Opinião
Estimulando o desenvolvimento cognitivo infantil
Na contação de histórias, leia uma história curta e, em seguida, faça perguntas sobre a narrativa, pois isso ajuda a melhorar a compreensão auditiva e a memória. Em atividades de desenho e pintura, forneça papel e lápis de cor ou tinta, pedindo à criança que desenhe algo específico. Nesta atividade, você irá estimular a criatividade e a coordenação motora fina.
A educação infantil representa uma fase crucial para o desenvolvimento cognitivo das crianças, caracterizada por uma intensa plasticidade cerebral. Possibilitar que a criança tenha acesso à diversidade de estímulos é primordial para que suas capacidades sejam desafiadas e aperfeiçoadas.
O estímulo das capacidades cerebrais através da diversidade de atividades como danças, músicas, brincadeiras, jogos, vídeos e consciência corporal, por exemplo, melhoram a cognição e incentivam a aprendizagem através do raciocínio, da reflexão, da abstração, da imaginação e do aperfeiçoamento das múltiplas linguagens.
O desenvolvimento cognitivo na primeira infância desempenha um papel crucial no sucesso escolar e na adaptação social futura. Durante essa fase inicial, o cérebro das crianças é altamente receptivo a estímulos, abrindo uma janela de oportunidade para o crescimento.
Por exemplo, a capacidade de resolver problemas, entender conceitos abstratos e desenvolver habilidades sociais começa a ser formada nos primeiros anos de vida por meio de estímulos apropriados. A leitura e a escrita são competências que começam a ser formadas no cérebro desde muito cedo ao serem estimulados pré-requisitos cognitivos primordiais, como a espacialidade e a consciência fonológica.
Além disso, através da estimulação cognitiva, promovem-se habilidades essenciais como a memória, a atenção, a linguagem e as funções executivas. Estas funções são os pilares fundamentais do aprendizado e do desenvolvimento pessoal.
Para que se tenha um desenvolvimento cognitivo de forma eficaz, pode-se realizar atividades por meio de jogos de memória, exercícios de linguagem, tarefas focadas em atenção e desafios que estimulam as funções executivas. As atividades devem ser planejadas de forma lúdica e envolvente para maximizar o interesse e a participação das crianças.
Indico algumas atividades lúdicas para o desenvolvimento cognitivo como, por exemplo, jogos da memória, onde se utilizam cartões com figuras, números ou letras, virando-os para baixo e pedindo à criança que encontre os pares correspondentes. O objetivo é melhorar a memória de curto prazo e a concentração.
Na contação de histórias, leia uma história curta e, em seguida, faça perguntas sobre a narrativa, pois isso ajuda a melhorar a compreensão auditiva e a memória. Em atividades de desenho e pintura, forneça papel e lápis de cor ou tinta, pedindo à criança que desenhe algo específico. Nesta atividade, você irá estimular a criatividade e a coordenação motora fina.
Logo, viver em um ambiente saudável e que as estimulem é muito importante. Por isso, disponibilize materiais e espaços para fazer com que a criança se aproprie de estímulos que proporcionem avanços cognitivos.
Luciana Brites é psicopedagoga, psicomotricista, mestre e doutoranda em distúrbios do desenvolvimento pelo Mackenzie, palestrante e autora de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem.
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ARTIGO
PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.
A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.
A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.
A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.
Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.
André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).
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