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A comunicação pode ajudar a combater o coronavírus e salvar vidas!

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Números são frios, mesmo se expressivos, não têm alma, não contam histórias de vida. Talvez por essa razão não sensibilizem a todos. Fosse o contrário, os mais de 200 mil brasileiros mortos e os mais de oito milhões de infectados pelo coronavírus seriam mais do que suficientes para inibir as aglomerações de compras de Natal e as baladas da virada do ano. Centros comerciais ficaram lotados e festas para lá de animadas foram realizadas no campo, litoral e cidade. Especialistas dizem que o vírus também “comemorou” e que o tamanho da sua “alegria” será demonstrado nas estatísticas de fechamento de infectados e mortos no mês de janeiro. Esperam-se números assustadores. O quadro que se desenha é complexo: hospitais de grandes centros revelam capacidade esgotada em suas UTIs. E os hospitais de campanha, vale lembrar, foram desmobilizados!

A agitação de final de ano, não se pode negar, já era esperada e as suas consequências previsíveis. Porém, pouco ou nada foi feito para inibi-las. Nesse momento, as diferentes ferramentas de comunicação, se utilizadas (e da forma correta), com frequência e ênfase necessárias, por certo ajudariam a mitigar os danos que já estamos vendo. Informação verdadeira e oportuna, não é segredo, salva vidas!

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Os veículos de comunicação, cada um a seu jeito e de acordo com suas preferências políticas, têm cumprido, é verdade, o seu papel de informar. Mas será que o formato jornalístico alcança e impacta a todos como se deve e precisa? Será que este formato tem o poder de mudar atitudes? Pelo que se viu até o momento, não, sobretudo no período do final de ano.

É fato que o governo federal não tem grande apreço pela comunicação de serviços, principalmente se voltada para ações relacionadas à pandemia. Para ele, a Covid-19 não passa de uma gripezinha. Mas não é, já está mais do que provado que se trata de uma enfermidade grave e que a sua “segunda onda” aparenta ser mais agressiva do que a primeira. Por essa razão, a população precisa ser alertada e de forma incisiva, apesar do início da vacinação, de que ainda não dá para relaxar e dispensar o uso dos aparatos de proteção (máscara e higienização das mãos) assim como do isolamento social (quando possível) e do distanciamento físico. Aglomerações nem pensar!

Discursos políticos e análises jornalísticas de profundidade não conseguiram tocar os corações e mentes dos cidadãos. Muitos seguem dando de ombros para os perigos já comprovados. Já passou da hora das autoridades, as Estaduais na falta da Federal, convocarem o talento de profissionais para desenvolverem campanhas de comunicação, utilizando os diferentes meios para sensibilizar a população, sobretudo a parcela mais jovem, que ainda se imagina imune aos efeitos do coronavírus.

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Campanhas comunicacionais com o intuito de sensibilizar e alertar a população foram realizadas no passado e com excelentes resultados: de prevenção a AIDS, pelo uso do cinto de segurança, de economia de água durante períodos de seca prolongada, dentre outras. É certo que uma campanha bem feita e criativa produziria o efeito desejado, além, é claro, de fortalecer a importância da vacinação.

Até que se vacine a maior parte da população brasileira, com qualquer uma das vacinas disponíveis, a melhor forma de combater o coronavírus é consumir informações de qualidade (verdadeiras!), e seguir sem resistência as orientações preventivas oferecidas pela ciência. A vida vale este esforço!

Isabel Rodrigues é mestre em comunicação e cultura midiática e professora das faculdades de Relações Públicas e Jornalismo da FAAP e da Universidade Católica de Santos.

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PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação. 

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André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.

A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.

A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.

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A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.

Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.

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A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.

André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).

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