Opinião
OAB: Das lutas sociais às farras pessoais
Você mesmo, que nem é advogado, mas que tem um advogado ou algum dia poderá precisar de um, você que espera da Ordem que se posicione contra as injustiças impunes de autoridades públicas, participe. Fale com seu advogado para que se alie àqueles que querem resgatar a Ordem do caos em que foi mergulhada e volte a ser aquela Instituição que sempre combateu os abusos das autoridades públicas e da qual possam se orgulhar os advogados que hoje sentem vergonha de a ela pertencer.
OAB: das lutas sociais às farras pessoais
Só quem não sabe qual é a finalidade da Ordem dos Advogados do Brasil é que não percebe que seus atuais dirigentes, na maioria das seccionais e subseções, a transformaram e querem mantê-la como um instrumento de barganha de vantagens pessoais, atrelando-a a interesses políticos partidários da pior espécie e às mais imorais motivações.
A finalidade da OAB
A OAB não é um fim em si mesma, não é um clube de bacharéis selecionados por exames de Ordem, não é uma empresa de shows e festas, nem uma liga de esportes. É uma instituição cujos inscritos têm um dever de tal importância que o exercício de seu múnus está protegido na Constituição da República (art. 133) e não apenas em seu estatuto, que, entretanto, também contempla a grandeza da responsabilidade da OAB.
As eleições da OAB interessam à sociedade
É exatamente por isso que as eleições das seccionais e subseções da OAB não dizem respeito apenas aos advogados, mas a toda a sociedade, pois é a ela que se destina o primeiro elenco das finalidades previstas no inciso I do art. 44 da Lei federal 8.906/94: a OAB, serviço público (e não privado), tem por finalidade defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça. O advogado é o instrumento dessa luta, desse desiderato.
Para tanto, da Ordem deveriam partir os exemplos daquilo que é a sua finalidade. Contudo, o que se está vendo alastrar-se pelo País é o desvio das finalidades da Instituição por seus dirigentes, impunemente, porque, desde a Lei 8.906/94, foram criados mecanismos para minar a igualdade nas disputas eleitorais e garantir que os dirigentes nacionais controlem as eleições do Conselho Federal, e, assim cooptem os dirigentes seccionais, num processo de cumplicidade que contribuiu para a desmoralização da Instituição, submetendo-a, progressivamente, ao comando de segmentos totalmente alheios aos interesses da OAB.
De quem é a culpa pela demora do Quinto Constitucional?
A indicação do Quinto Constitucional pela OAB para o TJ-MA sempre se deu em processo de absoluta legalidade e normalidade, com as indicações dos desembargadores Jorge Rachid, Jouglas Bezerra, Milson Coutinho, Paulo Velten e Ricardo Duailibe. Contudo, desde a criação da última vaga da OAB para o Quinto Constitucional do TJ-MA, em 16 de março de 2022, o que se tem visto é uma sucessão de ilegalidades, fraudes e irregularidades perpetradas pela Diretoria da Ordem, em total desrespeito aos advogados, ao Tribunal de Justiça e à sociedade.
Finalmente encaminhada pela OAB-MA ao TJ-MA, a lista foi devolvida para a OAB-MA dia 4 de dezembro de 2023, por descumprimento de norma constitucional. Desde então, a Diretoria da Ordem quedou-se inerte. O absurdo dessa conduta mereceu da eminente Procuradora de Justiça Themis Carvalho o batismo de Tapete de Penélope, aludindo à expressão que se tornou proverbial para referir-se a algo que está sempre sendo feito, mas que, por ardis, nunca termina. Assim, aguarda-se a lista da OAB-MA há 3 anos!!!
A importância do voto dos advogados recém-formados
Essa mesma Diretoria pretende reeleger-se nas eleições do dia 18 de novembro, segunda-feira, confiante no voto dos advogados recém-formados, a quem tenta cooptar valendo-se do desconhecimento sobre as finalidades da Ordem e, acima de tudo, deles escondendo os abusos que nela cometem.
Confia a Diretoria na tática romana, aplacando os anseios dos advogados com pão e circo. A diferença é que não dá o pão. Ao contrário. Toma-lhes nas anuidades, para pagar o circo de festas e banquetes. No entanto, ao tentarem ingressar no mercado, aqueles advogados logo constatam a dura realidade da advocacia, em seu mister diário, que é de absoluto abandono pela Instituição. O que os advogados veem é seu sacrifício em pagar as anuidades caras, sem qualquer retorno da OAB, usada para atender a interesses pessoais de seus dirigentes, familiares e cúmplices.
As eleições do dia 18 de novembro serão decisivas
No dia 18 de novembro não será o destino da OAB-MA que está em jogo, mas a credibilidade da Instituição, o respeito aos advogados pelos prepostos do Poder Público e, acima de tudo, a defesa dos interesses da sociedade.
Por isso, cidadão, participe.
Você mesmo, que nem é advogado, mas que tem um advogado ou algum dia poderá precisar de um, você que espera da Ordem que se posicione contra as injustiças impunes de autoridades públicas, participe. Fale com seu advogado para que se alie àqueles que querem resgatar a Ordem do caos em que foi mergulhada e volte a ser aquela Instituição que sempre combateu os abusos das autoridades públicas e da qual possam se orgulhar os advogados que hoje sentem vergonha de a ela pertencer.
Por tudo isso espera-se que os advogados, especialmente os advogados recém-formados, maiores vítimas do abandono pela OAB, lutem por uma Ordem independente, capaz de enfrentar toda e qualquer autoridade, na defesa e no respeito de suas prerrogativas, para que os advogados não passem pelo vexame da vergonha e do constrangimento e possam defender com firmeza e altivez os seus constituintes e assim construir uma sociedade onde prevaleça a segurança jurídica.
Carlos Nina é ex-presidente da OAB-MA, ex-conselheiro Federal da OAB e jornalista.
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ARTIGO
PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.
A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.
A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.
A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.
Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.
André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).
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