Opinião

A porta da liberdade

Na minha experiência profissional em processos de sucessão, percebo que as pessoas maduras são aquelas que encontraram a porta da liberdade. Falam sobre temas difíceis, encaram o processo natural da vida de nascer-morrer, desfrutam da companhia daqueles que amam e confiam.

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Melina Lobo é Conselheira de Administração e Advogada

O saudoso médico Flávio Gikovate ainda possui seu canal de YouTube ativo e nele encontramos preciosidades. Uma delas é um vídeo provocativo com o título “O que é ser uma pessoa madura?”.

Uma pergunta aberta para decifrar uma das mais importantes palavras abstratas do nosso vocabulário. Ele resume logo no início que a pessoa madura é aquela que tolera frustrações e contrariedades. Completa com uma bela metáfora, dizendo que não é que elas não tenham aborrecimentos, mas é que aprenderam a desenvolver uma espécie de “fio terra” para que as contrariedades e frustrações as atravessem.

O vídeo é de 2014 e continua bastante atual. Ao longo de mais de seis minutos ele  discorre sobre as virtudes das pessoas maduras nos levando a refletir sobre elas.

Na minha experiência profissional em processos de sucessão, percebo que as pessoas maduras são aquelas que encontraram a porta da liberdade. Falam sobre temas difíceis, encaram o processo natural da vida de nascer-morrer, desfrutam da companhia daqueles que amam e confiam.

Reconhecem que essa porta se abre por dentro, através do processo de educação e autoconhecimento que freia os impulsos e os direciona para onde realmente se tem intenção de ir.

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São pessoas que aprenderam a desenvolver três virtudes fundamentais:

A primeira é a paciência, a virtude de lidar com as diferenças. É ela que auxilia a atravessar as frustrações e desenvolver o “fio terra” descrito por Gikovate. Além disso, a educação é um processo de repetição. Ler várias vezes o mesmo tema, estudar, debruçar sobre ele, viver experiências repetidas vezes até que virem um hábito. Sem a paciência não se treina o suficiente para adquirir a competência necessária.

A segunda é a prudência. Há uma frase bíblica no Evangelho de Mateus que afirma “sejam astutos como as serpentes e simples como as pombas” e ela se aplica bem a essa virtude que não é a segunda por acaso. Ela está no meio para ajudar a escolher. A prudência está na escolha: há lugares e pessoas em quem se pode confiar e ser manso como as pombas e há outros em que é necessário ser mais astuto. No coração, a pomba; na mão, a serpente. Reconhecer o interlocutor e o lugar onde se está para fazer a escolha certa de como agir é ser prudente.

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A terceira virtude é a persistência. Muitas vezes será necessário bater várias vezes na mesma porta antes que ela se abra. Os processos de educação e autoconhecimento são constantes. A cada dia se desenvolve mais, se conhece e se aprofunda sobre quem se é, como age e reage aos fatos da vida. O contrário seria desistir e como renunciar a si mesmo?

Assim, pessoas maduras que souberam encontrar essa porta da liberdade para tratar dos temas da sucessão com naturalidade são raras. Nosso mundo está cheio de distrações e acabamos nos perdendo dos valores e virtudes principais, colecionando arrependimentos.

A porta da liberdade só abre por dentro, através da educação e autoconhecimento. Nos processos de sucessão, encontrá-la é essencial para promover encontros pacíficos e consistentes.

Melina Lobo é Conselheira de Administração e Advogada

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ARTIGO

A Septuaginta, a Hebraica e Qumran

Há outros manuscritos medievais do Antigo Testamento, o mais antigo é uma cópia do Cairo dos profetas de 895 d.C., enquanto o Codex de Aleppo, de 930 d.C., carrega o selo de aprovação do grande filósofo Maimônides, há um Codex Babilônico dos Profetas (916 d.C.) e uma cópia do Pentateuco do século X no Museu Britânico.

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Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

Desde o início da Igreja (ekkesia, comunidade, assembleia) de Jesus Cristo, as Escrituras (Antigo Testamento) utilizadas eram as da Septuaginta (LXX) na língua grega e não a Hebraica. Esta versão somente passou a ser valorizada na época de Jerônimo porque havia grandes diferenças entre as duas Bíblias e julgou-se que a Hebraica fosse original e mais correta. E essa impressão continuou até 1947, quando foram descobertos os pergaminhos do Mar Morto.

Descobri alguns livros que tratam do assunto, de autores como Emanuel Tov, James A. Sanders, Eugene Ulrich, e Ralph W. Klein (autor do livro “Textual – Crítica do Antigo Testamento. A Septuaginta depois de Qumran” e que estou estudando e repasso aqui).

A história da Septuaginta (LXX) começa com a tradução do Pentateuco em Alexandria, Egito, no século III A.C., uma vez que a comunidade judaica de lá encontrou cada vez mais dificuldade em usar o hebraico, traduziu o Pentateuco para o grego koiné para atender às necessidades litúrgicas da sinagoga, e talvez para fins apologéticos e educacionais também.

O Texto Massorético (TM) é versão hebraica do Antigo Testamento, padronizada entre os séculos VI e X d.C., pelos massoretas, usada no judaísmo rabínico e nas traduções modernas da Bíblia.

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Há outros manuscritos medievais do Antigo Testamento, o mais antigo é uma cópia do Cairo dos profetas de 895 d.C., enquanto o Codex de Aleppo, de 930 d.C., carrega o selo de aprovação do grande filósofo Maimônides, há um Codex Babilônico dos Profetas (916 d.C.) e uma cópia do Pentateuco do século X no Museu Britânico.

O Pentateuco Samaritano é a versão dos primeiros cinco livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) usada pela comunidade samaritana e que rejeita o resto da Bíblia Hebraica.

A descoberta dos Manuscritos do Mar Morto (250 a.C. a 68 d.C.) demonstrou que a Septuaginta mudou menos e está mais próximo do original do que os demais textos. Por exemplo, o fragmento 4QEx de Qumran confirma Ex 1,1-6 da LXX contra o Texto Massorético.

Qumran e LXX acrescentam “seu pai” depois de Jacó; TM não. Qumran e LXX leem “E todas as pessoas de Jacó”; TM lê “E todas as pessoas que saem dos lombos de Jacó”. Qumran e LXX leem “setenta e cinco”; TM lê “setenta”. Qumran e LXX leem “pessoas. E José morreu.”; TM lê pessoas. E José no Egito. E José morreu.

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A variante “setenta e cinco” é a citada pelo mártir Estêvão (Atos 7,14) e é atestada por alguns manuscritos da LXX em Dt 10,22. É um cálculo baseado em Gn 46,20 da LXX, que contém os nomes de cinco descendentes adicionais de Efraim e Manassés.

Precisamos ainda analisar o Pentateuco Samaritano e o livro de Jeremias, cujo Texto Massorético mostra que foram acrescentadas 2.700 palavras a mais que a LXX e 4QJer, mas esta pequena amostra já mostrou que os Apóstolos e Padres da Igreja foram corretamente inspirados a utilizar a Palavra de Deus (em grego) que não depende de uma língua específica e que precisa estar sempre acompanhando as mudanças humanas da língua! Ou seja, precisamos da Igreja, uma que acerte nas escolhas teológicas, ou seja, siga a Septuaginta dos cristãos!

Mario Eugenio Saturno (fb.com/Mario.Eugenio.Saturno) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

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