Opinião

Proibição do uso de celular em escolas. Por que é importante?

Nossas crianças estão adoecendo por conta da tecnologia. Não podemos negar que a tecnologia é muito boa e importante, mas ela não pode ter a dimensão que está tendo numa época tão importante quanto o desenvolvimento.

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Luciana Brites é psicopedagoga e CEO do Instituto Neurosaber.

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou, no dia 30 de outubro de 2024, um projeto que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos nas escolas públicas e privadas. Inúmeros trabalhos científicos falam que o uso do celular está tendo um impacto importante no desenvolvimento das nossas crianças. Isso tem impacto muito relevante, pois uma criança passa 200 dias letivos numa escola e no mínimo quatro horas por dia.

Todas as pesquisas neurocientíficas são a favor dessa medida, pois a criança poderá se envolver mais com os outros e trabalhar habilidades que estão sendo deixadas de lado. Há habilidades e competências no boom do desenvolvimento, os pontos sensíveis do desenvolvimento, por exemplo, que acontecem justamente na educação infantil e no fundamental. Então, precisamos preservar o cérebro e o desenvolvimento cognitivo, desenvolvimento emocional e o aprimoramento em todas as áreas.

É fundamental os pais se prepararem. Aliás, isso é um ponto de reflexão para os próprios responsáveis. Porque, às vezes, há pais que acabam colocando na tecnologia uma dependência extremamente excessiva. E acabam pormenorizando as relações sociais que eles precisam desenvolver com os filhos.

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Estamos vendo crianças com problemas e atrasos de linguagem. Ou que não têm transtorno, mas que acabam desenvolvendo déficits de linguagem, déficits de habilidades sociais, além de ficarem mais ansiosas.

Nossas crianças estão adoecendo por conta da tecnologia. Não podemos negar que a tecnologia é muito boa e importante, mas ela não pode ter a dimensão que está tendo numa época tão importante quanto o desenvolvimento.

Por exemplo, desde 2018 já se têm pesquisas mostrando que na Inglaterra as crianças estão com dificuldade de segurar no lápis e habilidades básicas como escovar dentes. Isso se dá por não utilizarem as mãos, não utilizarem outras habilidades motoras. Elas estão perdendo essas funções e diminuindo as habilidades por conta dos aparelhos eletrônicos, como smartphones e tablets. A tecnologia é muito boa e pode ser uma grande aliada, mas ela tem que ser mediada. Mediada por quem? Pelos pais, pela família.

Os pais também devem ficar atentos aos sinais de agressividade. Se eles acontecem, já mostra uma dependência. A escola é um momento extremamente relevante onde a criança, além de aprender, desenvolve várias habilidades e competências, pois o cérebro é muito plástico.

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Inclusive, o projeto de lei fala algo muito importante, ele proíbe o porte. Já há pesquisas que mostram que o simples fato de termos o porte do celular, ele já é uma atividade que pode provocar distração. Por exemplo, uma criança de cinco ou de seis anos vai ter essa dificuldade em se autorregular e saber se agora pode ou agora não pode mexer. Não há malefícios, somente benefícios.

Luciana Brites é Mestre e Doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento

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ARTIGO

Legado ou prisão?

O testamento é um ato unilateral e na maioria das vezes desconhecido dos herdeiros ou legatários até a morte do testador. Daí que as surpresas podem ser extremamente desagradáveis e de difícil interpretação.

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Melina Lobo é Conselheira de Administração e Advogada.

Gosto de refletir sobre palavras antitéticas que tenham o mesmo número de letras. Assim, para a palavra legado, a antitética é prisão. Explico. Quando nos comprometemos com algo que não concordamos ou não entendemos, o legado vira uma prisão.

Na minha jornada profissional, vi muitos testamentos sendo questionados, herdeiros irritados e outros aprisionados na vontade do testador. Por isso, a experiência de quem já viveu 94 anos intensos, participando de inúmeros negócios e conhecendo diversas dinâmicas familiares me encanta.

“Eu tenho mais uma sugestão para todos os pais, sejam eles pobres ou ricos. Quando seus filhos estiverem maduros, peça para eles lerem seu testamento antes de você assiná-lo. Tenha certeza que cada filho entenda tanto a lógica de suas decisões quanto as responsabilidades que eles vão encontrar depois da sua morte.Se algum deles tiver dúvidas ou sugestões, escute com cuidado e adote as que você considerar sensatas. Você não quer seus filhos perguntando

“por quê?” em relação a decisões testamentárias quando você não for mais capaz de responder”.

Essa é parte da carta de Warren Buffett publicada essa semana e replicada em várias redes sociais. O alerta é de extrema importância: discuta com seus filhos suas ideias para que elas possam ser executadas quando você não estiver mais aqui!

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Em outras palavras, cuide para que seus desejos sejam um legado e não uma prisão para os beneficiários.

O testamento é um ato unilateral e na maioria das vezes desconhecido dos herdeiros ou legatários até a morte do testador. Daí que as surpresas podem ser extremamente desagradáveis e de difícil interpretação.

Buffett alerta para esse fato e previne a todos para que discutam os termos de suas últimas vontades, acrescentando: “Ao longo dos anos, eu recebi perguntas e comentários de todos os meus três filhos e com frequência adotei suas sugestões. Não há nada de errado com eu ter que defender meus pensamentos. Meu pai fez o mesmo comigo”.

Ele também afirma que altera seu testamento a cada dois ou três anos e tenta deixar as coisas simples porque ao longo dos anos viu muitas famílias se separarem depois que tomaram conhecimento do testamento. Os desejos do testador deixaram os beneficiários confusos e algumas vezes com raiva.

Em sua carta, ele diz que os ciúmes junto com desprezos reais ou imaginários durante a infância, são ampliados particularmente quando alguns filhos são favorecidos seja em termos monetários ou de posição de prestígio.

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Afirma que conhece alguns casos onde testamentos de pais ricos que foram completamente discutidos antes da morte ajudaram a tornar a família mais próxima. E faz uma pergunta inquietante: “o que pode ser mais satisfatório?”

Construir um legado ou uma prisão está em nossas mãos.

Melina Lobo é Conselheira de Administração e Advogada

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