Opinião

Interação justa entre varejo e indústria têxtil é crucial na era da sustentabilidade e digitalização

As discussões e conclusões do encontro oferecem valiosos insights para aprimorar a interação de nossa indústria tanto com varejistas nacionais quanto com os compradores internacionais. É importante ressaltar que o modelo tradicional de negócios em nosso setor frequentemente impõe exigências excessivas aos fabricantes, incluindo alterações de última hora em pedidos já confirmados, prazos de pagamento muito longos, pressão constante por preços cada vez mais baixos, ausência de compromissos duradouros e falta de planejamento colaborativo.

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Fernando Valente Pimentel é diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e Camila Zelezoglo é gerente de Sustentabilidade e Inovação da Abit.

A relação entre o varejo e a indústria têxtil e de confecção representa um pilar fundamental para o funcionamento saudável de toda a cadeia de moda. No entanto, as práticas comerciais atuais têm gerado tensões que impactam não apenas os negócios, mas também milhões de trabalhadores globalmente. Essa questão foi o foco principal do “Fórum on Due Diligence in the Garment and Footwear Sector”, realizado em fevereiro deste ano, em Paris, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

As discussões e conclusões do encontro oferecem valiosos insights para aprimorar a interação de nossa indústria tanto com varejistas nacionais quanto com os compradores internacionais. É importante ressaltar que o modelo tradicional de negócios em nosso setor frequentemente impõe exigências excessivas aos fabricantes, incluindo alterações de última hora em pedidos já confirmados, prazos de pagamento muito longos, pressão constante por preços cada vez mais baixos, ausência de compromissos duradouros e falta de planejamento colaborativo.

Tais condições adversas geram consequências prejudiciais para todos os envolvidos. Para a indústria, resultam em instabilidade financeira, dificuldade no planejamento produtivo, investimentos limitados em tecnologia e inovação e, por vezes, comprometimento dos padrões de excelência. Os trabalhadores também são afetados. O próprio varejo sofre com problemas de qualidade, atrasos nas entregas, alta rotatividade de fornecedores e riscos à sua reputação.

A propósito, vale observar os dados de 2024 referentes aos prazos das encomendas dos varejistas aos fabricantes, apresentados na Première Vision, em novembro último, pelo Instituto Français de la Mode. O aprovisionamento de longo prazo (seis meses ou mais antes da estação) representou 48% do total, enquanto o médio prazo (seis meses ou menos antes da estação) foi de 33% e o curto prazo (dentro da estação), 19%.

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A criação e adoção voluntária de práticas comerciais mais equilibradas podem melhorar o panorama da cadeia de valor, proporcionando benefícios significativos para todos. O planejamento colaborativo emerge como elemento crucial, abrangendo o estabelecimento conjunto de previsões de demanda, compartilhamento transparente de informações de mercado, definição clara de calendários de desenvolvimento e produção e compromissos de volume consistentes e de longo prazo. A precificação justa desempenha papel igualmente determinante, considerando os custos reais de produção, garantindo margens adequadas para investimentos em melhorias, chancelando o valor agregado e promovendo negociações transparentes.

Para a indústria, esses avanços significam maior estabilidade financeira, capacidade de investimento em inovação, desenvolvimento de produtos diferenciados e relacionamentos comerciais duradouros. Os trabalhadores beneficiam-se com melhores condições laborais e oportunidades mais amplas de crescimento profissional. O varejo, por sua vez, obtém produtos de maior qualidade, fornecedores mais comprometidos, cadeias de suprimento mais confiáveis e melhor reputação corporativa.

A revisão dos processos interativos deve considerar as transformações disruptivas pelas quais o setor têxtil e de confecção está passando globalmente. A digitalização avança rapidamente, viabilizando sistemas integrados de planejamento, plataformas colaborativas avançadas, rastreabilidade completa da cadeia de suprimentos e métricas precisas de desempenho. Ao mesmo tempo, a sustentabilidade impõe-se como imperativo estratégico. Fibras regeneradas, tecnologias de reciclagem mecânica e química, além de novas regulamentações ambientais, estão inaugurando uma nova era para nossa atividade.

​Nesse cenário dinâmico, a construção de relações comerciais mais equilibradas entre varejo e indústria têxtil não representa apenas uma questão ética, mas uma necessidade estratégica para a sustentabilidade do setor. A adoção proativa de melhores práticas comerciais pode criar um círculo virtuoso benéfico para toda a cadeia produtiva, desde os trabalhadores nas fábricas até o consumidor final.

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O Brasil detém condições singulares para liderar esse movimento transformador, por contar com todos os elos da cadeia produtiva e distributiva integrados em seu território. As empresas que encabeçarem as mudanças contribuirão para que o setor seja mais sustentável e se destacarão, pois se posicionarão competitivamente em um mercado cada vez mais consciente e exigente.

​O estabelecimento de modelos comerciais mais justos representa um investimento estratégico no futuro do setor, criando alicerces sólidos para inovação, crescimento sustentável e relações comerciais duradouras. À medida que mais empresas adotem voluntariamente essas práticas, será consolidado um novo paradigma de mercado, demonstrando ser possível harmonizar sucesso comercial e econômico com responsabilidade social e sustentabilidade ambiental.

Fernando Valente Pimentel é diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e Camila Zelezoglo é gerente de Sustentabilidade e Inovação da Abit.

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ARTIGO

“Ainda estou aqui” o filme!

O cinema romanceou e coloriu a participação do Deputado naquele estágio de transformação do país, de tal ordem e hoje recebemos o Oscar cinematográfico. Uma homenagem muito especial a um subversivo do sistema, que mancharam a vida nacional com sangue desnecessário.

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Cícero Carlos Maia é professor.

Como sabemos o cinema é uma das mais belas de todas as artes que existe no mundo das realidades, subjetivas pela sua infinita capacidade de dar vida e colorido  a uma situação, longe do possível, uma vez que ele é capaz de criar ilusões capaz de levar a quem assiste as suas cenas até as lagrimas, por induzir o assistente a uma sugestão de tal ordem que a pessoa sai do estado de consciência natural para se envolver profundamente com o irreal do produtor daquela obra de ficção  por este  dar  alma a uma realidade que dificilmente existiu ou existirá!

Foi assim com o filme King Kong, um gorila, apesar de toda força metafísica que ele esboça é capaz de tomar atitudes ternas e suaves que emociona naturalmente a quem assiste o filme. Outro filme com esta capacidade de envolvimento, por parte de quem o assiste, é Titanic, uma produção feita com o máximo de realidade que não há como fazer como a pessoa que o assiste não se comova com a ficção que ali é vista.

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O filme do momento, AINDA ESTOU AQUI, se apoia em um personagem da história recente do Brasil que mexeu com as vísceras da nação por ter trazido à tona a vida da família de um dos personagens, daquele momento, que como outras famílias também teve os seus momentos de repulsa, tristeza e tantos outros sentimentos aqui esquecidos.

Aos jovens há menos tempo que eu, esclareço que, teve um período na vida nacional, que um bando de alucinados decidiu que deveriam mudar o regime político do país para outro que eles consideravam ser o melhor para os brasileiros e que este era conhecido como DITADURA DO PROLETARIADO, já implantado em Cuba. As autoridades vigentes no país naquele momento se opuseram veementemente e, como contra ação, vinda dos responsáveis pela Nação, começaram a, dilapidar a sociedade por meio de ações violentas como: sequestro de embaixadores, desvio de aviões em pleno voo, assaltos os mais variados e assassinatos criminosos.

Dentre esses utopistas, pela nova proposta de regime, estava o Deputado Rubens Paiva, que segundo informações oficiosas, era simpático a Carlos Lamarca um capitão do exército que trocou tudo pela luta armada em função de seu objetivo.

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O cinema romanceou e coloriu a participação do Deputado naquele estágio de transformação do país, de tal ordem e hoje recebemos o Oscar cinematográfico. Uma homenagem muito especial a um subversivo do sistema, que mancharam a vida nacional com sangue desnecessário.

Cícero Carlos Maia é professor – artogsbsb@gmail.com

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