Opinião

A força e união do agro

Em um mundo e, principalmente, em um país com a potencialidade do Brasil, em termos de segurança alimentar, as políticas públicas deveriam se equilibrar entre proteger e projetar em função das próximas gerações, começando pela já existente.

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Angela Vidal Gandra da Silva Martins, professora de Filosofia do Direito e advogada. Foto: Andreia Tarelow

A frase “o agro unido jamais será vencido” pode soar como um chavão, porém, é muito oportuno para o momento, e, em especial, no mês em que celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, já que temos demonstrado que a nossa produção agropecuária é a mais sustentável do mundo.

De fato, uma reportagem que li recentemente sobre o tema, comentava que esse dia, ou seja, o dia do meio ambiente, também poderia ser considerado o dia do pequeno agricultor, que tanto preserva e cuida a terra.  Mas, infelizmente, hoje o ambientalismo tornou-se uma espécie de totalitarismo, onde o ambiente é absolutizado como fim, e não, efetivamente como meio relativo ao ser humano.

Em um mundo e, principalmente, em um país com a potencialidade do Brasil, em termos de segurança alimentar, as políticas públicas deveriam se equilibrar entre proteger e projetar em função das próximas gerações, começando pela já existente.

Por outro lado, a verdade, ou pelo menos a sensatez, deveria orientar a informação, sem alarmismos ideológicos – ou melhor, utilitaristas –, o que também auxiliaria na tomada de decisões eficazes, eficientes e realmente sustentáveis. Nesse sentido, podemos afirmar que nosso agro tem enfrentado séria oposição, desde a falácia em apresentar incompatibilidade entre agricultura familiar e meio ambiente, passando pelo marco temporal e apropriação de zonas “florestais” até o escândalo da “Arrozbrás”.

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Talvez o agro possa ser uma ameaça por alguns pois preserva a família, a vida, a propriedade e a liberdade. Por outro lado, manipular um setor básico, com pseudo fundamentação ESG, é o primeiro passo para garantir a cadeia toda, preservado também o fim, como a indústria e os bancos, o que estamos vendo claramente na reforma tributária. Assim se apropria de toda economia de um país.

A força do agro é natural e, de certa forma divina, pois tanto depende do Criador, e, sua persistência, pela necessidade, resiste e encontra caminhos para seguir trabalhando a terra, cuidando devidamente o ambiente através dela, e assegurando, dessa forma, sustento, sustentabilidade e liberdade.

Por fim, a união entre as pessoas e o foco nelas como prioridade é o que efetivamente torna o agro forte. Disputas políticas ou de puro poder – que deve ser exercido também de forma democrática – não devem caber em um setor que necessita trabalhar com unidade e lealdade, pois dele depende a nação e seu desenvolvimento econômico e social.

Por essa razão, o lema de entidades em defesa do agro é tão apropriado: “Plante, cultive e colha a paz”. Essa é a força e a união que vem do campo.

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Angela Vidal Gandra da Silva Martins, professora de Filosofia do Direito e advogada

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ARTIGO

PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação. 

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André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.

A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.

A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.

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A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.

Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.

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A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.

André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).

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