Cidades

Em Anápolis, funcionários se arrastam por baixo de portão após ficarem trancados em atacadista; Assista

Os seguranças teriam impedido a saída dos colaboradores após orientação da administração por causa de carrinhos de compras fora do lugar. De acordo com a empresa os envolvidos foram afastados.

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Em Anápolis, funcionários se arrastam por baixo de portão após ficarem trancados em atacadista. Fotos: Redes Sociais

Os funcionários de uma rede atacadista de Anápolis, ficaram presos após o expediente e tiveram que pular e até se arrastar por baixo do portão para saírem. As imagens de vídeos gravados pelos próprios colaboradores mostraram o momento da discussão com os seguranças do local que teriam sido orientados pela administração da unidade a não permitirem a saída.

A rede através de nota, informou que repudia qualquer conduta desrespeitosa em relação aos seus funcionários.

Através das imagens é possível ouvir a discussão do pai de uma das funcionárias que foi buscar a filha e reclamou da atitude de uma segurança.

“É você que está fazendo essa palhaçada aqui? Deixando todo mundo trancado a uma hora dessa? Eu, atrás para buscar minha filha, quase meia noite, para pegar coletivo, e a senhora fazendo uma palhaçada dessa aqui? É funcionário furando portão, passando igual porco”, disse o pai.

O caso

O fato ocorreu na última segunda-feira (3), véspera de Carnaval, no Setor Tropical. Uma mulher, que trabalhava como operadora de caixa na unidade e não quis se identificar, disse que pediu demissão por não aguentar “tanta humilhação” no trabalho.

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De acordo com ela, o expediente da equipe que estava acaba às 23h00 e que o motivo que levou os seguranças a trancarem os funcionários foi por causa de alguns carrinhos de compras que estavam fora do lugar. Essa situação foi o estopim para ela pedir demissão.

“Primeiro, chamaram a atenção nossa por causa de um carrinho que não era nossa responsabilidade. Isso é inaceitável para quem trabalha lá, para quem depende de ônibus. E vai e tranca a gente dentro do atacadista? Foi muito cruel. Eu acabei saindo de lá porque é um cúmulo de absurdo, muitas humilhações e o que aconteceu lá no portão também”, enfatizou.

De acordo com a ex-funcionária, um advogado foi procurado pelos colaboradores para buscarem os seus direitos na Justiça. O Ministério Público do Trabalho de Goiás (MPT-GO) informou que não recebeu denúncia a respeito desse fato.

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ARTIGO

Interação justa entre varejo e indústria têxtil é crucial na era da sustentabilidade e digitalização

As discussões e conclusões do encontro oferecem valiosos insights para aprimorar a interação de nossa indústria tanto com varejistas nacionais quanto com os compradores internacionais. É importante ressaltar que o modelo tradicional de negócios em nosso setor frequentemente impõe exigências excessivas aos fabricantes, incluindo alterações de última hora em pedidos já confirmados, prazos de pagamento muito longos, pressão constante por preços cada vez mais baixos, ausência de compromissos duradouros e falta de planejamento colaborativo.

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Fernando Valente Pimentel é diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e Camila Zelezoglo é gerente de Sustentabilidade e Inovação da Abit.

A relação entre o varejo e a indústria têxtil e de confecção representa um pilar fundamental para o funcionamento saudável de toda a cadeia de moda. No entanto, as práticas comerciais atuais têm gerado tensões que impactam não apenas os negócios, mas também milhões de trabalhadores globalmente. Essa questão foi o foco principal do “Fórum on Due Diligence in the Garment and Footwear Sector”, realizado em fevereiro deste ano, em Paris, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

As discussões e conclusões do encontro oferecem valiosos insights para aprimorar a interação de nossa indústria tanto com varejistas nacionais quanto com os compradores internacionais. É importante ressaltar que o modelo tradicional de negócios em nosso setor frequentemente impõe exigências excessivas aos fabricantes, incluindo alterações de última hora em pedidos já confirmados, prazos de pagamento muito longos, pressão constante por preços cada vez mais baixos, ausência de compromissos duradouros e falta de planejamento colaborativo.

Tais condições adversas geram consequências prejudiciais para todos os envolvidos. Para a indústria, resultam em instabilidade financeira, dificuldade no planejamento produtivo, investimentos limitados em tecnologia e inovação e, por vezes, comprometimento dos padrões de excelência. Os trabalhadores também são afetados. O próprio varejo sofre com problemas de qualidade, atrasos nas entregas, alta rotatividade de fornecedores e riscos à sua reputação.

A propósito, vale observar os dados de 2024 referentes aos prazos das encomendas dos varejistas aos fabricantes, apresentados na Première Vision, em novembro último, pelo Instituto Français de la Mode. O aprovisionamento de longo prazo (seis meses ou mais antes da estação) representou 48% do total, enquanto o médio prazo (seis meses ou menos antes da estação) foi de 33% e o curto prazo (dentro da estação), 19%.

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A criação e adoção voluntária de práticas comerciais mais equilibradas podem melhorar o panorama da cadeia de valor, proporcionando benefícios significativos para todos. O planejamento colaborativo emerge como elemento crucial, abrangendo o estabelecimento conjunto de previsões de demanda, compartilhamento transparente de informações de mercado, definição clara de calendários de desenvolvimento e produção e compromissos de volume consistentes e de longo prazo. A precificação justa desempenha papel igualmente determinante, considerando os custos reais de produção, garantindo margens adequadas para investimentos em melhorias, chancelando o valor agregado e promovendo negociações transparentes.

Para a indústria, esses avanços significam maior estabilidade financeira, capacidade de investimento em inovação, desenvolvimento de produtos diferenciados e relacionamentos comerciais duradouros. Os trabalhadores beneficiam-se com melhores condições laborais e oportunidades mais amplas de crescimento profissional. O varejo, por sua vez, obtém produtos de maior qualidade, fornecedores mais comprometidos, cadeias de suprimento mais confiáveis e melhor reputação corporativa.

A revisão dos processos interativos deve considerar as transformações disruptivas pelas quais o setor têxtil e de confecção está passando globalmente. A digitalização avança rapidamente, viabilizando sistemas integrados de planejamento, plataformas colaborativas avançadas, rastreabilidade completa da cadeia de suprimentos e métricas precisas de desempenho. Ao mesmo tempo, a sustentabilidade impõe-se como imperativo estratégico. Fibras regeneradas, tecnologias de reciclagem mecânica e química, além de novas regulamentações ambientais, estão inaugurando uma nova era para nossa atividade.

​Nesse cenário dinâmico, a construção de relações comerciais mais equilibradas entre varejo e indústria têxtil não representa apenas uma questão ética, mas uma necessidade estratégica para a sustentabilidade do setor. A adoção proativa de melhores práticas comerciais pode criar um círculo virtuoso benéfico para toda a cadeia produtiva, desde os trabalhadores nas fábricas até o consumidor final.

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O Brasil detém condições singulares para liderar esse movimento transformador, por contar com todos os elos da cadeia produtiva e distributiva integrados em seu território. As empresas que encabeçarem as mudanças contribuirão para que o setor seja mais sustentável e se destacarão, pois se posicionarão competitivamente em um mercado cada vez mais consciente e exigente.

​O estabelecimento de modelos comerciais mais justos representa um investimento estratégico no futuro do setor, criando alicerces sólidos para inovação, crescimento sustentável e relações comerciais duradouras. À medida que mais empresas adotem voluntariamente essas práticas, será consolidado um novo paradigma de mercado, demonstrando ser possível harmonizar sucesso comercial e econômico com responsabilidade social e sustentabilidade ambiental.

Fernando Valente Pimentel é diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e Camila Zelezoglo é gerente de Sustentabilidade e Inovação da Abit.

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