Themison teria orquestrado dois assaltos violentos contra a tia
Justiça recebe denúncia contra seis PMs pela morte de sobrinho de ex-primeira dama de Itaberaí

Em dezembro do ano passado o Ministério Público de Goiás (MP-GO) ofereceu denúncia em face de seis policiais militares suspeitos de executarem Themison Eterno Vieira, de 30 anos, e forjarem a cena do crime para simular um confronto. A denúncia foi recebida pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO).
O crime ocorreu dentro do apartamento da vítima, em Inhumas, Região Metropolitana de Goiânia. Themison foi morto porque teria comandado dois assaltos violentos contra a tia, a ex-primeira dama de Itaberaí, Eleni Soares Dias Mendonça, de mais de 70 anos, mãe da atual prefeita da cidade, Rita de Cássia (PSB). Os policiais estão afastados das funções.
De acordo com a denúncia do promotor Mário Caixeta, do dia 1º de dezembro, os policiais invadiram o apartamento do sobrinho da ex-primeira dama com a intenção de executá-lo. Essa situação teria sido demonstrada no laudo de local de crime, que faz parte da perícia criminal, e depoimentos de testemunhas. “(Os militares) deliberaram por matar a vítima, como vingança pelo roubo ocorrido em Itaberaí. Assim, arquitetaram um abjeto plano, de sorte a colher a vítima sem qualquer chance de defesa”, diz trecho da denúncia.
Além disso, segundo o documento, os militares teriam planejado o crime, a partir de uma investigação clandestina utilizando-se da função de PM. “Desde o início, os policiais agiram na clandestinidade, sem qualquer amparo legal, fazendo mau uso do cargo que lhes foi confiado pelo Estado”, diz trecho da denúncia. Os seis militares suspeitos de ter envolvimento com o crime são das cidades de Itaberaí e Anápolis.
Themison foi morto por volta das 11h50, dentro do quarto dele, em um apartamento no 12º andar do Residencial Portal do Vale. Algumas horas antes, o aspirante a oficial Edson Marcelino Machado Júnior, foi até o prédio, se identificou na portaria e monitorou a vítima pelas câmeras de segurança do residencial, de acordo com as investigações. Themison estava então na academia do prédio, realizando exercícios físicos. Assim que ele entrou no elevador, para subir até o apartamento, Edson teria chamado os outros militares.
Segundo as investigações, o apartamento de Themison foi invadido pelos militares. A porta teria sido arrombada pelo aspirante a oficial César Augusto Chicaroli Silveira, que ficou do lado de fora com o major Fábio Francisco da Costa, enquanto os outros quatro PMs teriam entrado no local.
O segundo tenente Mário Floro Ramo Júnior foi quem teria dado um único tiro “certeiro e fatal”, segundo texto da denúncia, a curta distância, acertando Themison no crânio. Em seguida, todos os militares teriam participado da alteração da cena do local do crime para aparentar uma situação de confronto.
De acordo com a denúncia, os militares teriam entrado no quarto e dado três disparos com uma pistola 9 mm no sentido exterior do cômodo, como se fossem tiros dados pela vítima. A arma teria sido então colocada ao pé da cama, próximo aos pés do corpo do sobrinho da ex-primeira dama de Itaberaí. Também participaram da ação e são suspeitos do assassinato, os militares Leandro Marques de Oliveira Souza e José Francisco de Morais Júnior.
Na denúncia, o MP-GO pediu a perda do cargo público dos militares envolvidos no crime, a fixação de indenização e a condenação pelo Tribunal do Júri. Também solicitou que sejam feitas perícias nas armas relacionadas ao caso.
O juiz João Luiz da Costa Gomes recebeu a denúncia, o que torna os seis militares réus, por considerar que existem indícios suficientes de autoria. Ele também decidiu pelo afastamento dos policiais tanto das ruas como de trabalhos administrativos, além da proibição de manterem qualquer tipo de contato com as testemunhas.
“Não estou afirmando que os promovidos usarão do cargo para praticar intimidações e nem que são culpados. Trata-se apenas de cautela”, diz trecho da decisão. Caso os réus descumpram as medidas, podem ser presos preventivamente. O juiz também defendeu que o afastamento resguarda os próprios policiais, para que não haja questionamento da sociedade sobre a honestidade da investigação. O processo também foi enviado para a auditoria militar por conta dos crimes militares de invasão de domicílio e fraude processual.
Themison era suspeito de coordenar dois roubos à casa da tia, a ex-primeira dama de Itaberaí
Themison Eterno Vieira, de 30 anos, era suspeito de ter coordenado dois assaltos violentos contra a tia, a ex-primeira dama de Itaberaí, Eleni Soares Dias Mendonça, de mais de 70 anos. Nas duas situações, em abril e novembro de 2019 (veja foto), ela foi agredida com golpes de coronhadas, dentro da própria casa em Itaberaí. A agressividade dos criminosos deixou a idosa com hematomas e necessidade de atendimento médico. Dois ladrões que participaram do segundo assalto, delataram Themison para a polícia.
O primeiro episódio de violência foi em 7 de abril de 2019. Eleni teve o quarto invadido por dois homens por volta das 5 horas da madrugada. Ela estava de joelhos fazendo orações, segundo entrevista da filha na época, a atual prefeita Rita de Cássia (PSB), quando foi abordada e agredida com coronhadas. Os ladrões levaram um carro, dois celulares e uma carteira.
Da segunda vez, os ladrões invadiram a casa da ex-primeira dama por volta das 3 horas, na madrugada do dia 22 de novembro de 2019. Eles renderam os seguranças da residência e agrediram Eleni, que teria reagido. Os assaltantes levaram um cofre com grande quantidade de dinheiro e joias.
A Polícia Militar prendeu dois suspeitos de envolvimento com os roubos cinco dias depois. Eles apontaram um terceiro comparsa, que já estava preso por outro motivo, e a relação de mandante de Themison. Na época, os policiais conseguiram recuperar as joias roubadas.
Themison tinha antecedentes criminais por roubo e interceptação. Quando foi morto em um suposto confronto com policiais no dia 20 de dezembro de 2019, a PM-GO divulgou que ele comandava uma organização criminosa responsável por roubos. Segundo notícia de 2015 do site da Polícia Civil de Goiás, Themison tinha o apelido de Barão.
Em 13 de março de 2015, o então Barão, foi preso em uma operação da delegacia de Goianésia com outras cinco pessoas, sob a suspeita de fazer parte de uma quadrilha de roubo de cargas e caminhões. Eles estavam com carros roubados em um posto de gasolina e estariam se preparando para um assalto no momento da prisão. Na época, as investigações apontavam que os conteúdos roubados seriam comercializados no Mato Grosso.
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JUDICIÁRIO
Após ação do MP, Vigilância Sanitária autua empresa responsável por alimentar presos em unidades prisionais
Através de nota, o MP-GO reforçou seu compromisso com a segurança alimentar e a garantia de condições dignas para os internos das unidades prisionais, adotando todas as medidas necessárias para a resolução das irregularidades identificadas.

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), em uma ação conjunta com a Vigilância Sanitária Municipal de Rio Verde, realizou, na última sexta-feira (28), uma inspeção surpresa na empresa Soluções Serviços, responsável pelo fornecimento de alimentação para os presos das unidades prisionais de Jataí, Rio Verde, Quirinópolis, Acreúna e Santa Helena de Goiás. A ação foi em decorrência do recebimento de diversas reclamações sobre a qualidade das refeições fornecidas.
De acordo com o promotor de Justiça Bernardo Morais Cavalcanti, titular da 12ª Promotoria de Rio Verde, durante a inspeção os fiscais da Vigilância Sanitária identificaram diversas irregularidades no local, o que levou à lavratura de um auto de infração. Na ocasião, foram constatados diversos problemas estruturais, de limpeza, na qualificação da equipe e na organização dos fluxos operacionais da empresa, tendo as inconformidades documentadas através meio de registros fotográficos.
O promotor esclareceu também, que em decorrência da gravidade dos problemas encontrados, os proprietários da empresa serão intimados a adotar providências imediatas para sanar as irregularidades encontradas e caso as exigências não sejam cumpridas, há risco de interdição do estabelecimento, que se encontra com alvará sanitário vencido.
A Vigilância Sanitária está dando prosseguimento ao auto de infração e novas visitas surpresa serão realizadas para fiscalizar o cumprimento das determinações.
Através de nota, o MP-GO reforçou seu compromisso com a segurança alimentar e a garantia de condições dignas para os internos das unidades prisionais, adotando todas as medidas necessárias para a resolução das irregularidades identificadas.
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