Abreu é neurocientista
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ARTIGO
Colaboradores desmotivados não entregam bons resultados
De acordo com dados fornecidos pela Gallup, uma empresa de pesquisa de opinião dos Estados Unidos, cerca de 61% dos trabalhadores não se sentem engajados no emprego em que estão. Além disso, o estudo da consultoria de gestão Bain & Company afirma que um colaborador que está desmotivado pode ser 125% menos produtivo do que aqueles que se sentem engajados e inspirados.
Falar sobre ‘motivação’ no ambiente de trabalho sempre gera discussão, afinal, as pessoas podem se sentir motivadas por motivos diferentes e únicos, o mesmo vale para quando começam a se sentir desmotivadas também. Porém, existem situações que não são mais aceitáveis como propulsores de motivação e que os donos, gestores e líderes deveriam repensar totalmente antes de insistirem em continuar implementado.
E com ‘situações que não são mais aceitáveis’, estou me referindo a instalação de alguns itens que considero pura distração e que se analisarmos friamente, não acrescentam de nada para que um colaborador se sinta mais motivado ou não. Seja sincero: você acha que ter um escorregador, uma mesa de ping-pong ou até mesmo um vídeo game são fatores motivacionais? Esses itens me parecem mais para distração do que para motivação.
Existem milhares de coisas que podem ser oferecidas que promoveriam de fato motivação, e a principal é: condições de trabalho adequadas. As pessoas querem que o ambiente de trabalho seja um local que preze pelo bem-estar delas e que forneça todas as ferramentas necessárias para que possam exercer suas funções de maneira correta para atingir o resultado final. Pois é, mesmo repetindo várias vezes, parece que continuamos sem acreditar que colaboradores desmotivados não entregam bons resultados.
De acordo com dados fornecidos pela Gallup, uma empresa de pesquisa de opinião dos Estados Unidos, cerca de 61% dos trabalhadores não se sentem engajados no emprego em que estão. Além disso, o estudo da consultoria de gestão Bain & Company afirma que um colaborador que está desmotivado pode ser 125% menos produtivo do que aqueles que se sentem engajados e inspirados.
Então, a pergunta que não quer calar: como manter o time motivado? Os OKRs – Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) -, podem ajudar bastante, pois priorizam as pessoas em diversos âmbitos e não, não é papo de abraçar árvores. Ao colocar os colaboradores para participar dos processos e fazer com que saibam como estão impactando a empresa, os OKRs incentivam que o potencial existente seja explorado, fazendo inevitavelmente com que sejam mais produtivos.
Aliado a isso, a ferramenta propõe o aumento da clareza e do foco, o que vai fazer com que os integrantes da equipe consigam enxergar o que precisa ser feito e o que eventualmente precisa ser melhorado, ficando todos na mesma página. Isso provoca a melhoria do clima da organização, já que os colaboradores passam a ter autonomia para dar ideias e também tomar decisões, fazendo um bom trabalho em equipe e estando em sintonia com os líderes.
A verdade é que além das boas condições de trabalho que precisam ser oferecidas, a real motivação está ligada ao reconhecimento dos colaboradores por parte da liderança, que a partir do momento que passa a enxergar aquelas pessoas e estimular que se desenvolvam, veem uma mudança de comportamento. Afinal, todos nós queremos ser reconhecidos pelo o que fazemos, tendo recompensas positivas ao conseguir entregar bons resultados.
Quer ver melhores resultados na sua organização, pessoas mais satisfeitas e felizes? A resposta é simples: comece organizando seu sistema de gestão
Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão
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