Opinião
O grande golpe no funcionalismo público
Como servidores previdenciário, concedemos milhares de benefícios. Mensalmente, atendemos a quase 39 milhões de aposentados e pensionistas. Há mais de 100 anos pagamos em dia a todos os beneficiários da previdência. Vale lembrar que Previdência se aprende no balcão do INSS e não em bancos escolares.
Entra governo, sai governo e o grande engodo é fingir que aumenta a remuneração do servidor público ativo e aposentado do Executivo.
Enquanto vemos aumento para o Judiciário, inclusive com o restabelecimento de quinquênios, como também para o Legislativo, implementando ainda 60% de reajuste nos gastos com passagens, já que atuam em Brasília e se deslocam para os seus respectivos estados, somente no poder Executivo a cada dia a remuneração míngua mais. O golpe com o funcionalismo do Executivo é criar uma série de penduricalhos, e ir enganando que é aumento de salário. E não é!
Aumenta o vale-alimentação, aí atinge somente o ativo, provavelmente entendem que somos servidores de terceira categoria por sermos aposentados, que não devemos comer, esquecendo-se os atuais servidores em atividade, que irão se aposentar e essa parcela não fará parte do seu provento. Bela artimanha governamental.
Criam gratificações por categoria, algumas com remunerações melhores, criam mecanismos para enganar a população, terceirizando os serviços que deveriam ser somente de concursados.
Estamos acompanhando diariamente a imprensa denunciando crimes através de utilização de senhas concedidas indevidamente a terceirizados, como exemplo: senhas para concessão de benefícios da previdência, senhas de acesso a dados dos aposentados. Uma vergonha. Enquanto isso, as filas só aumentam por absoluta falta de concursos e uma remuneração digna, bem como dignas condições de trabalho.
O servidor público da previdência/INSS, trabalhou em home office durante a pandemia utilizando seus próprios recursos, Wi-Fi, equipamentos, computadores e celulares, fazendo o trabalho em casa sem ressarcimento dos custos desse trabalho, e agora o governo quer a devolução dos valores do vale-transporte e da gratificação por insalubridade do mencionado período.
Pergunto: eles vão recompensar os servidores ativos e aposentados com aumento salarial digno, no mínimo a inflação do período? Ficamos os últimos sete anos sem aumento e agora nos apresentam migalhas, e assim mesmo somente para servidores ativos. Isso é imoral, inconstitucional, indecente e muito, muito injusto conosco, que somos a previdência social: trabalhamos num órgão que é a maior distribuidora de renda do país.
Como servidores previdenciário, concedemos milhares de benefícios. Mensalmente, atendemos a quase 39 milhões de aposentados e pensionistas. Há mais de 100 anos pagamos em dia a todos os beneficiários da previdência. Vale lembrar que Previdência se aprende no balcão do INSS e não em bancos escolares.
Hoje a força de trabalho do INSS encontra-se reduzida a 11 mil servidores. Do último concurso, só foram aproveitados 1.250 até o momento. Registramos que o quadro do INSS era composto de 30 mil servidores, que com a falta de concurso e o grande número de aposentadorias foi drasticamente reduzido.
Afirmamos que a robotização e a terceirização não apresentam solução para a eliminação das filas, mas que o aumento do número de servidores e a valorização dos mesmos será uma grande conquista para a previdência e os previdenciários.
Só para lembrar, nós também votamos!
Não merecemos esse golpe!!!
Paulo César Régis de Souza é vice-presidente Executivo da Associação Nacional dos Servidores Públicos, da Previdência e da Seguridade Social – Anasps.
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ARTIGO
PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.
A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.
A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.
A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.
Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.
André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).
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