Opinião
Seca maior no Brasil
As projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) indicam que os dias consecutivos secos se tornariam mais frequentes com tendência de aceleração em decorrência do aquecimento global. O mesmo ocorre para as temperaturas e as ondas de calor, que podem ser mais quentes e mais frequentes.
Uma péssima notícia para o Brasil, um estudo do INPE mostra que em 60 anos, a média do número de dias seguidos sem chuva aumentou de 80 para 100 no Brasil, impactando a disponibilidade de água, a biodiversidade, a produtividade agrícola e o aumento de risco de incêndios florestais, entre outros.
Esse estudo foi feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a pedido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), para integrar a base de dados científicos para a elaboração do Plano Clima Adaptação. Os dados também constarão do Primeiro Relatório Bienal de Transparência do Brasil à Convenção do Clima da ONU. O número de dias consecutivos secos (CDD, na sigla em inglês) define as condições excessivamente secas por vários dias, com ausência de dias com chuva.
O CDD foi calculado estimando-se o número de dias seguidos com precipitação inferior a 1 mm. No período de referência, entre 1961 e 1990, o CDD era em média de 80 a 85 dias. Na década mais recente (2011-2020), o número subiu para cerca de 100 dias, especialmente nas áreas que abrangem o norte do Nordeste e o centro do país.
Na área central do país, essa situação é ainda mais crítica, pois o aumento dos dias secos combinado com o aumento das temperaturas cria um cenário de estresse hídrico elevado, o que impacta diretamente as comunidades rurais, a produção de alimentos e a gestão dos recursos naturais.
As projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) indicam que os dias consecutivos secos se tornariam mais frequentes com tendência de aceleração em decorrência do aquecimento global. O mesmo ocorre para as temperaturas e as ondas de calor, que podem ser mais quentes e mais frequentes.
Este cenário demonstra a necessidade de acelerar as ações de contingenciamento climático para a redução de emissões de gases de efeito estufa e para a adaptação à mudança do clima. Setores estratégicos, como agricultura e energia, com alta dependência do clima, precisam urgentemente receber investimentos em soluções para a captação e armazenamento de água, a adoção de culturas mais resistentes à seca e ao calor, e a promoção de tecnologias sustentáveis para a irrigação.
As políticas públicas devem priorizar a adaptação ao novo regime climático, envolvendo todas as esferas políticas, município, estado e união, governantes, representantes eleitos e também o judiciário. Além disso, é urgente a restauração dos ecossistemas degradados e a educação e o envolvimento das comunidades locais.
O estudo foi feito com os dados observacionais de 1.252 estações meteorológicas para construir as séries de temperatura máxima, e 11.473 pluviômetros para os dados de precipitação. Então, foram analisadas as temperaturas máximas, ondas de calor e índices de precipitação. A precipitação, por sua vez, repercute na ocorrência de extremos climáticos que são estabelecidos por dois indicadores: dias consecutivos secos (CDD) e pela precipitação máxima em 5 dias (RX5day).
O estudo mostra o quanto o clima já mudou. Não é mais questão de acreditar em cientistas, mas de ver a realidade e agir prontamente.
Mario Eugenio Saturno (fb.com/Mario.Eugenio.Saturno) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano
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ARTIGO
Alerta: Desafios urgentes para a indústria têxtil e de confecção
Nossas exportações permaneceram relativamente estáveis, prejudicadas pela crise econômica em mercados-chave, como a Argentina. Tal situação limita as oportunidades de crescimento e diversificação para as empresas brasileiras.
A indústria têxtil e de confecção do Brasil enfrenta um momento delicado, marcado por desafios internos e externos que ameaçam sua competitividade e sustentabilidade. Esse cenário exige atenção urgente e ações estratégicas para fortalecê-la. Nos últimos 10 anos, o Brasil experimentou redução na renda per capita medida em dólares, indicando um empobrecimento relativo da população, que afetou diretamente o consumo interno, base fundamental para esse importante setor da economia nacional. Com o mercado interno enfraquecido, perdemos participação para produtos importados, muitas vezes beneficiados por práticas comerciais desleais ou subsídios governamentais em seus países de origem.
Nossas exportações permaneceram relativamente estáveis, prejudicadas pela crise econômica em mercados-chave, como a Argentina. Tal situação limita as oportunidades de crescimento e diversificação para as empresas brasileiras. O atual ambiente do comércio internacional, marcado por tensões geopolíticas e medidas protecionistas, coloca o Brasil em posição vulnerável. Com o recente crescimento do PIB e do consumo interno, o País torna-se alvo atrativo para exportadores estrangeiros, fator potencialmente capaz de prejudicar ainda mais a indústria local.
Cabe ressalvar que o setor têxtil e de confecção teve e continua tendo participação na construção da Nova Indústria Brasil (NIB), ação relevante do Governo Federal, que inclui o plano Mais Produção, com financiamento do BNDES, e se soma ao B+P e ao programa de Depreciação Acelerada, dentre outras ações relevantes. São iniciativas positivas, que posicionam a indústria no centro das políticas de desenvolvimento, de modo coerente com seu significado na geração de empregos em quantidade e qualidade, fomento de tecnologia e inovação, exportações de itens com maior valor agregado e redução da dependência externa.
No entanto, é preciso ponderar que os efeitos positivos da NIB serão percebidos principalmente a médio e a longo prazo, em contraste com a conjuntura atual enfrentada pela indústria têxtil e de confecção. Para superar esses desafios urgentes, é crucial avançar na agenda de competitividade sistêmica do País, por meio das seguintes ações: reduzir o “Custo Brasil”; implementar medidas de defesa comercial contra práticas desleais, defendendo a indústria nacional; acelerar a negociação e implementação de acordos comerciais, especialmente entre o Mercosul e a União Europeia, para ampliar o acesso a novos mercados; investir em inovação e tecnologia para aumentar a produtividade e competitividade do setor; e desenvolver políticas de incentivo à modernização industrial e qualificação e oferta de mão de obra.
A inação diante do cenário atual e de curto prazo pode resultar em graves consequências para a indústria têxtil e de confecção brasileira, com potenciais perdas de empregos, fechamento de empresas e aumento da dependência externa, a despeito do fato de o setor estar crescendo este ano e gerando empregos. É fundamental que governo, setor privado e sociedade civil unam esforços para fortalecer esse importante segmento da economia nacional, que se situa entre os cinco maiores do mundo, com R$ 200 bilhões de faturamento e 1,3 milhão de empregos, garantindo sua competitividade e sustentabilidade no longo prazo. Apenas com uma abordagem coordenada e proativa será possível superar os desafios atuais e posicionar o setor de maneira mais dinâmica e eficaz no contexto global.
Fernando Valente Pimentel é diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
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