Os deputados estaduais presentes ontem na Assembleia Legislativa foram surpreendidos por um grupo de fantasmas. Em alusão às denúncias de funcionários fantasmas no Legislativo, professores da rede estadual acompanharam a sessão ordinária vestidos a caráter. Eles usavam tecido branco comprido com furos nos olhos e, em coro, gritavam “buuuuh”, além de fazer gestos que lembram fantasmas. Havia no grupo um homem vestido de roupão que simulava bênçãos e fazia o sinal da cruz, em alusão ao padre Luiz Augusto da Silva, que admitiu receber sem trabalhar há 20 anos.

Durante a sessão, os servidores reclamavam que há dinheiro para fantasmas, mas não para a saúde e para valorização dos professores. Além disso, o grupo também criticou os deputados cujo nome não constava no painel eletrônico. O grupo gritava que esses parlamentares também eram fantasmas.

A denúncia de contratação de funcionários fantasmas e o caso do padre Luiz Augusto da Silva foram revelados pela imprensa. O esquema envolve o suplente de deputado estadual Daniel Messac (PSDB) e nomes ligados ao tucano lotados em órgãos do governo estadual.

A presença dos “fantasmas” na Casa não causou nenhum tipo de susto aos deputados. Ao contrário, eles riram como se estivessem assistindo a uma sessão de cinema. “Vamos chamar o padre (Luiz Augusto) para exorcizá-los”, brincou um parlamentar ao que outro completou em gargalhadas: “Cadê o caça fantasma?” Um deputado que não quis se identificar fez o seguinte comentário: “Que foi engraçado, foi. Não vou negar”. Os professores ficaram pouco menos de uma hora nas galerias.

O processo envolvendo os 71 denunciados é resultado da Operação Poltergeist do MP-GO, que corre em segredo de Justiça. Em abril do ano passado, quando foi deflagrada, apenas 36 foram denunciados. Uma lista complementar foi enviada à Justiça um ano depois acrescenta outras 35 pessoas. Neste último processo o MP pede a exoneração de nove pessoas, entre elas o filho de Messac, Daniel Messac de Morais Júnior, que ocupa cargos no governo estadual há pelo menos seis anos.

Padre Luiz

Na semana passada, o MP propôs ação civil pública por improbidade administrativa contra o pároco e cinco ex-presidentes da Assembleia por terem permitido que Luiz Augusto recebesse. A ação pede o bloqueio de bens do padre no total de R$ 12,5 milhões e o pagamento total de R$ 18,7 milhões aos cofres públicos.

Informações de O Popular