Opinião

Desconhecimento e equívocos que travam a comunicação do agro brasileiro

É bom dizer que no escopo empresarial, boa parte das vezes a comunicação atua dentro da aba do marketing. No entanto, existem muitas organizações com organogramas fixando a comunicação diretamente ligada à diretoria/presidência, ficando o marketing junto à diretoria comercial.

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Ariosto Mesquita é jornalista, pós-graduado em Administração de Marketing e Comércio Exterior e mestre em Produção e Gestão Agroindustrial.

Ao longo de pouco mais de três décadas atuando na área de comunicação e, eventualmente, no marketing (tenho as duas formações), vi muita gente necessitando de uma coisa e comprando outra (e vice-versa). No que se refere à comunicação, existe ainda muito desconhecimento sobre o que é publicidade e como funciona o jornalismo, por exemplo. Isso vale para cidadãos, pequenas empresas e até grandes conglomerados.

No agro, esta confusão não é diferente e possivelmente seja mais acentuada em virtude das fortes necessidades que diversas cadeias produtivas têm em informar e colocar seus produtos nos mercados interno e externo. Quando o assunto é comunicação e marketing, o segmento vira e mexe considera um sinônimo do outro. E não é assim.

Isso não quer dizer que o marketing e a comunicação não possam trabalhar juntos. Ao contrário.  Em inúmeras situações é o que acontece, pois se complementam e se apoiam em vários aspectos. Mas a não compreensão de suas funções e aplicações específicas tende a levar ao mal uso e dispêndio financeiro. Eu já vi iniciativa com orçamento de R$ 18 milhões para “mudar a imagem do agro”. Pura utopia! O dinheiro foi embora e nada aconteceu.

É bom dizer que no escopo empresarial, boa parte das vezes a comunicação atua dentro da aba do marketing. No entanto, existem muitas organizações com organogramas fixando a comunicação diretamente ligada à diretoria/presidência, ficando o marketing junto à diretoria comercial.

Marketing e venda

A definição mais simples e objetiva que conheço (e adoto) para marketing é “fazer você comprar de mim”. Podemos, portanto, entender que o marketing trabalha para viabilizar a venda, seja de um produto, de um serviço ou mesmo de uma ideia. Na política, por exemplo, busca convencer você a ‘comprar’ um programa partidário, de governo e/ou a imagem/conceito de um candidato.

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Em muitas situações este procedimento precisa se repetir para atingir um objetivo. É o caso do marketing no agro.  Ele é ferramenta fundamental, por exemplo, para que o mercado compre a ideia do perfil sustentável da pecuária brasileira. Tanto para quem está lá fora (novos mercados internacionais) quanto aqui dentro (consumidor brasileiro). Vencida esta etapa, o marketing continua atuando para vender a mercadoria (carne) atrelada à sua origem e condições de produção.

Comunicação e reputação

Mas experimente vender algo que esteja com a imagem maculada, com fraca, péssima ou nenhuma reputação. Será complicado! Antes de qualquer coisa é necessário botar em campo os recursos da comunicação (dentre eles as habilidades dos profissionais de publicidade e propaganda e de jornalismo, por exemplo).

É bom deixar claro que criar reputação para um produto, serviço ou ideia, não funciona de forma pontual. Exige um processo, ou seja, não se faz do dia para a noite e deve ser uma constante. Já vi muito negócio dispensando a comunicação para se arrepender no primeiro ‘incêndio’. A comunicação vai muito além do que funcionar como bombeiro em gestão de crise. Além disso, pressupõe uma via de mão dupla de informações. Do emissor para o receptor e o retorno deste para o emissor (feedback).

Portanto, pra vender bem, reputação é fundamental. “Mas Ariosto, meu produto é bom. Já temos mais de 100 mil seguidores no Instagram”. Popularidade é coisa boa, mas não significa necessariamente reputação e respeito. Além disso, seguidores e likes em redes sociais são termômetros efêmeros, recomendáveis para uma leitura de momento. O “digital mídia” é uma evidente e justa demanda das organizações para se manterem vivas e ativas nas mais diversas plataformas. Porém, para galgar e manter prestígio, renome e assegurar um fluxo transparente de informações entre a marca e a sociedade, quem já experimentou não abre mão da sua assessoria de imprensa. Do empresário ao jogador de futebol; do médico ao artista; do frigorífico ao produtor rural (sim, seja agricultor ou pecuarista – pessoa física ou jurídica).

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Converso e convivo com muitos produtores rurais. É praticamente consenso entre eles de que o agro brasileiro consegue até se comunicar entre si (dentro da porteira, por exemplo), mas com a sociedade, ainda há muito a evoluir. O assunto é amplo, importante e não se pode esgotá-lo em um artigo. É fundamental o debate e os esclarecimentos. Lá fora ainda existe uma visão por vezes demoníaca sobre alimentos produzidos no Brasil. Nosso agro precisa fazer a sua parte e investir em reputação.

Ariosto Mesquita é jornalista, pós-graduado em Administração de Marketing e Comércio Exterior e mestre em Produção e Gestão Agroindustrial.

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ARTIGO

Falta erudição na política

A questão é que a política define os rumos da sociedade, decide sobre a vida da coletividade,  ou seja, por mais que se negue ou se criminalize é uma função essencial para sociedade.

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Henrique Matthiesen é formando em Direito co pós-graduação em Sociologia

Nada mais deprimente do que assistir o nível da classe política contemporânea: rasa, ignorante, parva e ignóbil, dentre outros adjetivos.

Fenômeno este que atinge todo o mundo e que demonstra o retrocesso civilizatório pelo qual passa a humanidade.

A transformação do exercício político em “espetáculo” – muitas das vezes grotesco e de baixo nível – é a decorrência da escravização dos likes e da lacração impostos pelas redes sociais à sociedade.

O vulgar, o embuste, a incultura  a desinformação,  a deserudição e a agressividade são as regras e não as exceções da ascensão meteórica de “imbecis” à arena política.

Estes lacradores são incapazes de conjugar mais de um verbo, ou simplesmente organizar um raciocínio linear coerente; projetos, então, são um verdadeiro suplício. Desprezam as experiências pretéritas, desconhecem a historicidade das instituições, debocham dos exemplos, e são soberbos de sua estupidez; porém são ligeiros na prática do parlapatão, do charlatanismo e do engodo.

Neste cenário está em extinção o grande orador, o conhecimento, o debate profícuo e respeitável, o exercício saudável do contraditório baseado em visões de sociedade.

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Substituímos o conhecimento pela ignorância, o decoro pela descompostura, a oratório pela linguagem vulgar, os princípios iluministas pelo obscurantismo, a verdade pela fake news, a  cortesia pela  boçalidade, a ideia pelo vazio, a seriedade pela molecagem.

Isso tudo sob os holofotes da imbecilização da sociedade que compartilha, aplaude e viraliza os horrores ruinosos dos lacradores.

A questão é que a política define os rumos da sociedade, decide sobre a vida da coletividade,  ou seja, por mais que se negue ou se criminalize é uma função essencial para sociedade.

O exercício da política sem o mínimo de erudição, ou simplesmente, à mercê fútil e grotesca dos likes condena irreversivelmente nosso presente e nosso futuro, afinal não podemos almejar um presente ou um futuro melhor se somos representados ou dirigidos por imbecis ignorantes, escravos dos likes e da deserudição, afinal falta erudição.

Henrique Matthiesen é formando em Direito co pós-graduação em Sociologia

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