Opinião
A economia, estúpido!
Em 12 de março de 2020, dia que morria a primeira vítima de Covid-19, mas não sabíamos ainda, César Maia, através de seu ex-blog, alertava a Pátria do desastre em curso e de como salvar o Brasil com um estudo de Tomas Pueyo. Isso mesmo, faz um ano que sabemos como combater o inimigo, denominado Sars-Cov-2, mas não fazemos.
E por que não fazemos? Se tivemos um patriota a nos alertar, também temos um presidente despatriota a nos governar. Ele crê que ama o Brasil, mas é alguém que se aproveitou de uma condição: trabalhou sete anos no Exército e aposentou ganhando o bom salário de capitão e isso aos 33 anos de idade. Patriota? Os demais anos de “serviço” que ele alega ter foram de estudo em escola de primeiro grau e nas Agulhas Negras. Pois é, você que paga escola particular, ou mesmo você que tem o filho em escola pública, o presidente recebia salário para estudar em boa escola e contando tempo para a aposentadoria. Mas, o pior, ele aprendeu pouco nessas escolas. Se tivesse aprendido Português ou Matemática já faria a diferença.
Ele ainda não entendeu porque foi eleito. Ele e sua trupe, não confundir com tropa, é a circense mesmo, acreditam-se inteligentes e conhecedores, mas se percebe a pouca leitura pelo linguajar. Pensam ter o apoio de 57 milhões de brasileiros, mas se soubessem entender números, pesquisas e estatística, saberiam que têm apenas 17 milhões a sustentar essa pauta ignóbil da arminha, os demais 40 milhões de eleitores votaram nele para derrubar as quadrilhas que infestaram o governo federal. E se os petistas não entenderem esse fenômeno, o Jair será reeleito.
O mais importante que o Messias e seus egômanos não entendem é que tudo isso deságua na Economia. Como já declamou Bill Clinton décadas atrás: a economia, estúpido! Enquanto Bolsonaro recrutou Paulo Guedes, um economista sem experiência estadista, nem acadêmica, o governador paulista Dória convocou Henrique Meirelles que já havia projetado o governo de Lula e salvo o Brasil após o fracasso de Dilma.
A expectativa do Produto Interno Bruto era de -9%, mas o Brasil fechou 2020 com -4,1%, queda menor atribuída ao auxílio emergencial, todavia São Paulo cresceu +0,4%. Cálculos preliminares mostram que a queda do PIB do Brasil sem São Paulo é de -6,2%, uma diferença que demonstra como se combate a pandemia e protege a economia.
Depois de um ano, está claro que o presidente não tem condições de governar, já passou da hora dos parlamentares mostrarem seu amor ao Brasil, um patriotismo heroico, colocar o presidente em seu lugar, mostrar intenção e, se for preciso, fazer o impedimento.
Há um ano, já tínhamos a receita difundida por César Maia, mas depois de muitas experiências, creio que o “lockdown” ideal para o Brasil é fazer como a China: (1) fecha fronteiras, (2) fecha regionalmente com o tempo e a dureza necessária, usando com rigidez os artigos do Código Penal, e (3) quem quiser entrar no Brasil, tem que fazer teste adequado, estar vacinado no tempo certo ou quarentena de 14 dias. Receita simples que só requer liderança nacional.
Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano
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ARTIGO
PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.
A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.
A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.
A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.
Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.
André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).
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