Opinião
A falsa inclusão e seus efeitos injustos na sociedade
A verdadeira inclusão entende que tratar igualmente os desiguais não é apenas ineficaz, mas também injusto. As diferenças individuais exigem abordagens específicas para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de participação e sucesso.
A inclusão é uma das pedras angulares de uma sociedade justa e equitativa. Ela visa a valorização da individualidade de cada pessoa, reconhecendo tanto suas forças quanto suas limitações. Contudo, quando a inclusão é mal interpretada ou utilizada de forma inadequada, ela pode resultar em injustiças e exclusão.
A verdadeira inclusão entende que tratar igualmente os desiguais não é apenas ineficaz, mas também injusto. As diferenças individuais exigem abordagens específicas para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de participação e sucesso. Por exemplo, no contexto esportivo, colocar atletas de pesos diferentes para competir na mesma categoria seria uma distorção do princípio de equidade, criando uma vantagem injusta para uns e uma desvantagem insuperável para outros. Essa falsa inclusão não apenas prejudica os indivíduos diretamente envolvidos, mas também deslegitima os esforços genuínos de inclusão ao associá-los a injustiças evidentes.
Além disso, a falsa inclusão é frequentemente manipulada por interesses obscuros e ideologias que buscam perpetuar as estruturas sociais excludentes. Quando a inclusão é instrumentalizada para atender a agendas políticas ou econômicas, ela perde seu propósito de promover justiça e igualdade. Em vez disso, gera ressentimento e oposição generalizada, prejudicando a causa inclusiva como um todo. A verdadeira inclusão, por outro lado, reconhece as diferenças e ajusta o tratamento dado a cada indivíduo de acordo com suas necessidades e capacidades específicas, promovendo um ambiente de participação equitativa.
Para combater a falsa inclusão, é necessário um olhar crítico e atento às práticas inclusivas. É fundamental discernir entre ações inclusivas genuínas e aquelas que, sob o pretexto de inclusão, apenas perpetuam desigualdades e injustiças. A inclusão autêntica exige um compromisso com a alteridade, ou seja, a empatia e o respeito pelas particularidades de cada indivíduo, ajustando as condições de participação de forma a garantir que todos possam contribuir e beneficiar-se igualmente.
Um exemplo claro de inclusão bem-sucedida pode ser encontrado em sistemas educacionais que adaptam métodos de ensino às necessidades de cada aluno, reconhecendo suas habilidades e dificuldades. Essa abordagem personalizada não apenas melhora os resultados individuais, mas também enriquece o ambiente educacional como um todo, promovendo o desenvolvimento coletivo.
Em suma, a verdadeira inclusão é aquela que, respeitando as desigualdades individuais, ajusta o tratamento de forma a promover a equidade e a justiça. A falsa inclusão, por sua vez, ao desconsiderar as especificidades de cada indivíduo, acaba por reforçar as exclusões e perpetuar as injustiças. É imperativo, portanto, que a sociedade esteja vigilante e comprometida com práticas inclusivas autênticas, que promovam a igualdade de oportunidades e a justiça social para todos.
André Naves é Defensor Público Federal
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ARTIGO
A política e o político sem credibilidade
Agora, estamos às vésperas das eleições municipais. No dia 6 de outubro de 2024, brasileiros que moram nos 5.570 municípios do país vão às urnas escolher novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.
O Brasil era para ser um país potencialmente desenvolvido, não fosse a qualidade sofrível de seus políticos, respeitadas as poucas exceções, que vão para o Parlamento, governos e cargos públicos para se locupletar de todas as formas, ou seja, tirar proveito da coisa pública, desfalcando o Erário.
Ninguém desconhece que o meio político nacional é contaminado de ladravazes da República, de trapaceiros vestidos em pele de cordeiro e prontos para abocanhar o dinheiro da nação, que muita falta faz para resolver os graves problemas sociais e bancar investimentos na produção de riquezas.
A política deveria ser exercida como meio para a sociedade ver as necessidades sociais e da nação plenamente atendidas, na forma constitucional. Mas nada disso é de fato observado pela grande maioria da casta política brasileira, que continua a prosperar, beneficiada pelo sistema arcaico do instituto do voto obrigatório, responsável pela eleição e reeleição de políticos incompetentes, corruptos, cujos objetivos não republicanos são participar do bolo podre da política nacional.
O Brasil, um país continental lindo, de riquezas naturais pujantes, onde o seu povo deveria se ufanar dele, é lamentavelmente maltratado e dilapidado pela corja política, que há muito tempo se instalou no país.
Somente brasileiros obtusos – ou que não se importam de ser escorchados pela quantidade de impostos, arrancados de seus bolsos, para sustentar, por exemplo, a ilha da fantasia Brasília, onde reina o Congresso Nacional, repleto de chupa-sangues, montados sobre miríades de mordomias, com baixa produtividade – podem se manter inertes diante do cenário político deplorável nacional.
Enquanto os políticos desrespeitam as suas obrigações constitucionais, utilizam os mandatos para tirar proveito da coisa pública para si e cupinchas, ou para praticar politicagem, como troca de favores no toma lá, dá cá, o país continua a se ressentir de políticas públicas eficazes de investimentos maciços nas áreas que garantam o desenvolvimento da nação, bem como a erradicação da pobreza, da marginalização e reduzam as desigualdades sociais e regionais.
Agora, estamos às vésperas das eleições municipais. No dia 6 de outubro de 2024, brasileiros que moram nos 5.570 municípios do país vão às urnas escolher novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.
Trata-se de evento que deveria trazer esperanças positivas ao país. Mas não é o que se tem observado. A velha política dos interesses solertes continua a vicejar. Candidatos novos e outros antigos interessados na reeleição batem na porta de eleitores com promessas mirabolantes, que não são concretizadas após serem eleitos. Assim, os eleitores devem ficar atentos para não cair na lábia de candidatos sagazes. Escolher os melhores candidatos é um dever de cada eleitor.
Infelizmente, o Brasil era para ter credibilidade política. Mas os exemplos negativos de políticos envolvidos em falcatruas ou ações não republicanas descredencia a classe, em que poucos são punidos, e outros indecorosos continuam em franca atividade, como, por exemplo, o presidente Lula, condenado em três instâncias e agraciado posteriormente com a anulação de seus processos, engendrada por magistrados parciais.
Sem olvidar, no entanto, a conduta do ex-presidente Bolsonaro, responsável pela morte de muita gente durante a pandemia da Covid-19, o qual, de forma insensível e irresponsável, vociferou sem rodeios que não era coveiro diante do quadro macabro da pandemia; interferiu para que o seu filho “rachadinha”, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) permanecesse impune pelas acusações a ele imputadas; recomendou o uso de cloroquina, contrariando a comunidade científica; insultou ministros do STF; estimulou a depredação de poderes da República, em Brasília; emaranhou-se com joias recebidas das arábias; e até agora não foi chamado à responsabilidade.
Julio César Cardoso é servidor federal aposentado
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