Opinião
Desafios da Governança Familiar
É preciso coragem para olhar para dentro da empresa familiar e verificar se há o desejo de manter o vínculo societário. É necessária maturidade do fundador para ouvir e acolher as escolhas de cada herdeiro. É possível a profissionalização da gestão, deixando que os herdeiros, permaneçam donos, proprietários, com direito a voto, mas sem gestão, se for o melhor caminho para manutenção do vínculo familiar e societário.
Estamos cada vez mais longevos, ativos e dinâmicos. Essa realidade está presente em toda a sociedade e, notadamente, nas empresas. O sonho da aposentadoria precoce não é de todos e há muitos que querem permanecer trabalhando ao longo de toda a vida, principalmente se são os fundadores de um negócio de sucesso.
Assim, as empresas familiares possuem um grande desafio: planejar e organizar a sucessão!
Quanto mais ativo e dinâmico o fundador, mais desafiador o processo de sucessão, pois permanecer no trabalho é elemento para a própria definição de sua identidade como ser humano produtivo e colaborativo.
No entanto, a sucessão é apenas a ponta de um grande iceberg. Um olhar mais profundo indica outros desafios de mesmo grau de importância. São eles: inovação, remuneração e comunicação. Para o sucesso e durabilidade do empreendimento, é necessária a conjugação de todos esses desafios.
Estamos o tempo todo negociando uns com os outros, inovando para não estarmos fora do mercado e buscando a remuneração necessária para sustentar nosso estilo de vida. Além disso, todos nós morreremos um dia e teremos que passar nosso bastão adiante.
E o pior é que essa difícil combinação de atitudes positivas deve ser tomada em um ambiente de grande complexidade, pois a dinâmica das sociedades familiares envolve questões de ordem emocional, legal, patrimonial e administrativa.
Nessas ocasiões, não basta apenas o conhecimento, a experiência de vida e o sucesso financeiro do negócio, mas elevado grau de maturidade e flexibilidade, de saber lidar com perdas: de poder, de identidade e, às vezes, de lucros imediatos.
Mas os desafios não precisam, necessariamente, serem dolorosos. Há formas de organizar e priorizar cada desafio a seu próprio tempo, tais como o acordo de acionistas, a instauração do conselho de administração ou consultivo e a profissionalização da gestão através de sistemas de governança corporativa.
A racionalidade da economia e das finanças não é suficiente para um saudável processo de enfrentamento desses desafios da governança familiar. Devem ser levados em consideração os sentimentos que estão presentes na vida das pessoas e das empresas, notadamente as relações familiares.
Considere-se, ainda, que da segunda geração em diante, na sociedade familiar, há sócios que não se escolheram mutuamente e pode, simplesmente, não estar presente o desejo de manter o vínculo societário. Para uma sobrevivência saudável das empresas, é necessária a existência do que o direito define como “affeccio societatis”, ou seja, a afeição, o desejo de permanecer junto.
É preciso coragem para olhar para dentro da empresa familiar e verificar se há o desejo de manter o vínculo societário. É necessária maturidade do fundador para ouvir e acolher as escolhas de cada herdeiro. É possível a profissionalização da gestão, deixando que os herdeiros, permaneçam donos, proprietários, com direito a voto, mas sem gestão, se for o melhor caminho para manutenção do vínculo familiar e societário.
Há inúmeras possibilidades que podem ser aplicadas de acordo com cada realidade familiar e empresarial. Em pleno Século XI, precisamos conhecer, escolher, tentar, inovar, reinventar nossa forma de viver, principalmente, diante de um negócio de sucesso para que ele permaneça próspero e rentável. Os desafios da governança familiar, caso sejam bem gerenciados, trarão consistência para as relações familiares e empresariais.
Melina Lobo é Conselheira de Administração e Advogada
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ARTIGO
PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.
A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.
A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.
A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.
Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.
André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).
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