“Desejo ser tratado no masculino. Eu sou transexual”, diz ex-Malhação
Benjamin, que na época era conhecido como Bia Damini, esteve no elenco de “Malhação – Toda Forma de Amar” até o início deste ano, interpretando a personagem Martinha, ex-namorada do galã da trama, Filipe (Pedro Novaes). A sua função era atrapalhar o romance do estudante de Direito com a mocinha Rita (Alanis Guillen) e depois foi embora estudar em Londres.
A partir desta terça-feira (22), o ator anunciou que agora passa a ser Benjamín e fez um desabafo nas redes sociais contando sobre a sua transição sexual. “Meu nome de verdade é Benjamín e desejo ser tratado no masculino. Eu sou transexual e nem por isso nasci no corpo errado ou odeio minha genitália ou não me amo como eu sou”, começou o artista, que abriu o coração para seus seguidores.
Benjamín postou uma foto quando ainda era criança e explicou o que levou a escolher a data de desta terça-feira para relatar a sua história. Confira:
22 de setembro de 2020 12:02
Benjamín quer te contar uma história. Ele sou eu. Nessa foto eu tinha 3 anos. Aos 3, eu acreditava ter nascido no corpo errado e por muitos anos rezei antes de dormir pra acordar no dia seguinte no corpo certo, no corpo de um menino. Aos 4, convenci meus amigos da escola de que eu era um menino disfarçado de menina, mas ninguém além deles poderia saber. Aos 7, quando meus seios começaram a se desenvolver e eu não podia mais brincar na praia sem a parte de cima do biquíni, eu chorei. Aos 9, quando eu menstruei, eu também chorei. Foram choros intermitentes que só cessaram depois de dias. Porque eu nasci fêmea, toda fêmea tem que ser menina. Foi isso que sempre me disseram. Então quem sabe seja isso mesmo. Eu sou uma menina e pra sempre vou ser. Mas eu não me sinto menina. Não sei nem ser menina. Não interessa. Aprende. É assim que vai ser. Enxuga essas lágrimas. Engole esse choro. Engole tudo o que te diferencia das outras meninas. Engoli. Comprei sutiã. Sou uma menina. Aos 12, comecei com as explosões de agressividade com a minha família e com qualquer colega na escola que me chamava de maria-macho. Aos 13, escrevi uma história de um menino chamado Benjamín que sentia demais. Aos 14, veio a primeira depressão. Terapia. Remédios. Aos 16 arrumei um namorado. Antônio. Antônio não é o nome dele de verdade. Tipo Beatriz. Eu controlava até as roupas que o Antônio usava. Troca esse shorts porque não tá combinando com a blusa, Antônio. Aliás, não gosto dessa blusa, deixa eu escolher outra. Tadinho do Antônio. Antônio foi uma das algumas vítimas das minhas projeções de gênero inconscientes. A verdade é que eu queria poder usar as roupas que o Antônio usava. E eu até podia. Mas tinha medo. Aos 18 comecei a namorar Ana. Ana não é o nome dela de verdade. Tipo Beatriz. Mas por 21 anos esse nome fez muito sentido. Atriz. Era isso que eu era. Atriz de mim. Quando Ana terminou comigo, eu percebi que eu não sabia quem eu era de fato. Fui buscar”, escreveu o ator.
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