Opinião

Novembro Azul, Câncer de Próstata e Cirurgia Robótica

Todos os homens devem ser esclarecidos sobre o câncer de próstata e suas implicações. Jamais podemos deixar de diagnosticá-lo em homens saudáveis e, assim, discutir a melhor opção terapêutica. Deixar o câncer se manifestar espontaneamente é um grande risco e sofrimento para o paciente e sua família, considerando a evolução e potencial agressividade desse tumor.

Publicados

O câncer de próstata é a neoplasia sólida mais comum e a segunda maior causa de óbito (oncológico) no sexo masculino. É o câncer mais incidente nos homens (excetuando-se o câncer de pele não melanoma) em todas as regiões do Brasil.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) em 2020 revelaram, no Brasil, 65.840 casos de câncer de próstata, correspondendo a 29,2% dos tumores incidentais no sexo masculino e que resultam em 15.983 mortes no mesmo período. Nos Estados Unidos, a Sociedade Americana de Câncer estima 248.530 novos casos e 34.130 mortes para o ano de 2021.

Trabalhos científicos mostram que 25% dos portadores de câncer de próstata morrem devido à doença e 20% dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados.

Quando os sintomas começam a aparecer, 95% dos casos já estão em fase adiantada. Não é possível evitar a doença, mas é possível diagnosticá-la precocemente e, desse modo, as chances de cura são superiores a 90%. Os números apresentados justificam a necessidade de um acompanhamento com o Urologista a partir da quarta década de vida.

É considerado um câncer da terceira idade, isto é, em três quartos dos casos no mundo manifesta-se a partir dos 65 anos. O aumento da incidência no Brasil pode ser justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), melhoria na qualidade dos sistemas de informação e também aumento na expectativa de vida.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) destacam a alta incidência do câncer de próstata e, assim, ressaltam a importância da consulta médica, que tem como objetivo o diagnóstico precoce. Lembramos que nos estágios iniciais a doença não manifesta qualquer sinal ou sintoma, justificando assim uma visita ao consultório do Urologista, que fará uma história clínica detalhada somada ao toque prostático e solicitação dos exames necessários, como o PSA (antígeno prostático específico), que podem sugerir a suspeita de um câncer. A confirmação do diagnóstico faz-se por uma biópsia de próstata.

Leia Também:  Associações e semelhanças

Os fatores de risco para Câncer de Próstata são: idade, raça negra, obesidade, hábitos alimentares ricos em gorduras, sedentarismo e fator familiar (quando se tem um parente de primeiro grau com câncer de próstata, a probabilidade é até duas vezes maior; e para aqueles que tem dois parentes de primeiro grau, essa probabilidade é até seis vezes maior).

A SBU recomenda que homens com mais de 50 anos procurem um Urologista, para uma avaliação individualizada. Homens da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento será realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em uma decisão compartilhada com o paciente.

Segundo a SBU, muitos homens têm “medo” do diagnóstico de câncer, mas os urologistas enfatizam que a medicina tem evoluído para proporcionar aos pacientes tratamentos menos invasivos e cada vez mais eficazes.

Exames de imagem são incorporados ao cotidiano para maior precisão diagnóstica, como a ressonância magnética multiparamétrica, que torna mais efetiva as indicações de biópsias, evitando procedimentos desnecessários ou o PET CT com PSMA, que pode rastrear doenças metastáticas de pequeno volume em locais incomuns.

Desse modo, os tratamentos tornam-se individualizados a partir da coleta de dados sobre o tumor, como por exemplo: seu volume; sua extensão e grau de agressividade, informações que também podem ser obtidas por meio de exames de imagem. Além de considerar, também, a idade e perspectiva de vida do paciente, doenças associadas, valor do PSA e Toque Retal, no momento do diagnóstico. Estas condutas resultam em tratamentos menos agressivos e mais efetivos, principalmente em doenças de baixo risco de progressão.

Leia Também:  Os vetores da ‘Pacem in terris’

Nos últimos anos a cirurgia robótica vem crescendo em todo o território nacional, diante da instalação de robôs em vários centros médicos e treinamento de cirurgiões e equipes paramédicas. A robótica é considerada um procedimento minimamente invasivo, proporcionando benefícios como: incisões menores, visão ampliada em três dimensões e liberdade de movimentos. Os resultados oncológicos são semelhantes aos da cirurgia aberta convencional, mas há algumas vantagens em relação a métodos convencionais, como: menor intensidade de dor, recuperação em menor tempo, menor risco de sangramento, tempo de hospitalização reduzido e aumento na qualidade de vida dos pacientes após a cirurgia.

Fica claro que na somatória de todos os avanços tecnológicos, o Urologista e sua equipe têm papel fundamental, pois detém o conhecimento da doença, somado à experiência nas tomadas de decisão durante o diagnóstico e tratamento.

Em minha opinião, todos os homens devem ser esclarecidos sobre o câncer de próstata e suas implicações. Jamais podemos deixar de diagnosticá-lo em homens saudáveis e, assim, discutir a melhor opção terapêutica. Deixar o câncer se manifestar espontaneamente é um grande risco e sofrimento para o paciente e sua família, considerando a evolução e potencial agressividade desse tumor. Converse com seu Urologista.

Dr. Marco Aurélio Lipay é Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP

JORNAL DO VALE – Muito mais que um jornal, desde 1975 – www.jornaldovale.com

Siga nosso Instagram – @jornaldovale_ceres

Envie fotos, vídeos, denúncias e reclamações para a redação do JORNAL DO VALE, através do WhatsApp (62) 98504-9192

COMENTE ABAIXO:
Propaganda

ARTIGO

Os fios da liberdade e o resistir da vida

É preciso sempre reverberar a discussão sobre a importância de um ambiente saudável para essa população, pois muitos estão adoecendo, cansados de toda essa situação. Os momentos de prazer, alegrias e cuidado são mais do que necessários nessa construção do bem viver para a população negra.

Publicados

em

Livia Marques é psicóloga.

A inferioridade do racismo é observada até nos comentários sobre os cabelos. Até pouco tempo, um experiente apresentador de programa de TV fez um comentário racista sobre o cabelo de uma bailarina negra. O absurdo não parou por aí. Ainda foi comentado, ao vivo, que outra pessoa da equipe do programa relatou ter visto um piolho.

Outra situação aconteceu durante um evento do exterior em que duas convidadas brasileiras sofreram racismo. Os cabelos de ambas as pessoas negras foram atacados e novamente com uma história com piolhos.

Talvez alguns comentem que elas foram fortes ao encarar, ao permanecerem no palco, ao lerem a carta com o relato. No entanto, a reflexão não é sobre ser forte ou ter coragem. É também sobre o cansaço diário e o não querer passar por tamanha violência, que adoece, inferioriza e desumaniza pessoas constantemente.

Não é saudável entrar em uma apresentação ou ir assistir a uma aula com medo de ser atacado ou ofendido. Ou ter medo de ser uma pessoa apontada por seus traços e cabelos ou de ser alguém que não merece respeito.

Leia Também:  75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos: De volta para o futuro

Essas situações acontecem diariamente com pessoas negras por conta da história colonizadora e do processo de escravidão no país. Crianças vivenciam isso. Adolescentes e adultos são atacados e muitos evitam o embate por receio de serem colocados no lugar de serem raivosos e descontrolados.

Pessoas negras não podem, segundo o racismo, terem a própria percepção. Não podem se expressar, muito menos serem assertivas. Mas as marcas do próprio período de escravidão no Brasil mostram no cotidiano, em 2024, o quanto é indesejável e, por vezes, até perigoso que pessoas negras coloquem seus desejos e suas opiniões.

Para essas pessoas, só sobra o lugar de subjugação, o de não expressar o que deseja e o que sente por medo da rejeição. Além da ansiedade, isso gera sintomas físicos e psicológicos que podem ser vistos em forma de procrastinação, tremores ao expor suas opiniões, níveis altos de culpa, além do isolamento social.

Quem pode e tem o direito ao viver e esperançar? Nessas reflexões, deixo também o meu questionamento para as pessoas que se dizem aliadas no processo antirracista. Como estão agindo diante de ações realmente concretas?

Leia Também:  Ruptura e restauração

É preciso sempre reverberar a discussão sobre a importância de um ambiente saudável para essa população, pois muitos estão adoecendo, cansados de toda essa situação. Os momentos de prazer, alegrias e cuidado são mais do que necessários nessa construção do bem viver para a população negra.

Livia Marques é psicóloga

JORNAL DO VALE – Muito mais que um jornal, desde 1975 – www.jornaldovale.com

Siga nosso Instagram – @jornaldovale_ceres

Envie fotos, vídeos, denúncias e reclamações para a redação do JORNAL DO VALE, através do WhatsApp (62) 98504-9192

COMENTE ABAIXO:
Continue lendo

VALE SÃO PATRÍCIO

PLANTÃO POLICIAL

ACIDENTE

POLÍTICA

MAIS LIDAS DA SEMANA