Estado
Hospital vai realizar a realiza primeira cirurgia para mulheres trans, em Goiânia
O procedimento está agendado para amanhã (29). Projeto iniciado em 2018 conta com atendimento multidisciplinar. E a fila atual tem 15 pessoas.
Iniciado no ano de 2018, o Serviço de Identidade de Gênero, Transexualidade e Intersexualidade – Projeto TX, do Hospital das Clínicas Alberto Rassi (HGG), vai realizar o procedimento de redesignação sexual, popularmente chamado de cirurgia de mudança de sexo, de 15 mulheres trans nos próximos dias. Elas já passaram pelo acompanhamento com médicos e psicólogos e mal podem esperar para se verem fisicamente como se sentem desde o nascimento.
A coordenadora do projeto, a ginecologista Margareth Giglio explica que a cirurgia consiste em fazer uma genitália externa feminina e construir uma vagina em uma mulher transexual. “É uma cirurgia exclusiva para este fim”. A princípio, as cirurgias serão feitas a cada 15 dias, mas este cronograma ainda não está fechado e pode ser que ocorram em intervalos menores.
Amanhã (29), às 13 horas, será realizada a primeira cirurgia no hospital. Maria Luíza Alves Teles, de 23 anos, já está pronta. Ela se diz animada e preparada para o procedimento. Malu, como é chamada pelos amigos, conta que nasceu com órgão sexual masculino, mas que nunca se reconheceu assim. “Até os 5 anos eu não entendia, na minha cabeça sempre fui menina. Só quando tomei banho com minha irmã, que tinha quatro anos, percebi que a gente era diferente uma da outra”.
Desde então, Malu começou a conversar com a família, que sempre a apoiou. “Tentei me matar aos 10 anos. Com 11, passei a fazer acompanhamento psicológico e com 12, passei a me posicionar como menina”. Além desta tentativa de suicídio, Malu tentou tirar a vida outras três vezes. Ela vê na cirurgia uma maneira de se encontrar fisicamente com o próprio corpo. “Desde que soube que existia o procedimento, nunca tive dúvidas. Mal posso esperar”.
A certeza da necessidade de passar pelo procedimento de redesignação sexual também alcança outras mulheres trans, que participam do programa do HGG. Fábia Rodrigues de Queiroz, de 31 anos, conta que nunca teve disforia (angústia por se sentir em um corpo que não é o seu), mas que sempre desejou a cirurgia. Ela também nasceu com órgão sexual masculino. “Não é algo estético ou escolha, é uma forma de encontrar com a gente mesma. De realização”. Malu acrescenta que considera um encontro com a própria alma.
A esteticista Lana Hillary, de 28 anos, também deverá passar pelo procedimento em breve. Ela também é mulher trans e conta que a cirurgia é fundamental. “Não considero sonho. Meu sonho é ficar rica. A cirurgia é uma necessidade. Estou no programa desde o início e acredito que estou pronta”. Ela nega ter passado por dificuldades no trabalho ou na rua. “Sei que sou exceção, que a maioria passa por problemas e ter este serviço, ainda mais pelo SUS, ajuda muito cada pessoa que precisa desta mudança para se sentir mais viva”. Ela conta que sempre teve agonia do próprio corpo e que não se tocava. “Nunca tive dúvidas de que queria a cirurgia”.
Lívia Araújo Costa, de 25 anos, também é mulher trans e relembra que procurou tratamento quando entendeu em vídeos da internet que não era um menino. “Hoje em dia este tipo de informação está no filme, na novela. É fácil ter informação, mas quando a gente ainda não entende é difícil. Eu via as travestis e não me identificava, também não era um gay. Só depois de conhecer canais de mulheres trans eu fui entender um pouco do que eu sentia. Depois disso fui procurar ajuda médica”.
A psicóloga Flávia Nascimento acompanha as participantes do programa e ressalta que a readequação sexual é tão importante quanto qualquer outra cirurgia de emergência. “É necessidade para a qualidade destas pessoas”. Ela comenta que existem pessoas que chegam a criticar o SUS por realizar estes procedimentos, mas ela é enfática ao dizer que a vida de muitos homens e mulheres trans chegam a depender da cirurgia.
Flávia ressalta que casos de pacientes que já tentaram suicídio não são raros e que durante o processo de atendimento, as pessoas são orientadas sobre a parte médica e recebem apoio psicológico. “Elas formaram grupos de apoio, trocam experiências, se ajudam e se fortalecem”, diz a psicóloga. Sabrina Viveiros Gomes, de 22 anos, também nasceu com órgão sexual masculino e está apta à cirurgia. “Eu pensei que era só me inscrever e marcar a cirurgia”, lembra. Mas desde 2017, quando ingressou no programa, passou por diversas etapas. “Com certeza ter passado pelo acompanhamento foi fundamental para minha vida. Eu já tinha certeza, mas ter consciência e conhecimento é fundamental”.
Sabrina é casada e mora em Montividiu, no Norte do Estado. “Eu sou a única trans lá, não tinha suporte ou referência. Decidi me mudar (futuramente) para Goiânia porque aqui é diferente. Para uma trans do interior, a vida é mais complicada ainda mais quando a gente vai procurar emprego”. Ela nunca teve carteira assinada e as colegas complementam quase em unanimidade que este é um dos problemas enfrentados. “Mesmo tendo currículo bacana, (você) sofre”, diz Malu, que acrescenta que a fase mais difícil é da transição. Todas as mulheres trans aptas a fazerem a cirurgia estão dentro deste perfil de que “se passam” por mulheres na sociedade, mas todas reforçam que já são mulheres, antes mesmo da cirurgia. “Não é porque eu não posso gerar um filho que eu não sou mulher. Tem várias mulheres cis (que se identifica com o órgão sexual que nasceu) que também não podem e não deixam de ser mulher. Todas nós somos mulheres e a cirurgia só vai ressignificar isso”, ressalta Malu.
Preparação para o serviço do HGG foi iniciada em 2016
O Serviço de Identidade de Gênero, Transexualidade e Intersexualidade – Projeto TX, do Hospital das Clínicas Alberto Rassi (HGG) atende transexuais e travestis. Os pacientes recebem acompanhamento médico e multidisciplinar, desde a fase ambulatorial, clínica, cirurgia, pós-operatório e hormonioterapia.
O HGG já se preparava desde 2016 para o atendimento ao público trans, quando foi assinado o protocolo de intenções pelo Governo de Goiás, diretoria da unidade e representantes do movimento LGBT. Portaria do Ministério da Saúde (MS) ampliou o processo transexualizador no SUS e definiu que as cirurgias também podem ser realizadas fora de hospitais universitários.
Antes, o serviço era somente realizado no Hospital das Clínicas, que fez mais de cem cirurgias entre 2001 e 2013.
A equipe cirúrgica é constituída por três ginecologistas: Eliane Ribeiro, João Lino e Margareth Giglio, que também é a coordenadora do serviço. Para a primeira cirurgia, em especial, participarão, também, o ginecologista Aldair Novato e o cirurgião plástico, Marcelo Soares. Ambos são do projeto TX do HC/UFG, que contribuíram para a formação do serviço do HGG. A participação será como uma homenagem à aos dois profissionais.
Para participar das cirurgias, os pacientes precisam de, no mínimo, dois anos de acompanhamento antes do procedimento cirúrgico. Parte das mulheres trans que se submeterá aos procedimentos neste ano, poderia ter passado pelas cirurgias há dois anos, mas por conta da pandemia, o serviço passou um tempo suspenso.
O Projeto TX oferece assistência interdisciplinar e multiprofissional das especialidades, na parte ambulatorial de psiquiatria, psicologia, assistência social, endocrinologia, clínico geral, enfermagem e hospitalar (cirúrgica), nas áreas de ginecologia, urologia, cirurgia plástica, endocrinologia, enfermagem, psiquiatria e psicologia, assistência social e fonoaudiologia. Com OP
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EDUCAÇÃO
Ceres: MEC aprova curso de medicina; Assista
Após a inspeção, ficou constatado que a UniEvangélica atende plenamente aos critérios estabelecidos, tanto em termos técnicos quanto humanísticos, recebendo a nota máxima de 5.
A implementação do curso de Medicina na UniEvangélica de Ceres no Vale do São Patrício, se concretizou após uma visita de avaliação tranquila e amistosa.
Nos últimos dias 20 a 22, uma equipe de avaliadores representantes do Ministério da Educação (MEC), estiveram em Ceres no Vale do São Patrício, para conhecer a estrutura, os programas, projetos e todos os aspectos relacionados à implantação do curso de medicina na UniEvangélica.
Os avaliadores, acompanhados do prefeito Edmario Barbosa, percorreram diversas unidades de saúde do município, incluindo as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Jardim Sorriso, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e o Hospital Pio X.
Clique aqui e veja na integralidade o relatório do MEC
Durante a visita, Edmario destacou a qualidade dos serviços de saúde disponíveis na região, evidenciando o compromisso da cidade com a saúde pública.
Após a inspeção, ficou constatado que a UniEvangélica atende plenamente aos critérios estabelecidos, tanto em termos técnicos quanto humanísticos, recebendo a nota máxima de 5. Veja o que o prefeito Edmario fala sobre o curso de mecidina:
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