Com pouca representatividade política, mulheres ainda buscam direitos

Em 2021, quando as mulheres comemoram 87 anos do direito ao voto, elas seguem em luta por ampliar conquistas. Na tarde desta terça-feira (9), mais um direito deve ser conquistado pelas mulheres no Parlamento: é que o Senado deve aprovar o Projeto de Resolução do Senado (PRS) 6/21 que cria a figura de líder e vice-líder da bancada feminina na Casa.
Pactuado para entrar na pauta da Casa em homenagem ao mês das mulheres, na prática, a medida fortalece a voz das senadoras dando à bancada assento no Colégio de Líderes para falar, reivindicar pautas e deliberar, com os demais líderes, o que entra na lista de votações do plenário e das comissões da Casa.
Participação
A representatividade das mulheres no Parlamento ainda está muito aquém do peso que elas têm no eleitorado brasileiro, que corresponde a mais de 52,5%. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, das de 513 cadeiras, apenas 77 são ocupadas por deputadas, que corresponde a 15%. No Senado somente 12 mulheres foram eleitas para as 81 vagas, o que equivale a uma participação feminina de 14%.
Segundo o Mapa das Mulheres na Política 2020, feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela União Interparlamentar (UIP), o Brasil ocupa o 140º lugar no ranking de representação feminina no Parlamento. Na América Latina, o país está à frente apenas de Belize (169º) e Haiti (186º). Lideram o ranking Ruanda (1º), Cuba (2º) e Bolívia (3º).
Minorias
Apesar do pequeno número de eleitas, a quantidade de candidaturas tem aumentado, especialmente nos grupos minoritários. As candidaturas de mulheres indígenas passaram de 432 para 695 nas eleições de 2018. Já as de travestis e mulheres transgênero cresceram de 82 para 294 candidaturas no último pleito. No caso de mulheres pretas, as candidaturas passaram de 12.331 para 19.223 no mesmo período.
Propostas
Tanto na Câmara como no Senado dezenas de propostas querem garantir uma participação maior das mulheres no Parlamento. Um deles, o projeto de lei (PL 763/2021) de autoria do senador Wellington Fagundes (PL-MT), prevê no mínimo, 30% das cadeiras destinadas a mulheres na Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. A proposta também prevê que, quando da renovação de dois terços do Senado Federal, as vagas serão divididas equitativamente entre candidaturas do sexo feminino e do sexo masculino.
Em suas redes sociais, o senador afirmou que falta oportunidade para as mulheres, principalmente na política, e é isso que o PL 763/2021 cria. “Mesmo fora do lugar de fala, por ser homem, reconheço que uma das maiores necessidades das mulheres é a oportunidade. A mesma disposição da sociedade e do próprio ambiente de recebê-las como acontece com homens. Por isso, criei um projeto que reserva vagas no Legislativo para elas”, publicou o parlamentar.
Outro texto semelhante aguarda votação na Câmara dos Deputados. A proposta de emenda à Constituição (PEC 134/2015) determina a reserva de 16% das cadeiras no Legislativo federal, estaduais e municipais para mulheres. A medida, que teve origem na Comissão de Reforma Política do Senado, já foi aprovada pela Casa.
Edição: Denise Griesinger


POLÍTICA NACIONAL
CAS decide que universidades serão avaliadas por oferta de creche

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou nesta quarta-feira (12) projeto que torna a oferta de creches para filhos de estudantes, professores e demais funcionários como um dos critérios de avaliação de universidades (PL 1.062/2022). Agora ele segue para decisão final na Comissão de Educação (CE).
O proposta veio do ex-senador Rodrigo Cunha (AL) e recebeu parecer favorável da senadora Teresa Leitão (PT-PE). Ela altera a Lei 10.861, de 2004, que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). O Sinaes afere a qualidade e a evolução das instituições e dos cursos do ensino superior e o desempenho dos estudantes. Com a mudança, fica acrescido mais um critério no processo de avaliação das instituições.
Teresa destacou que a assistência gratuita aos filhos e dependentes até cinco anos de idade em creches e pré-escolas é um dos direitos dos trabalhadores garantido pela Constituição. A relatora apontou, contudo, que dados de 2024 do IBGE revelam que mais de dois milhões de crianças com menos de três anos enfrentam dificuldades para conseguir vaga em creches.
— A proposição pode ser apontada como uma iniciativa criativa, que contribui para inserir essas instituições no esforço coletivo de prover a mães e pais estudantes equipamentos para os cuidados de suas crianças pequenas — afirmou a senadora.
Na justificação, Rodrigo Cunha afirmou que o projeto irá proporcionar um avanço aos direitos educacionais, além de assegurar a igualdade de oportunidades entre gêneros. Ele salientou que a obrigação do setor público de ofertar vagas em creches é prioritária dos municípios, e que esses entes federativos não têm recebido recursos suficientes dos estados e da União.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Fonte: Agência Senado
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