Vale do São Patrício
CRV Industrial implementa Programa de Jovens aprendizes com êxito desde 2018
Desde o início, a iniciativa alcançou uma taxa de efetivação de 32%.
Desde 2018, a usina sucroenergética CRV Industrial, localizada em Carmo do Rio Verde no Vale do São Patrício, tem se destacado na promoção da inclusão social por meio do programa de Jovens Aprendizes, que já contratou 436 jovens. Em 2023, o programa contou com a participação de 92 aprendizes. Desde o início, a iniciativa alcançou uma taxa de efetivação de 32%, resultando na efetivação de 138 jovens. Em 2024, foram integrados 16 novos aprendizes ao quadro de pessoal da empresa.
O programa é direcionado a jovens com idades entre 15 e 22 anos, que estejam estudando ou tenham concluído o ensino médio. Com contratos de dois anos, o programa abrange diversas áreas, mas o setor administrativo se destaca como o principal responsável pela absorção dos aprendizes.
Os jovens passam por cursos semanais voltados para suas áreas de atuação e têm seu desenvolvimento monitorado pela gestão e pelo setor de Relações Humanas, visando aprimorar suas habilidades e promover um bom desempenho.
A usina também mantém uma parceria com a Rede Nacional de Aprendizagem Promoção Social e Integração, que oferece a base teórica necessária, enquanto a empresa proporciona a prática. Essa abordagem tem gerado um impacto significativo, não apenas na capacitação dos jovens, mas também na oportunidade da inserção deles no mercado de trabalho.
“Com a continuidade desse programa, a usina reafirma seu compromisso com a formação de futuros profissionais e a promoção de uma sociedade mais inclusiva”, pontua a Superintendente de Gestão Integrada, Marcilene Cristina.
História de sucesso
José Amadeu Batista dos Santos começou sua jornada na usina como jovem aprendiz em 2019, no almoxarifado. Durante o programa, que se estendeu até abril de 2021, ele aprendeu sobre inventários e peças de maquinário, destacando o desenvolvimento da comunicação como um fator essencial para sua efetivação. Após completar 18 anos, em outubro de 2021, José foi contratado como funcionário efetivo no departamento de controladoria. Atualmente, ele está cursando farmácia. A transição para o cargo efetivo foi tranquila graças à experiência adquirida como aprendiz. Para José, o programa foi uma oportunidade de crescimento: “O esforço individual é a chave para a efetivação”. Sua história é um exemplo do impacto positivo do programa de Jovens Aprendizes, que abre portas e molda futuros.
Brenda de Almeida Soares Cardoso é outro exemplo. Ela iniciou sua jornada na usina em 2023, como jovem aprendiz no setor de Segurança Patrimonial. Durante os oito meses em que permaneceu no programa, ela adquiriu uma visão clara do mercado de trabalho e das responsabilidades que um profissional precisa assumir. O programa atendeu completamente suas expectativas, proporcionando-lhe uma base sólida que foi crucial para sua efetivação.
No dia 21 de maio de 2024, Brenda foi contratada como funcionária efetiva, permanecendo no mesmo setor em que iniciou, agora atuando como Auxiliar Administrativo, realizando a liberação de carregamento de açúcar e etanol. A transição de jovem aprendiz para funcionária efetiva foi desafiadora, principalmente devido às novas responsabilidades e à mudança nos horários. Ela relata que essa mudança exigiu uma adaptação rápida, pois o ritmo de trabalho é muito diferente para um efetivo.
Entre as habilidades que adquiriu como aprendiz, a proatividade continua sendo uma das mais importantes no seu dia a dia como profissional. Para Brenda, o programa jovem aprendiz foi uma verdadeira porta de entrada para o mercado de trabalho, ajudando a construir sua carreira e facilitar sua efetivação na empresa.
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Cultura
Jaraguá: Descoberta arqueológica é legado para história goiana
O trabalho na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em obras de restauração e requalificação, revela cemitério de mais de 200 anos.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá no Vale do São Patrício, surgido em 1736, foi erguida 40 anos depois, em 1776, pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Em seus 248 anos, recebeu obras de manutenção, mas nada tão grande como a que vem sendo executada agora, dentro do projeto Fé, Religiosidade e Devoção, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). O trabalho de restauração e requalificação revelou um grande cemitério com restos mortais possivelmente de africanos escravizados e negros libertos, formado por mais de 200 anos na avaliação de arqueólogos.
A obra, que começou em maio deste ano e está sob a responsabilidade da empresa de engenharia, vencedora do processo licitatório, e tem contribuído para trazer à luz um pouco da história de um dos mais antigos municípios do Estado.
A igreja de arquitetura colonial foi erguida em um terreno em aclive e ao longo dos anos ganhou estruturas urbanísticas a seu redor. Sob o calçamento externo, foram retiradas, em novembro, 35 ossadas humanas, para dar passagem ao canal de drenagem que vai escoar águas pluviais, uma obra necessária para evitar impactos na parte estrutural do templo.
A retirada do assoalho de madeira no interior da igreja também mostrou a existência de 56 campas funerárias, todas numeradas. Ali não houve trabalho de escavação arqueológica e tudo será mantido como foi encontrado. “Será preservado como era antes, embora estruturas de concreto estejam sendo instaladas sob o assoalho para garantir maior durabilidade do piso de madeira”, explica Lucas de Araújo, arquiteto da prefeitura, que tem acompanhado de perto a obra.
Uma outra intervenção importante ocorreu na parede frontal, que estava inclinada e precisou ser refeita com o mesmo material vernacular retirado da igreja, trabalho que exigiu o olhar atento do mestre de obras João Filho da Silva.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos remete ao surgimento de cidade de Jaraguá, que, segundo a historiadora Dulce Madalena Rios Pedroso, “nasceu sob o signo do ouro”. A exploração aurífera começou com negros faiscadores, que eram hábeis em encontrar minas. Naqueles idos, lembra a arqueóloga do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Margareth de Lourdes Souza, as igrejas eram os locais de sepultamento. “Acredito que seja uma área densamente ocupada e com sepultamentos sobrepostos. Tudo isso tem relevância porque contribui para o conhecimento da história local.” A igreja é tombada pelo Iphan desde 1959 e o órgão tem fiscalizado as intervenções.
O trabalho é minucioso. O telhado foi trocado e as esquadrias de madeira (portas e janelas) substituídas, preservando as características originais. Além de renovar a parte hidráulica e elétrica, no interior serão restaurados os bens artísticos, como o altar-mor, o forro da capela-mor, o altar lateral, o arco cruzeiro, o púlpito e o coro.
O arquiteto Lucas de Araújo ressalta que o templo erguido por negros no período escravocrata é um dos últimos de matriz africana ainda de pé em Goiás, a exemplo da Igreja de Santa Efigênia, em Niquelândia. Além de receber recursos de acessibilidade, banheiros serão construídos na área externa, sem interferir na fachada histórica.
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