Plantão Policial
Em Pirenópolis, PF prende 8 por venda de álcool e máscaras sem qualidade a hospital
A investigação da PF mostra que OS usou dinheiro público para comprar álcool e máscara que não garantem proteção e por preços acima da média nacional. Oito pessoas foram presas
Álcool em gel com substância nociva que pode provocar de irritação na pele a perda auditiva e visual, se inalado. Máscaras sem proteção suficiente, grampeadas de forma grosseira para parecer que tinham duas camadas. Tudo isso adquirido por valores acima do preço médio pela organização social que administra o hospital estadual de Pirenópolis, no Vale do São Patrício. É o que aponta a investigação da Polícia Federal (PF), que resultou na prisão temporária de oito pessoas na manhã desta terça-feira (15), além do cumprimento de 13 mandados de busca e apreensão em cinco cidades de três Estados.
O Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime (HEELJ) é administrado pela Organização Social (OS) Instituto Brasileiro de Gestão Hospitalar (IBGH) há seis anos. A mesma organização administra outros dois hospitais do Estado, em Santa Helena e Jaraguá. É a segunda vez neste ano que ela aparece como alvo da polícia por suspeitas de descumprir a legislação. Em novembro, uma operação da Polícia Civil de Goiás (PC-GO) revelou suspeitas de desvio de dinheiro público por meio de um contrato do IBGH com um laboratório, no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP).
As investigações da PF, que geraram a operação desta terça-feira, começaram após denúncias que chegaram ao Ministério Público em Pirenópolis (GO), de que o álcool em gel e máscaras cirúrgicas da cidade seriam de péssima qualidade. Laudos técnicos da PF revelam que o álcool adquirido pelo IBGH estava contaminado com gasolina e possuía impurezas.
Conforme o laudo, essas impurezas podem amplificar irritação da pele e dermatites. Além disso, uma substância específica, o metil-benzeno, conhecido como tolueno, pode provocar mudanças no sistema nervoso, como perda da memória, distúrbio do sono, perda de habilidade de concentração, disfunção auditiva e visual, caso inalado.
A presença destas impurezas chamou a atenção do técnico que preparou o laudo. No documento, ele afirma que estas substâncias nunca haviam sido encontradas nos diversos laudos feitos em álcool em gel nos últimos tempos.
Já as máscaras cirúrgicas, adquiridas para o hospital de Pirenópolis, estavam sem conformidade com normas técnicas. De acordo com o laudo, esse importante equipamento de proteção não possuía camada externa e interna, como previsto nas normativas. Para tentar ocultar a irregularidade, os fabricantes grampearam de forma grosseira duas máscaras.
Duas das empresas que fabricavam o álcool em gel tóxico já haviam sido investigadas pela Polícia Civil de Goiás em abril. Na época, a Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Consumidor e a Vigilância Sanitária interditaram as duas fábricas irregulares. “Apenas duas das dez amostras da empresa de Aparecida tinham mais de 70% (de álcool na composição)”, relata o delegado Rodrigo Godinho, responsável pela investigação na época.
As duas empresas fabricantes eram da mesma família. Os proprietários, pai e filho, foram presos na operação da PF desta terça. Também foram detidos três empresários ligados às fornecedoras que venderam os frascos de álcool e as máscaras, além de três gestores do IBGH.
Já não bastasse o risco para os profissionais e pacientes com o uso destes itens de proteção sem qualidade, os valores pagos pelo IBGH com repasses de dinheiro público podem estar superfaturados. O prejuízo com as cobranças é estimado em R$ 2 milhões.
Sobrepreço
O secretário de combate à corrupção da Controladoria Geral da União (CGU), Roberto Viegas, que participou da operação, relata que embalagens de álcool em gel de 5 litros que custariam em média 29 reais a unidade no resto do País, foram adquiridos por quase 40 reais em Pirenópolis. “Havia uma gordura em cima desses valores. A gente tem referencial de preços no momento da pandemia, que é coletado no Brasil todo”, avalia.
O delegado da PF, Franco Perazzoni, defende que além de superfaturamento, há indícios de conluio entre as empresas fabricantes, fornecedoras e a organização social. “Os processos (de compra) foram ‘montados’, dá para notar facilmente que os documentos com as propostas apresentadas são muito semelhantes, com mesma diagramação, etc. As empresas pertencem a pessoas de um mesmo grupo familiar, a tramitação dos processos foi extremamente rápida, alguns pagamentos ocorreram antes mesmo da conclusão do processo de compra, etc”, explica.
Situação já era conhecida
O clima no hospital estadual de Pirenópolis era de perplexidade e confusão nesta terça-feira. Cinco dias depois de um jovem de 21 anos ser morto na porta da unidade quando socorria a namorada baleada, dois diretores foram presos pela Polícia Federal por suspeita de desvio de recursos públicos. Apesar de não haver relação entre os casos, foi mais um fator de apreensão para os trabalhadores, conforme o secretário de organização política do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde-GO), Erivanio Herculano da Silva.
Erivanio foi até o hospital para poder auxiliar e ouvir as necessidades dos funcionários. No dia 25 de maio, representantes da entidade já haviam visitado o hospital, onde ouviram reclamações sobre as péssimas qualidades das máscaras cirúrgicas e álcool em gel. “As máscaras não atendiam a qualidade padrão, bem artesanal”, lembra o sindicalista.
De acordo com Erivanio, o fato de o hospital ser administrado por uma OS faz com que os trabalhadores tenham mais receio de fazer denúncias. “O trabalhador da OS se sente muito ameaçado pela forma como é contratado. A gente observa o sofrimento do trabalhador até mesmo para expressar suas angústias, necessidades e reivindicar seus direitos. O trabalhador da OS vive com o que eles dão e não o que eles precisam para garantir uma boa assistência”.
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PLANTÃO POLICIAL
PC conclui investigação de crime ambiental que levou à morte de peixes em Crixás
No curso da investigação, a PC indiciou a mineradora de ouro que atua na região como responsável pela poluição que deu causa à morte dos peixes.
A Polícia Civil (PC) através da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), concluiu investigação relativa à mortandade de peixes no Rio Vermelho, na região do município de Crixás no Vale do São Patrício, ocorrido no dia 29 de maio de 2022.
No curso da investigação, a PC indiciou a mineradora de ouro que atua na região como responsável pela poluição que deu causa à morte dos peixes.
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