Opinião
Inclusão no mercado financeiro: um desafio urgente para o Brasil
Novembro é marcado pela celebração da Consciência Negra e apesar de o mês estar quase no fim, as questões relacionadas ao tema precisam continuar tendo destaque nos outros meses.
Novembro é marcado pela celebração da Consciência Negra e apesar de o mês estar quase no fim, as questões relacionadas ao tema precisam continuar tendo destaque nos outros meses. Por isso, resolvi trazer uma reflexão sobre a representatividade racial e de gênero no mercado financeiro brasileiro. Analisando dados recentes é possível perceber que, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito para promover a inclusão efetiva e a equidade de oportunidades no setor.
Assimetrias nos quadros de liderança e no acesso a investimentos
Segundo os dados mais recentes do estudo ‘Mulheres em Ações’ da B3, a diversidade de gênero e raça permanece um desafio nas empresas listadas na Bolsa de Valores brasileira. Mais de 56% dessas companhias ainda não têm nenhuma mulher em suas diretorias estatutárias, e 37% não possuem mulheres em seus Conselhos de Administração.
Quando olhamos para a representatividade racial, o cenário é ainda mais preocupante: 98,6% das empresas não contam com diretores negros, e 87,7% não têm diretores pardos. E o problema vai além disso, pois a desigualdade racial se reflete também no acesso da população negra ao mercado financeiro como investidora.
De acordo com as informações disponibilizadas no ‘Raio X do Investidor’ de 2023, realizado pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), apenas 35,5% da população negra possui investimentos financeiros, em comparação com 42,5% da população branca.
Esse dado revela uma diferença bastante significativa na inclusão financeira e destaca a necessidade de ações que ampliem o acesso de pessoas negras aos mais variados tipos de investimentos, melhorando sua participação nos ganhos e na segurança financeira, o que é direito de todos.
A importância das ações afirmativas para um futuro equitativo
A própria B3, a Bolsa de Valores brasileira, tem promovido iniciativas de transparência e incentivo para que as empresas mapeiem e ampliem a diversidade em seus quadros. Contudo, os números demonstram que o avanço ainda é tímido e, em alguns aspectos, há uma estagnação ou retrocesso.
Em 2024, das 359 empresas avaliadas, 354 declararam não ter nenhum diretor estatutário preto, e 315 não possuem diretores estatutários pardos. No levantamento de 2023, esses números eram ligeiramente menores, com 337 empresas sem pessoas negras na diretoria e 305 sem pessoas pardas.
O fato é que ações afirmativas são essenciais para promover o acesso e o desenvolvimento de carreiras para grupos sub-representados. O objetivo é que, no futuro, tais medidas não sejam mais necessárias, pois a equidade estará consolidada. No entanto, dado o legado de séculos de exclusão, essas ações são indispensáveis para garantir um ponto de partida justo.
Diversidade como diferencial competitivo e inovador
A inclusão de pessoas de grupos sub-representados vai além de uma questão de justiça social, pois contribui diretamente para o desempenho e a inovação nas empresas. Estudos mostram que a diversidade cria uma massa crítica importante para a tomada de decisões estratégicas, o que considero fundamental.
Em um mercado financeiro competitivo, as empresas que contam com diferentes pontos de vista conseguem desenvolver produtos e serviços mais inclusivos e abrangentes. Essa pluralidade permite que as empresas estejam mais preparadas para entender e atender as necessidades de um público cada vez mais diverso.
Neste mês da Consciência Negra, convido o mercado a refletir e a agir sobre as oportunidades de inclusão, destacando que promover a diversidade é essencial para o crescimento sustentável e inovador das empresas. O caminho para a equidade é longo, mas cada passo conta para construirmos um ambiente corporativo onde todos tenham as mesmas oportunidades de desenvolver suas potencialidades e contribuir para o futuro do país.
João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais
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ARTIGO
Legado ou prisão?
O testamento é um ato unilateral e na maioria das vezes desconhecido dos herdeiros ou legatários até a morte do testador. Daí que as surpresas podem ser extremamente desagradáveis e de difícil interpretação.
Gosto de refletir sobre palavras antitéticas que tenham o mesmo número de letras. Assim, para a palavra legado, a antitética é prisão. Explico. Quando nos comprometemos com algo que não concordamos ou não entendemos, o legado vira uma prisão.
Na minha jornada profissional, vi muitos testamentos sendo questionados, herdeiros irritados e outros aprisionados na vontade do testador. Por isso, a experiência de quem já viveu 94 anos intensos, participando de inúmeros negócios e conhecendo diversas dinâmicas familiares me encanta.
“Eu tenho mais uma sugestão para todos os pais, sejam eles pobres ou ricos. Quando seus filhos estiverem maduros, peça para eles lerem seu testamento antes de você assiná-lo. Tenha certeza que cada filho entenda tanto a lógica de suas decisões quanto as responsabilidades que eles vão encontrar depois da sua morte.Se algum deles tiver dúvidas ou sugestões, escute com cuidado e adote as que você considerar sensatas. Você não quer seus filhos perguntando
“por quê?” em relação a decisões testamentárias quando você não for mais capaz de responder”.
Essa é parte da carta de Warren Buffett publicada essa semana e replicada em várias redes sociais. O alerta é de extrema importância: discuta com seus filhos suas ideias para que elas possam ser executadas quando você não estiver mais aqui!
Em outras palavras, cuide para que seus desejos sejam um legado e não uma prisão para os beneficiários.
O testamento é um ato unilateral e na maioria das vezes desconhecido dos herdeiros ou legatários até a morte do testador. Daí que as surpresas podem ser extremamente desagradáveis e de difícil interpretação.
Buffett alerta para esse fato e previne a todos para que discutam os termos de suas últimas vontades, acrescentando: “Ao longo dos anos, eu recebi perguntas e comentários de todos os meus três filhos e com frequência adotei suas sugestões. Não há nada de errado com eu ter que defender meus pensamentos. Meu pai fez o mesmo comigo”.
Ele também afirma que altera seu testamento a cada dois ou três anos e tenta deixar as coisas simples porque ao longo dos anos viu muitas famílias se separarem depois que tomaram conhecimento do testamento. Os desejos do testador deixaram os beneficiários confusos e algumas vezes com raiva.
Em sua carta, ele diz que os ciúmes junto com desprezos reais ou imaginários durante a infância, são ampliados particularmente quando alguns filhos são favorecidos seja em termos monetários ou de posição de prestígio.
Afirma que conhece alguns casos onde testamentos de pais ricos que foram completamente discutidos antes da morte ajudaram a tornar a família mais próxima. E faz uma pergunta inquietante: “o que pode ser mais satisfatório?”
Construir um legado ou uma prisão está em nossas mãos.
Melina Lobo é Conselheira de Administração e Advogada
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