Senado aprova projetos dedicados às mulheres

Marcando o Dia Internacional da Mulher, celebrado ontem (8), o Senado aprovou projetos envolvendo a maior participação delas na política e em outras áreas, além de garantir-lhes mais segurança no dia a dia. Foram, no total, quatro projetos debatidos, três votados. O primeiro deles criou a liderança da bancada feminina na Casa. Esta terça-feira (9) foi um dia inteiramente dedicado a pautas relacionadas a igualdade de gênero.
Perseguição obsessiva
Um dos projetos aprovados hoje criminaliza a perseguição obsessiva. Conhecida também pelo termo em inglês stalking. Trata-se da prática de perseguição reiterada que ameaça a integridade física ou psicológica da vítima. Essa perseguição pode ser física, com a aproximação do perseguidor, ou digital, por redes sociais. De um jeito ou de outro, o stalker invade ou perturba a liberdade e privacidade da vítima, geralmente do sexo feminino.
O texto saiu do Senado, foi à Câmara com alterações na pena e voltou ao Senado. Os senadores decidiram chegar a um meio termo entre as decisões das duas Casas. Ficou definida a pena de reclusão de seis meses a dois anos, além de multa.
“A repressão ao stalking praticado com violência de gênero é essencial, diante da grande probabilidade de as condutas perpetradas pelo agente perseguidor tornarem-se, posteriormente, paulatina ou subitamente mais graves, evoluindo para agressões severas e, até mesmo, para o feminicídio”, destacou o relator, Rodrigo Cunha (PSDB-AL), em seu projeto. O Projeto de Lei (PL) 1.369/2019 vai à sanção presidencial.
Participação na ciência e tecnologia
O Senado também aprovou o Projeto de Lei 398/2018, que traz mecanismos de incentivo à participação das mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. O PL prevê ações de divulgação dessas atividades às mulheres, além de incluir, em todos os níveis de ensino, estratégias e programas para mitigar preconceitos e barreiras culturais à participação da mulher nessas áreas do conhecimento.
O projeto também determina que os prazos para conclusão de cursos e programas de educação superior serão prorrogados em cento e oitenta dias nos casos de maternidade e de adoção. Na análise da relatora do projeto, Soraya Thronicke (PSL-MS), o aspecto cultural da sociedade ligado aos estereótipos de gênero e do papel da mulher na sociedade é presente nos baixos números de participação feminina nessas áreas.
“Com frequência somos criadas acreditando que ciência, tecnologia, engenharia e matemática consistem em assuntos masculinos e que a habilidade feminina é inferior à masculina”, afirmou Thronicke. Ela destacou que, segundo dados da ONU Mulheres, as mulheres na educação superior representam apenas 35% de todos os estudantes matriculados nos cursos de exatas.
“É preciso estimular ambientes de aprendizagem favoráveis, aumentar a autoconfiança das meninas na educação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática”, acrescentou a relatora. O projeto segue para a Câmara.
Remoção de servidora vítima de violência
Os senadores também discutiram o Projeto de Lei 3.475/2019, que prevê a remoção, a pedido, da servidora pública que tenha sido vítima de violência doméstica ou familiar. “A inclusão dessa nova hipótese de remoção, proposta no PL em exame, não é mero benefício à servidora pública vítima de violência doméstica; é uma medida efetiva que pode salvar vidas de mulheres”, afirmou o relator do projeto, Weverton Rocha (PDT-MA).
Após debates sobre a melhor formatação do texto, para evitar conflitos legais com a medida, o projeto foi retirado de pauta. A ideia é os senadores ganharem tempo para definir um texto consensual. O projeto deverá ser votado na próxima quinta-feira (11).
Edição: Aline Leal


POLÍTICA NACIONAL
Projeto revalida recursos orçamentários não pagos entre 2019 e 2024

Em análise na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 22/25 autoriza a quitação de restos a pagar acumulados entre 2019 e 2024. De autoria do Senado, o projeto estende o prazo para liquidação desses compromissos até o final do exercício de 2026.
Os restos a pagar são dotações que passam de um exercício financeiro ao seguinte e se referem a serviços ou obras, por exemplo, que não foram pagos ainda.
O texto já foi aprovado pelo Senado e pode ser votado diretamente pelo Plenário da Câmara, pois tramita em regime de urgência. Se aprovado sem alterações, pode seguir para a sanção presidencial.
LDO
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2024 (Lei 14.791/23) determinou que os restos a pagar não processados inscritos a partir de 2019 fossem cancelados em 31 de dezembro de 2024.
Na LDO para o ano de 2025 (Lei 15.080/24), os parlamentares tentaram incluir uma nova prorrogação, até dezembro de 2025, mas o trecho foi vetado pelo governo. Agora, a intenção é prorrogar o prazo para dezembro de 2026 e permitir o pagamento de rubricas que já foram canceladas.
Necessidade
O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), autor da proposta, afirma que a liquidação desses valores envolve várias etapas burocráticas e financeiras, que se tornaram mais difíceis durante a pandemia de covid-19.
Com isso houve impacto na capacidade de arrecadação e execução orçamentária dos entes públicos, o que gerou atrasos no cumprimento de obrigações financeiras. Para ele, a prorrogação do prazo pode evitar a paralisação de obras em todo o país.
Outras regras
De acordo com o projeto, a prorrogação vale para restos a pagar não processados (despesas empenhadas, aguardando a liquidação) relativos às despesas com procedimento licitatório iniciado ou a convênios pendentes.
O texto também determina que não poderão ser pagos valores relativos a obras e serviços que estejam sob investigação ou apresentem indícios de irregularidade. A exceção é para quando houver conclusão favorável das apurações que autorize a continuidade ou quando as irregularidades forem sanadas dentro do prazo da lei.
Da Redação – JJ
Com informações da Agência Senado
Edição – Rachel Librelon
Fonte: Câmara dos Deputados
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