Em situações mais severas de vento, chuva e descarga elétrica, o sistema da Enel Distribuição Goiás revela problemas herdados da antiga Celg. No Oeste do Estado, produtores rurais ficaram até quatro dias seguidos sem energia neste mês. Indústrias, comércios e residências em Goiânia, Região Metropolitana e Anápolis também amargaram prejuízos de horas de interrupção no último fim de semana.

No sábado (12), 150 mil unidades consumidoras foram atingidas ao mesmo tempo no pico das ocorrências, cerca de 4% do total atendido pela empresa. O porcentual dos consumidores afetados pela queda caiu para 0,5% na tarde de ontem.

Na residência de Vitória Lucinda da Silva, de 85 anos, as horas de espera pela energia se traduziram em agonia. Ela depende de uso contínuo de oxigênio. Mesmo inscrita como consumidora prioritária, foram 24 horas de interrupção. “Na época da Celg, quase todo dia acabava, mas voltava rápido. Esperei voltar, não voltou, levei minha mãe para o meu apartamento e fiquei com medo da energia acabar lá também”, conta a filha e servidora pública Maria José Silva sobre a situação vivida no setor Vila Nova, na capital.

Prejuízos

A casa da aposentada Perpétua do Socorro Nunes de Melo, de 69 anos, também está no grupo das que ficaram no escuro neste final de semana. Ela mora no Jaó, onde as quedas têm sido constantes no período chuvoso. Já no dia 31 de dezembro, o prejuízo chegou a quase R$ 10 mil com aparelhos queimados (geladeira, câmera de segurança e ar-condicionado) e atrapalhou a festa de Ano Novo. “Não tinha condições e tivemos de ir para a casa de um amigo. Fiquei muito indignada, estava recebendo pessoas em casa”, pontua.

Sobre o último final de semana, a Enel diz também ter sido surpreendida com a tormenta. Segundo o responsável de operação da empresa, Victor Bitencourt, ventos de 70 quilômetros por hora, acúmulo de 120 milímetros de chuva em duas horas e descargas elétricas não eram esperados e causaram impactos para a rede. Ele cita que a cidade possui muitas árvores e assim há muita interferência. Porém, uma hora após o pico, o número de unidades atingidas teria caído para 60 mil no sábado.

Houve mobilização de equipes, mais de cem, plano de contingência e atenção especial à Região Metropolitana, por concentrar a maior parte dos clientes. Bitencourt pontua que há monitoramento diário de tempo e clima. Mas o período chuvoso de outubro até março traz desafios. Já no interior, os obstáculos são maiores, especialmente pelo estado da rede, que dois anos depois da privatização ainda exige esforço extra da companhia.

A empresa alega que é preciso mais tempo para que os consumidores percebam toda a mudança. Enquanto isso, ultrapassa os limites estipulados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e, por isso, tem pago cerca de 4,9 milhões de compensações mensais.

OP