Ex-secretário executivo da Saúde presta depoimento à CPI da Pandemia

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Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado, nesta quarta-feira (9), o ex-secretário executivo do Ministério da Saúde Antônio Élcio Franco Filho afirmou que, durante o período em que esteve na pasta, não houve aquisição de cloroquina para covid-19 e que os remédios comprados eram para atender ao programa antimalária.

Franco ocupou o cargo durante a gestão de Eduardo Pazuello e atualmente é assessor especial da Casa Civil.

O ex-secretário disse que, durante o período em que esteve no cargo, as negociações com o Instituto Butantan para aquisição da vacina CoronaVac nunca foram canceladas. “As vacinas seriam adquiridas desde que aprovadas pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, afirmou ele, ao responder a questionamento do relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre um episódio de cancelamento de compra da CoronaVac.

Élcio Franco acrescentou que a carta de intenções de compra da CoronaVac continuou vigente. “Não há nenhum documento, que eu tenha conhecimento, porque não foi assinado pelo ministro nem por mim, de intenção de não prosseguir com as negociações, ou seja, a carta de intenção de 19 de outubro continuou vigente.”

Na avaliação do ex-secretário executivo da Saúde, o entendimento do diretor do Butantan, Dimas Covas, externado em depoimento à CPI de que houve um recuo nas negociações da vacina, deve ter sido um “problema de percepção”.

Sobre a negativa na compra da CoronaVac, em julho do ano passado, Franco disse que, àquela altura, ainda havia incerteza sobre o desenvolvimento de vacinas, já que a Fase 3 de estudos clínicos é considerada o “cemitério das vacinas”. “O acompanhamento constante dos estudos clínicos, de dados do desenvolvimento, ocorria por parte do ministério justamente pela incerteza que essa fase pode vir a causar, porque a vacina, no seu desenvolvimento, na Fase 3, pode não lograr êxito e não ser aprovada”, destacou.

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Ainda segundo Franco, havia uma incerteza de que essa fase fosse aprovada. Ele também lembrou o processo de adequação da legislação para aquisição sem aprovação prévia da Anvisa.

Ao responder sobre o papel do ex-secretário executivo na negociação da compra de vacinas para o Brasil, Franco respondeu que a orientação era adquirir “o maior número de doses”, desde que aprovadas pela Anvisa.

Tratamento precoce

À CPI, o ex-secretário do Ministério da Saúde se mostrou favorável ao tratamento precoce. “Tratamento precoce é a melhor medida preventiva para qualquer morbidade, nós partimos para o diagnóstico precoce em qualquer situação médica”, defendeu. Franco acrescentou que, se o atendimento for seguido por medicações que o médico julgar necessárias, ele é a favor de tratamento precoce.

Para o ex-secretário, o uso de medicamentos que não estão indicados em bula (off label), desde que discutido entre médico e paciente, é válido. Ele declarou ainda que, quando teve covid-19, entre outros medicamentos, foi tratado com hidroxicloroquina e ivermectina. As medicações não têm eficácia comprovada contra o novo coronavírus.

Reuniões

O relator quis saber se Élcio Franco teve reuniões com a médica Nise Yamaguchi. Em resposta, ele disse que sim, uma ou duas vezes. A médica, já ouvida pela CPI, é defensora do tratamento precoce e apontada por membros da comissão como integrante de um grupo paralelo que aconselharia o governo nas ações de combate à pandemia de covid-19.

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O ex-secretário também confirmou encontro com o empresário Carlos Wizard. Segundo Franco, no encontro, eles trataram de vacina, visto que o empresário estaria procurando dados para imunizar seus funcionários. Já com o ex-ministro da Cidadania e deputado federal Osmar Terra, Élcio Franco disse que tratou apenas de emendas parlamentares. O deputado também é apontado como um dos integrantes do grupo de aconselhamento.

Pfizer

Sobre a demora do governo brasileiro em responder às ofertas de vacinas feitas pela Pfizer, em 2020, Franco disse que o primeiro contato da farmacêutica, em novembro, coincidiu com um vírus na rede de computadores do Ministério da Saúde e que isso resultou na falta de resposta.

Élcio Franco negou que tenha havido incompetência ou ineficiência da pasta para negociação da compra. Os senadores lembraram que, em entrevista à revista Veja, o ex-titular da Secretaria de Comunicação Social Fabio Wajngarten disse que houve incompetência da equipe do Ministério da Saúde na negociação. Franco disse que a incompetência deve ter sido “percepção dele” [Fábio Wajngarten], e que a farmacêutica colocava cláusulas “muito exigentes” na compra.

“Eu lembro que as exigências da Pfizer eram de ativos no exterior. Por exemplo, um prédio de uma embaixada, um fundo garantidor, arbitragem em Nova York, sem penalidades para atrasos na entrega de imunizantes, pagamento adiantado, isenção completa de responsabilidade para eventos adversos, um projeto de lei ou uma medida provisória convertida em lei e a assinatura pelo Presidente da República”, enumerou.

Edição: Bruna Saniele

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POLÍTICA NACIONAL

Exposição alerta sobre feminicídio e homenageia vítimas de violência

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O Senado recebe até a sexta-feira (14) a exposição Sapatos Vermelhos — os passos que elas deixaram de dar, uma instalação artística que denuncia o feminicídio e dá visibilidade à luta contra a violência de gênero. São 120 pares de sapatos vermelhos de cerâmica, cada um simbolizando uma mulher vítima de feminicídio. Os sapatos, de diferentes formatos e tamanhos, trazem os nomes e idades das mulheres lembradas. A exposição está no espaço Senado Galeria, no Anexo 1.

A instalação é organizada pela Associação Arte de Vênus, de Santana de Parnaíba (SP), que produziu todas as peças. Ela veio para Brasília a convite da senadora Margareth Buzetti (PSD-MT), que a visitou em São Paulo durante diálogos sobre a Lei do Feminicídio (Lei 13.104, de 2015).

— Geralmente, o que falamos sobre o assunto é de nós para nós mesmas. Trazer a exposição para dentro do Senado é importante para que todos que passam por aqui ou pela Câmara [dos Deputados] vejam e sintam o impacto. Estamos aqui presentes mas, infelizmente, para falar de ausências — afirmou Buzetti durante a abertura da exposição, na terça-feira (11).

A senadora Zenaide Maia (PSD-RN), que chefia a Procuradoria Especial da Mulher (Promul), destacou a importância da aprovação de leis que não apenas punam os agressores, mas que também possam prevenir a violência contra as mulheres. A senadora também defendeu o empoderamento feminino através da independência econômica.

— É no orçamento que deve haver recursos para educação pública de qualidade em tempo integral, para que nossas crianças aprendam sobre a Lei Maria da Penha. Não é possível mais nos calarmos sabendo que mulheres estão sendo assassinadas apenas pelo fato de serem mulheres. Precisamos empoderá-las com emprego decente. Somos uma bancada de 16 senadoras e sobre este assunto nós não divergimos, nós unimos forças — enfatizou.

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A líder da Bancada Feminina do Senado, senadora Leila Barros (PDT-DF), lembrou em seu discurso que no domingo (9) o Brasil completou dez anos da Lei do Feminicídio, mas o aumento dos crimes cometidos contra as mulheres desde 2015 é “assustador” — foram 111% feminicídios a mais. Ela exaltou os avanços “significativos” alcançados pela Bancada Feminina do Senado e também pontuou a união entre as parlamentares.

Dados

De acordo com o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a cada seis horas uma mulher é vítima de feminicídio no Brasil e, de cada dez brasileiras, três já foram sofreram algum tipo de violência doméstica.

Marcio Tancredi, diretor-executivo de Gestão do Senado, participou da cerimônia de abertura da exposição representando a diretora-geral, Ilana Trombka. Em seu discurso, ele reforçou o compromisso da Casa na luta pela equidade.

— Em 2024, o Brasil registrou 1.467 casos de feminicídio, o maior desde a tipificação deste crime em 2015, representando 3,85% do total de homicídios no país. Diante deste cenário, o Senado reafirma o compromisso com a proteção e os direitos das mulheres. A nossa ação institucional está pautada na ação da nossa Bancada Feminina, na Procuradoria Especial da Mulher e no Comitê Permanente pela Promoção da Igualdade de Gênero e Raça, que este ano completa dez anos.

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O secretário-geral da Mesa, Danilo Aguiar, também participou da cerimônia  e afirmou que o Senado “não pode se calar” diante da realidade que atinge diariamente tantas mulheres.

— Esta exposição traz uma mensagem poderosa para dentro do Parlamento. Desejo que cada um de nós, ao observar estes sapatos, possa se comprometer e ser um agente de transformação. Precisamos honrar a memória das mulheres vítimas e garantir um futuro em que nenhuma mulher precise temer por sua vida.

A cerimônia de abertura da exposição também contou com a presença da primeira-secretária do Senado, senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB); das senadoras Augusta Brito (PT-CE) e Dra. Eudócia (PL-AL); do senador Marcos Rogério (PL-RO); da vice-presidente do Tribunal Regional da 1ª Região (TRF1), Gilda Sigmaringa Seixas; e da presidente da Associação Arte de Vênus, Soraia Vieira.

Exposição

A Associação Arte de Vênus é um projeto social sem fins lucrativos que conta com oficinas de cerâmica e objetos de decoração produzidos por mulheres. Os sapatos da exposição, por exemplo, são todos feitos manualmente para representar vítimas de feminicídio. A mostra foi organizada com o apoio do Comitê Permanente pela Promoção da Igualdade de Gênero e Raça (Coprig), da liderança da Bancada Feminina e do Senado Federal.

Sapatos Vermelhos — os passos que elas deixaram de dar
De 11 a 14 de março, na Senado Galeria

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

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