Um  vídeo amador divulgado em uma rede social durante o último final de semana mostra cenas em que supostamente pessoas ligadas ao Grupo Privé, importante conglomerado de empresas de  Caldas Novas, invadem a sede da TV Gazeta GO. Nas imagens é possível observar que a porta de vidro da empresa é quebrada e que mobiliários e equipamentos foram retirados violentamente do imóvel. A postagem do vídeo já teve quase 1,5 mil compartilhamentos e mais de 30 mil visualizações.

Para o fato existem duas versões que serão apuradas pela Polícia Civil e possivelmente pelo Poder Judiciário, já que existem cenas e denúncias fortes sobre um suposto atentado à liberdade de imprensa.

Contra a emissora, os autores das cenas apresentaram notificações extrajudiciais – sem valor judicial, mas que registram em cartório atos que podem ser avaliados em um processo judicial.

Adão dos Reis Gonçalves, proprietário do grupo empresarial que mantém a TV Gazeta GO, jornal impresso diário de mesmo nome e a Rádio Gospel FM 104.9 de Caldas Novas, conta que na manhã do dia 2, sexta-feira da semana passada, foi surpreendido com a informação que pessoas ligadas ao grupo político que comanda a cidade, estavam na porta de sua emissora para retirá-la do ar.

Adão afirma que naquele dia a emissora exibia programação gravada e estava fechada em virtude do feriado. “Comuniquei aos meus advogados, os quais foram de imediato para a porta da emissora. Ao constatar que realmente os representantes do prefeito de Caldas Novas e do deputado estadual Marquinhos do Privé estavam dispostos a arrombar a porta da emissora, os advogados chamaram a polícia, a qual compareceu e aconselhou os mesmos a não invadir a emissora”, relata.

Adão diz que nas gravações feitas por celulares de funcionários do Grupo Exata podem ser constatados que os funcionários da TV Gazeta GO teriam sido “obrigados a desligarem equipamentos coagidos sob ameaça de arma de fogo”.

Segundo ele, também seria possível perceber pelas conversas entre os funcionários do Grupo Privé que “o motivo da ação é pelo fato das emissoras e jornal estarem fazendo matérias ‘negativas’ contra a administração do prefeito Evandro Magal”.

DEFESA

O Grupo Privé, ligado ao deputado estadual Marquinhos do Privé e a políticos que governam a cidade, divulgou nota à imprensa, na qual classifica o fato como “lamentável episódio” e afirma que o ocorrido foi devido à “busca do patrimônio do Grupo Privé, que encontrava-se indevidamente em posse do Grupo Exata”.

Na nota, o grupo alega que uma de suas empresas transferia recursos no valor integral dos gastos gerados com a transmissão da emissora, mas que os valores não estavam sendo devidamente repassados pelo Grupo Exata à fundação que cedeu os direitos de concessão de exploração dos serviços de radiodifusão, o que teria acarretado a interrupção da parceria entre os grupos empresariais Privé e Exata.

Ainda, o Grupo Privé relata que teria entrado em contato com responsável pelo Grupo Exata, Adão dos Reis Gonçalves, e solicitado a restituição de todos os maquinários, equipamentos, mobiliários e veículo, que se encontravam em poder do grupo de comunicação. “No primeiro momento ele se prontificou a entregar, todavia, em ocasião da retirada dos mesmos, proibiu efusivamente qualquer acesso às dependências”, diz a nota. O grupo empresarial ligado ao deputado declarou que quer “punição rigorosa e exemplar, tanto para os golpistas, como para aqueles que denegriram o bom nome do Grupo Privé”.

A reportagem não conseguiu contato com telefônico com o parlamentar citado.