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Opinião

Baruc e a Septuaginta

Na verdade, se pensar bem, as Línguas estão vivas. Por conseguinte, a Bíblia muda o tempo todo, só que não percebemos. Já escrevi seis artigos sobre o assunto e, creio, encerro essa fase com este.
Mario Eugenio Saturno

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Em 14 de fevereiro de 2024, adquiri uma Septuaginta (LXX) em grego para auxiliar minhas aulas no curso na Escola de Teologia para Leigos em São Sebastião. O que eu não esperava era saber que o Antigo Testamento de nossas Bíblias está muito diferente do original que os primeiros cristãos usavam. Isso acaba com a argumentação “Sola Scriptura”.

Na verdade, se pensar bem, as Línguas estão vivas. Por conseguinte, a Bíblia muda o tempo todo, só que não percebemos. Já escrevi seis artigos sobre o assunto e, creio, encerro essa fase com este.

Matthieu Richelle, no livro “The Oxford Handbook of the Septuagint” aponta que na Septuaginta, o livro de Jeremias é inseparável do livro de Baruc. Os Padres Gregos até Orígenes e os Padres Latinos, exceto Jerônimo, citam este livro como sendo de Jeremias. Na antiga Vetus Latina, Baruc segue diretamente Jeremias 52 sem título.

O início de Baruc (Br 1,1-14) retoma o tema dos últimos versos de Jeremias (Jer 52,31-34 MT), ou seja, a inexplicável reabilitação de Joaquim na corte real da Babilônia, fornecendo a razão para isso, este rei se arrependeu ao ouvir as palavras lidas por Baruc.

Várias composições se desenvolveram em torno da figura de Baruc, como 1, 2 e 3 Baruc. A primeira dessas obras, também simplesmente chamada “Baruc”, é a única incluída nos manuscritos da LXX. É provável que o livro desempenhasse um papel no calendário litúrgico. Supõe-se que tenha sido escrito no dia da comemoração da queda de Jerusalém (Br 1,2) e contém uma oração coletiva destinada a ser lida no Templo “em um dia de festa”. Henry Thackeray intuiu que os judeus o liam no nono dia de Ab, junto com Lamentações.

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Baruc divide-se em quatro partes, (A) uma introdução histórica (Br 1,1-14); (B) uma oração coletiva de confissão e lamento para ser lida no Templo (Br 1,15-3,8); (C) uma meditação sobre a Sabedoria e uma exortação para buscá-la (3,9-4,4) uma composição poética reminiscente de Jó 28 e Eclesiástico 24, claramente se destaca, embora haja um vínculo com o resto do livro, essa parte começa afirmando que Israel foi exilado porque abandonou a fonte da sabedoria (Br 3,10-12); (D) uma exortação profética com palavras de consolação aos exilados e uma promessa de retorno (4,5-5,9), provavelmente é do segundo século a.C. porque seu conteúdo ajusta- se ao período macabeu.

Baruc não foi encontrado entre os Manuscritos do Mar Morto, mas é atestado por testemunhos gregos e latinos. O livro aparece em quatro manuscritos unciais (Alexandrinus, Vaticanus, Marchalianus e Venetus), bem como em muitos minúsculos. Acredita-se na existência de um Vorlage (original) hebraico para a primeira parte do livro (Br 1,1-3,8, escrita em prosa), mas não há consenso para a segunda parte (Br 3,9-5,9, em poesia).

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Devido ao seu compromisso com a Hebraica Veritas, Jerônimo não traduziu Baruc. A ausência de Baruc passou despercebida até os anos 800 d.C.. Nos séculos seguintes, o livro foi reintegrado à Vulgata utilizando manuscritos da Vetus Latina. As versões latinas antigas são preciosos testemunhos indiretos da LXX.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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