Opinião
Pesquisa confirma Jerusalém bíblica
Estabelecer as datas de uma grande mudança no planejamento urbano permitiu atribuí-la a um terremoto devastador e ao desenvolvimento subsequente até 586 a.C. Notavelmente, enquanto pesquisas anteriores haviam creditado a reurbanização pós-terremoto ao Rei Ezequias, a datação por radiocarbono e a cronologia mostram que provavelmente ocorreu durante o reinado do Rei Uzias.
Em 29 de abril passado, cientistas israelenses publicaram o paper “Radiocarbon chronology of Iron Age Jerusalem reveals calibration offsets and architectural developments” na revista PNAS, Proceedings of the National Academy of Sciences e uma entrevista deles no The Jerusalem Post explica a importância da pesquisa científica que fizeram.
De acordo com a Bíblia, o Reino de Israel foi reunificado com a Judeia no século XI a.C., sendo governado por Saul, Davi e Salomão. Então, o reino foi dividido em Israel e Judá por volta de 975 a.C., no reinado de Roboão, que governou o Reino do Sul, composto pelos territórios das tribos de Judá e Benjamim. A divisão ocorreu por causa dos altos impostos cobrados pela monarquia.
Israel consistia em Samaria e Siquém no Norte, enquanto Judá e Jerusalém serviam como centro religioso no Sul. Até agora, havia apenas evidências bíblicas e históricas, mas nenhum vestígio arqueológico indiscutível para provar a cronologia exata.
Alguns estudiosos sugeriram que Jerusalém, a capital do reino, não emergiu como um centro administrativo significativo até o final do século VIII a.C. Antes disso, as evidências arqueológicas sugerem que sua população era pequena demais para sustentar um reino viável.
A mistura de arquitetura e habitação contínua ao longo de mais de 4.000 anos levou Jerusalém a ser uma amalgamação de construções de diferentes períodos, é uma cidade que viu muitas guerras, destruições e reconstruções, transformando-se em áreas urbanas complexas construídas sobre as ruínas do que veio antes.
Os cientistas realizaram mais de 100 medições de radiocarbono em material orgânico, principalmente sementes carbonizadas. Superaram o platô de Hallstatt (dificuldade de medida do C14) com a ajuda de 100 anéis de árvores (dendrocronologia). E ajudou a datação, a existência de dois eventos históricos bem determinados, a destruição de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C. e o terremoto do século VIII a.C..
A maior realização do estudo foi seu sucesso em criar uma cronologia absoluta, com detalhes e fidelidade sem precedentes, para uma cidade continuamente habitada. Em particular, os pesquisadores conseguiram fornecer evidências concretas da presença generalizada de habitação humana em Jerusalém já no século XII a.C. Uma expansão para o oeste da cidade foi precisamente datada do século IX a.C., determinando o momento da construção de um grande edifício antigo.
Estabelecer as datas de uma grande mudança no planejamento urbano permitiu atribuí-la a um terremoto devastador e ao desenvolvimento subsequente até 586 a.C. Notavelmente, enquanto pesquisas anteriores haviam creditado a reurbanização pós-terremoto ao Rei Ezequias, a datação por radiocarbono e a cronologia mostram que provavelmente ocorreu durante o reinado do Rei Uzias.
Jerusalém é uma cidade viva, não é como um sítio arqueológico como uma sequência de camadas, é uma cidade constantemente reconstruída, com evidências arqueológicas dispersas. Apesar desses desafios, os cientistas conseguiram montar sua cronologia absoluta durante a Idade do Ferro.
Mario Eugenio Saturno (fb.com/Mario.Eugenio.Saturno) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano
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ARTIGO
PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.
A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.
A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.
A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.
Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.
André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).
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