Opinião

Um milagre ateu

A relação entre as Forças Fundamentais, a força nuclear forte e a força nuclear fraca, precisa estar equilibrada de forma precisa para a formação dos núcleos atômicos e para os processos de fusão estelar. Pequenas variações podem resultar em um universo sem elementos pesados necessários para a vida.

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Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

Convido a refletir: você já parou para pensar que mesmo que Deus não exista, a existência do nosso universo é um milagre? Qualquer pessoa que passou pelo segundo grau já viu e conheceu as equações físicas e químicas. Observe que essas leis da Física e as leis da Química existem e estão ajustadas finamente para que matéria e energia existam. E observe ainda a matéria, quantas partículas atômicas e subatômicas já se detectaram, tudo para que nosso mundo exista.

Comece com o primeiro conceito, o tempo, o que é o tempo, uma dimensão? Embora não entendamos claramente, todos têm a experiência da fluidez do tempo. Observe a gravitação do Newton e a Constante Gravitacional que está no ponto certo para que as estrelas sejam formadas e durem por muito tempo, suficiente para que criem elementos a partir do hidrogênio, o mais simples elemento. Se essa constante fosse maior, as estrelas durariam pouco, morreriam logo, e se fosse menor, nem nasceriam. E o que vemos é um universo repleto de estrelas, planetas e galáxias.

Outra constante importante é a Velocidade da Luz no Vácuo, para a teoria da relatividade e para a consistência das leis físicas, pois afeta a conversão de massa em energia e o comportamento da radiação.

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Já a Constante de Planck determina a quantização da energia, implicando na estrutura atômica e nas reações químicas essenciais para a vida. E a Constante de Estrutura Fina que está relacionada à força eletromagnética que une os elétrons aos núcleos atômicos. Variações no seu valor poderiam impedir a formação de átomos estáveis.

A Massa do Próton e do Nêutron e a diferença precisa entre essas massas é fundamental para a estabilidade dos núcleos atômicos e para as reações nucleares nas estrelas. A própria Carga Elementar do elétron afeta a força eletromagnética e é determinante para a formação de átomos e moléculas.

Assim também é a Constante de Boltzmann, que relaciona temperatura e energia, algo importante para as propriedades termodinâmicas dos sistemas físicos.

A relação entre as Forças Fundamentais, a força nuclear forte e a força nuclear fraca, precisa estar equilibrada de forma precisa para a formação dos núcleos atômicos e para os processos de fusão estelar. Pequenas variações podem resultar em um universo sem elementos pesados necessários para a vida.

E algo difícil de explicar, o Número de Dimensões Espaciais. Nosso universo possui três dimensões espaciais e um temporal, ao menos, as que fomos capazes de detectar. Mudanças no número de dimensões espaciais afetariam drasticamente as leis físicas e a possibilidade de vida como conhecemos.

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Cientistas como Hawkings acreditavam que vivemos em um universo, mas a realidade continha uma infinidade, o multiverso. Cada um teria suas leis e constantes próprias, obviamente não tendo vida como temos no nosso.

Depois de tantas constantes universais finamente ajustadas para que a vida exista, que a evolução aconteça e termine em uma espécie inteligente e que pesquise e conheça tudo, exceto o antes da criação (do famoso Big Bang), continuaremos nesse mistério que é o milagre de nossa existência.

Mario Eugenio Saturno (fb.com/Mario.Eugenio.Saturno) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

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ARTIGO

PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação. 

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André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.

A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.

A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.

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A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.

Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.

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A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.

André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).

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