Opinião

Caberá à ciência o aumento da produção de alimentos?

O trabalho dos geneticistas ao longo das últimas décadas tem sido na busca de sementes com maior capacidade de produtividade.

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O colunista do Estadão, Fernando Reinach, registra na sua coluna sobre ciência da última semana uma descoberta de cientistas chineses de um gene capaz de aumentar em 50% a produção de arroz e trigo por hectare. A pesquisa na área da engenharia genética já surpreendeu o mundo na virada dos anos 90 com sementes geneticamente modificadas resistentes a herbicidas, e outras resistentes a pragas, como a helicoverpa armigera, e doenças.

O trabalho dos geneticistas ao longo das últimas décadas tem sido na busca de sementes com maior capacidade de produtividade, com maior resistência aos fatores hídricos e também numa produção de grãos e de hortaliças e frutas com maior potencial nutricional, de sabor e de facilidade no transporte.

Em 50 anos multiplicamos por quase 8 vezes a produção nos campos com tecnologia, enquanto a área usada cresceu apenas duas vezes mais: 8 vezes 2. Jeremy Rifkin, escritor norte-americano dentre seus best sellers estão os livros “O fim dos empregos” e “O século da biotecnologia”. Numa ficção ele considerava que a produção de alimentos, fibras, e derivados dos solos, passariam a ser cada vez mais em labfarmers, do que em vastas extensões de terras.

No último dia 22, Reinach aponta exatamente uma nova potencial descoberta genética de um gene descoberto por cientistas chineses capaz de aumentar em 50% a produção de arroz e de trigo no mesmo hectare. De fato os geneticistas, não só os que trabalham com melhoramento clássico observando o comportamento das variedades e benefícios dos cruzamentos, mas a genética contemporânea introdutora de genes numa planta, e agora com a edição gênica, que não introduz genes novos mas os reedita naquela específica variedade vegetal, estão de fato no comando das cadeias produtivas do agronegócio.

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Falamos aqui no Agroconsciente que o agronegócio vai do gene da genética ao meme da percepção neurônica do consumidor final e do cidadão. A genética impacta decisivamente a performance dos vegetais e da proteína animal, e consequentemente exige produtores rurais muito mais avançados na sua gestão e de tudo o que envolve os modernos tratos culturais, a mecanização e a digitalização.

Mas nessa descoberta chinesa o gene batizado de OsDREB1C atua comandando a planta como se estivesse o tempo todo com alta voracidade de luz, fotossíntese, e também com uma busca faminta de nutrição. A pesquisa ao longo de dois anos revelou serem essas plantas de 41% a 68% mais produtivas do que as normais pois captam mais nitrogênio do solo e transformam mais e melhor a fotossíntese.

Sabemos nos estudos da genética que sempre que ampliamos um ângulo , uma competência no melhoramento genético de uma planta, outros fatores precisam ser avaliados, pois podem representar debilidades que precisam ser repostas na administração dessas lavouras, como por exemplo complementos pontuais de nutrientes, para nunca nos esquecermos da lei de Liebig, agrônomo que concluiu estar nos fatores mais carentes, o que chamou da “lei dos mínimos” o maior desafio para obtermos o máximo potencial daquela planta.

Mas isto fica para nossos doutores e pesquisadores tratarem, vai aqui uma convocação ao CCAS, Conselho Científico do Agro Sustentável nos ajudar neste debate visionário. O Prof. Dr. Joaquim Machado, geneticista, me mandou uma mensagem falando que essa descoberta dos chineses é uma “coisa fina e sem transgênicos clássicos”.

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Entretanto se a ciência se desenvolver a um limite de multiplicar os grãos e a produção agropecuária de forma exponencial, se dentro de cada grão de trigo, soja, feijão e arroz, da mesma forma seu aproveitamento agroindustrial for multiplicado exponencialmente, e se tudo isso ocorrer em paralelo a análises sensoriais de sabor e satisfação das nossas percepções humanas como consumidores, poderemos imaginar nos próximos 100 anos brutais revoluções com o uso de muito menos terras para a produção agroalimentar, agroenergética, e talvez muita liberação de terras para os gigantescos “refúgios ambientais”.

O que já foi a maior fazenda pecuária dos Estados Unidos até os anos 80 na Califórnia, Tejon Ranch, hoje é um gigantesco parque servindo, inclusive, para cenários do cinema de Hollywood, mas os motivos foram outros, não os científicos deste texto.

Portanto seria ficção, ou estará na ciência uma mudança revolucionária de produtividade para produção de muitos mais grãos por hectare, e muito mais proteína e energia grão a grão?

Dessa forma, quais serão os papéis dos novos agricultores, pecuaristas, agrônomos, veterinários, zootecnistas, geneticistas, sensorialistas, nutricionistas e profissionais de marketing agroindustriais e comerciais? Como será o “masterchef” nesse futuro científico da alimentação?

O presente vira resultado do futuro. 2122 não está tão longe assim e um bebê recém nascido agora terá enormes chances de estar vivo e ativo lá nesse futuro tão pertinho do presente.

José Luiz Tejón Megido é jornalista

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ARTIGO

Estratégias para vencer as incertezas

O ser humano é assim. Temos a necessidade de ter certeza na vida e de ter o controle de tudo. No entanto, vivemos em um mundo de probabilidades. Como disse certa vez o sociólogo Zygmut Bauman: “A única coisa que podemos ter certeza é a incerteza”.

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Juliana Brito, empresária, CEO e cofundadora da Indie Hero e da GJ+

Outro dia, tive uma conversa com uma amiga que estava embarcando em um novo relacionamento. Ela estava super ansiosa e querendo estar certa de que essa era a pessoa com quem ia se casar. No entanto, percebi que essa busca constante por certezas estava prejudicando sua capacidade de se entregar completamente ao momento, já que a atenção estava mais na necessidade de garantias do que no próprio relacionamento.

O ser humano é assim. Temos a necessidade de ter certeza na vida e de ter o controle de tudo. No entanto, vivemos em um mundo de probabilidades. Como disse certa vez o sociólogo Zygmut Bauman: “A única coisa que podemos ter certeza é a incerteza”.

Confiamos demais em nossos sentimentos. Muitas vezes, podemos nos sentir péssimos quando estamos incomodados, achamos que tem algo errado. É sempre desconfortável fazer algo em que não temos experiência.

Então, como trabalhar num ambiente incerto? O escritor Nassim Taleb disse certa vez: “Probabilidade… é aceitar a falta de certeza no nosso conhecimento e desenvolver métodos para lidar com a nossa ignorância.”

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A “Teoria da Janela Quebrada” sugere que, onde há uma janela quebrada, a probabilidade de mais janelas quebradas aumenta (princípio da entropia). Portanto, o primeiro passo é manter nossas “janelinhas” intactas, como nossa saúde física e mental.

Precisamos entender que estamos sempre jogando um jogo infinito. Se desistirmos amanhã, falhamos para sempre. No entanto, quando persistimos por muito tempo, isso aumenta significativamente as chances de sucesso. No final das contas, é um jogo de sorte. Sorte aqui definimos o momento em que a oportunidade encontra a preparação.

É muito importante estar sempre se atualizando. Por exemplo, 85% das profissões que vão existir em 2030, ainda não foram criadas. Então, estude e aprenda as novas tendências.

Tenha quantos planos forem necessários e avalie todos os riscos possíveis. Normalmente, o pior cenário não é tão ruim quanto imaginamos. Quando trabalhamos com essa perspectiva, fica mais fácil driblar os riscos e lidar com os problemas.

Manter uma reserva de emergência na conta bancária é outro método valioso para lidar com as incertezas nos negócios. Ninguém previu a pandemia. Os negócios que não tinham caixa de reserva faliram ou entraram em dívidas exorbitantes.

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Por fim, diversifique! Diversifique nos seus investimentos, diversifique nas suas fontes de receita pessoal. Não confie em um único empregador que vai garantir seu salário para todo o sempre. Dessa forma, você diminui a probabilidade de ficar à deriva.

Juliana Brito, empresária, CEO e cofundadora da Indie Hero e da GJ+

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