Opinião
A melhor forma de avaliar se os resultados foram atingidos
Estes conceitos se aplicam tanto às empresas como aos colaboradores, ainda que tenham suas especificidades. Por um lado, para ajudar as organizações a aprenderem, o trabalho é um pouco mais simples, pois provavelmente teremos mais dados disponíveis, olhamos para receita, para os custos, etc. Já a análise individual é um pouco mais complexa, pois muitos dos resultados que alcançamos são em time.
Você já se perguntou qual é a melhor maneira de avaliar os resultados, seja da empresa de forma geral ou dos colaboradores? É provável que sim. E também é provável que você tenha sentido um pouco de dificuldade para conseguir entender se esses resultados foram atingidos de fato, sem se basear apenas em achismos.
Isso acontece porque as pessoas não estão acostumadas a trabalhar por resultados, o que faz com que se percam no caminho, diante dos obstáculos que inevitavelmente vão surgir. E ao se verem engolidos pela rotina, fica difícil ter o mínimo de controle sobre tudo que está acontecendo. São muitas coisas em paralelo e não saber se estão evoluindo gera frustração no final.
Não tente se enganar, se o resultado não foi o que você esperava, não dá para fingir que não percebeu. Caso contrário, você continuará andando em círculos, sem rumo e entrará em um looping eterno de chegar ao fim do caminho sem ter o que desejava. Mas se você nem sabia onde queria chegar, fica ainda mais complicado.
Porém, existem meios de contornar essa situação e fazer com que o seu esforço comece a realmente valer a pena. O primeiro passo é adotar uma gestão por OKRs – Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados) -, que vai lhe ajudar a ter mais foco e clareza não só de onde você quer chegar, mas também em relação ao progresso em sua jornada.
A partir disso, será possível traçar estratégias e criar um plano de execução estruturado, onde você conseguirá estabelecer quais são os resultados esperados e quais ações devem ser feitas para conseguir alcançá-los no final do processo. É claro que essa mudança não ocorre de uma hora para outra, quanto mais gente, mais tempo leva, mas valerá a pena.
Outro ponto positivo é que a ferramenta propõe que sejam realizados ajustes frequentes, com ciclos geralmente de três meses, o que vai fazer com que seja viável acompanhar os detalhes mais de perto, percebendo os erros e os acertos, consertando o que deu errado e fazendo novas tentativas a partir dos aprendizados, não precisando levar um ano para avaliar o que deu certo ou não.
Estes conceitos se aplicam tanto às empresas como aos colaboradores, ainda que tenham suas especificidades. Por um lado, para ajudar as organizações a aprenderem, o trabalho é um pouco mais simples, pois provavelmente teremos mais dados disponíveis, olhamos para receita, para os custos, etc. Já a análise individual é um pouco mais complexa, pois muitos dos resultados que alcançamos são em time.
Em geral, vamos ter que levar em conta alguma subjetividade, ainda que tenhamos elementos concretos que vamos capturando ao longo das reuniões de trabalho para alcançar um determinado OKR, por exemplo. Em ambos os casos, passamos a incorporar em nosso processo de avaliação mais dados e fatos do que meras opiniões. E a avaliação do colaborador leva em conta estes dados que vamos levantando durante a jornada.
Se estivermos olhando para os resultados do desenvolvimento de um colaborador, ou seja, o famoso PDI (Plano de Desenvolvimento Individual), precisamos capturar concretamente como percebemos o avanço desta pessoa em relação ao plano, podendo assim começar a avaliar se conseguiu atingir os resultados estabelecidos ou não.
O colaborador tem feito mais de determinada coisa e apresentado mais de um certo comportamento, deixando de lado outros que não lhe fazem bem ou ao time? Tem feito tarefas com mais facilidade? Tem necessitado de menos revisão ou supervisão? Muito provavelmente, encontraremos formas de quantificar estas coisas e isto se transformará em dados para oferecermos feedbacks construtivos para seu desenvolvimento.
Desta forma, conseguimos avaliar, de maneiras específicas e também personalizadas, se os resultados foram atingidos pela empresa como um todo e pelos integrantes da equipe. Isso permitirá que consigamos mensurar se estamos no caminho correto ou se será necessário alguma mudança de conduta para que encontremos o final desejado.
Pedro Signorelli é especialista em gestão
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ARTIGO
PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.
A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.
A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.
A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.
Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.
André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).
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