Opinião
Como o excesso do tempo de telas prejudica crianças e adolescentes
A Sociedade Brasileira de Psiquiatria (ABP), por exemplo, trouxe uma recomendação importante: restringir totalmente o acesso às telas em crianças menores de dois anos.

Não é novidade a preocupação dos especialistas com o tempo de permanência da criança frente às telas. Os pequenos desde cedo têm dominado o uso desses dispositivos e muitos até já possuem seu próprio aparelho. Para os pais, trata-se de um momento de tranquilidade, deixar a criança se distrair, fazendo algo com tanto interesse. Aparentemente, é algo inofensivo. Mas na verdade, isso pode gerar vários prejuízos ao desenvolvimento de crianças e adolescentes.
A exposição prolongada às telas de games e redes sociais pode provocar diversos danos à saúde física e mental dos jovens, como, por exemplo, na visão, na postura e no desenvolvimento físico, na qualidade do sono, na hiperatividade e na irritabilidade; na atenção e concentração, no risco do aumento de obesidade. Além disso, pode provocar transtornos na saúde mental: como ansiedade, depressão e baixa autoestima, devido à exposição à violência, ao bullying e à pressão nas redes sociais. Todos estes fatores influenciam o desenvolvimento e logo afetam o rendimento escolar.
O grande desafio é estabelecer limites de tempo, intercalando o tempo de tela com momentos de interação social, estudos, leituras de livros e atividades físicas de lazer, só assim é possível prevenir tantas consequências negativas. Vale frisar que nada em excesso faz bem.
A Sociedade Brasileira de Psiquiatria (ABP), por exemplo, trouxe uma recomendação importante: restringir totalmente o acesso às telas em crianças menores de dois anos.
Dos três aos seis anos, os especialistas indicam que é possível flexibilizar o uso de dispositivos eletrônicos por um período entre 30 minutos e uma hora, sempre com a supervisão de um adulto.
Já do sexto ao décimo ano de vida, os pais já podem ampliar um pouco mais o limite. Lembrando sempre da necessidade do acompanhamento de um responsável.
No entanto, mesmo com mais idade, a supervisão deve continuar. Infelizmente, há casos em que os pais não conseguem, por algum motivo, controlar e limitar o uso de dispositivos eletrônicos e só acabam percebendo que há um descontrole quando as consequências são perceptíveis, já trazendo alguns prejuízos de ordem social, familiar ou escolar.
Por isso, fique atento aos sinais que são mais comuns: quando há a substituição do dia pela noite, falta de rotina, ausência nas atividades com a família e nas refeições, rejeição de atividades interativas, apatia, além do mais alarmante, a queda no rendimento escolar.
Nestes casos, uma avaliação com profissional pode ajudar a dar clareza e trazer soluções ao problema. Com diagnóstico correto é possível intervir e encontrar soluções adequadas, ajudando a criança e sua família a modificar hábitos e pensamentos para construir novos e melhores comportamentos.
Realmente, essas tecnologias vão continuar fazendo parte da rotina das pessoas. Para sermos sinceros, é muito difícil, hoje, viver sem elas. Porém se forem utilizados na medida certa, essas ferramentas trazem muito mais benefícios que prejuízos.
Os jovens precisam perceber, sentir e aprender que o prazer efêmero provocado pelo uso dos eletrônicos, pode ser substituído por outros que provocam uma felicidade real e bem mais duradoura. Portanto, ajude seus filhos a usarem melhor o tempo.
Ester Chapiro é Psicopedagoga.
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ARTIGO
O gosto amargo do vinho
Em 2016, com o golpe que culminou na queda da presidente Dilma Roussef e a ascensão de Michel Temer ao cargo, ganhou corpo a campanha contra a “velha senhora” CLT. Foi então proposta a denominada Reforma Trabalhista, anunciada como a solução de todos os nossos males apesar de, no entanto, não haver criado os 5 milhões de empregos prometidos, fracassando ainda em promover a anunciada formalização das relações de trabalho.

Em minha juventude, não tínhamos o hábito de beber vinho. A importação de boas garrafas era inviável para nossos parcos recursos, e os vinhos nacionais eram sofríveis. A curiosidade e o destemor próprios da adolescência me levaram a experimentar o que seria minha mais traumática lembrança de excesso na ingestão alcoólica: um porre do famoso Sangue de Boi. O impacto foi tão grande que, por anos, o simples cheiro de vinho me causava náuseas e eu cantava, sempre que me ofereciam, a canção de Chico Buarque que pedia para que o cálice de vinho fosse afastado de mim.
Nas últimas décadas, o direito do trabalho foi demonizado como sinônimo de atraso e de obstáculo para o desenvolvimento do país, o que se potencializou nos últimos seis anos como ressonância ao discurso único de triunfo do neoliberalismo sobre qualquer outra ideologia econômica que não tenha o individualismo e o império do deus mercado como o centro de poder.
Em 2016, com o golpe que culminou na queda da presidente Dilma Roussef e a ascensão de Michel Temer ao cargo, ganhou corpo a campanha contra a “velha senhora” CLT. Foi então proposta a denominada Reforma Trabalhista, anunciada como a solução de todos os nossos males apesar de, no entanto, não haver criado os 5 milhões de empregos prometidos, fracassando ainda em promover a anunciada formalização das relações de trabalho.
Entretanto, a reforma trabalhista ou a “modernização trabalhista” como gostavam de chamá-la seus defensores, trouxe benefícios apenas aos empregadores — aos maus empregadores — que viram diminuir o número de ações trabalhistas sem que diminuíssem as fraudes e minguar a força dos sindicatos com quedas nas arrecadações de cerca de 90%. O último governo ainda chegou a defender e propor o fim de qualquer regulação trabalhista. A balança que sempre pendeu para o capital abandonou de vez o trabalho. As fake news apresentavam mentiras como certezas como a que dizia estarem, no Brasil, 98% das ações trabalhistas de todo o mundo ou que inexiste legislação trabalhista nos Estados Unidos.
Uma das mais graves heranças dessa sórdida campanha contra a CLT foi, sem dúvida, a liberalização da terceirização, que prometia mais empregos e melhores condições de trabalho e entregou exatamente o oposto. Alertamos, ainda em 2017, que 94% dos trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão resgatados eram terceirizados (cerca de 60 mil desde que se passaram a registrar os resgates, em 1995, segundo os dados expostos pelo Observatório Smartlab do Ministério Púbico do Trabalho e OIT).
Ainda assim, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) optou por julgar constitucional a irrestrita terceirização, vigorosamente defendida por empresários, parlamentares e até por alguns magistrados do trabalho, supervalorizando o princípio da livre iniciativa empresarial em detrimento dos princípios do valor social do trabalho, da dignidade do trabalhador e da justiça social. Com isso, consolidou-se o entendimento de que é possível existir empresa sem empregados, apenas com terceirizados.
Há poucos dias, fomos surpreendidos com a notícia de que 207 trabalhadores —195 aliciados na Bahia — foram resgatados na lindíssima região serrana do Rio Grande do Sul, onde, além das abjetas condições de trabalho análogas à escravidão, eram submetidos a tortura mediante choques elétricos, spray de pimenta e espancamento. Ato contínuo, as três vinícolas envolvidas se apressaram em declarar que tais trabalhadores eram empregados de empresa terceirizada e que não tinham qualquer controle sobre eles.
O argumento é exatamente o mesmo do utilizado por fazendeiros flagrados no interior do Maranhão, na mesma data, quando foram resgatados 17 trabalhadores e por quase a totalidade dos empresários flagrados submetendo trabalhadores a condições de trabalho análogas à escravidão. Na verdade, a terceirização somente se viabiliza pela diminuição dos custos e da responsabilidade para a empresa que toma os serviços.
Ao ler a notícia dos trabalhadores encontrados sob condições equiparáveis à escravidão na produção de enormes e lucrativas vinícolas nacionais, me veio ao estômago uma sensação de asco, agora causada pela revolta diante do ultraje imposto a esses trabalhadores brutalmente explorados e vilipendiados. Me pergunto, enfim, como se sentem os que defenderam o desmonte da legislação trabalhista e a liberalização da terceirização? Será que, como aquele jovem Ronaldo, o vinho lhes traz agora um sabor amargo?
Ronaldo Curado Fleury é advogado, subprocurador-geral do Trabalho aposentado, foi procurador-geral do Ministério Público do Trabalho.
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