Opinião

O joio e o progresso humano

O joio é uma planta invasora e com aparência semelhante ao trigo a ponto de ser chamado de “falso trigo”, pois seu aspecto só é distinguido em estágio avançado de crescimento. Todavia, diferentemente do trigo, o joio traz em seu interior a possibilidade de estar contaminado por fungos que geram toxinas.

Publicados

Paulo Hayashi Jr. é Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.

A conhecida parábola do joio e do trigo possui uma qualidade ímpar na expressão dos ensinamentos para uma vida digna. Ao se fazer um levantamento da Bíblia, tal parábola aparece apenas em Jó e em Mateus e ambas se complementam. O joio pode ser confundido com o trigo, apesar do destaque ser maior no evangelista. Para Jó, o que importa é levar uma nobre existência a ponto de não pesar nada contra sua pessoa. É chegar no dia do juízo final sem remorsos por não ter feito nada de errado e ainda, ter realizado todo o bem possível. É a balança honesta da justiça, tal como no tribunal de Osíris do antigo Egito. O fundamental era ter um coração leve e bondoso a ponto de não precisar ser enviado para o submundo como forma de expiação. Como o livro de Jó é provavelmente o mais antigo da Bíblia, então sua versão é a que inspirou Mateus.

Leia Também:  Cuidado com o golpe!

O joio é uma planta invasora e com aparência semelhante ao trigo a ponto de ser chamado de “falso trigo”, pois seu aspecto só é distinguido em estágio avançado de crescimento. Todavia, diferentemente do trigo, o joio traz em seu interior a possibilidade de estar contaminado por fungos que geram toxinas. O que poderia trazer problemas aos seres humanos. Por isso, misturar o joio e o trigo pode comprometer a qualidade do produto e até mesmo, o bem estar humano. No livro sagrado, a separação das pessoas boas e más dá-se com o tempo.

Entretanto, o campo contaminado pode estar dentro do próprio indivíduo. Quantos pensamentos ruins temos em um único dia? Quantas emoções nocivas frequentam o nosso coração no cotidiano? Quão frequente temos atitudes mesquinhas e pequenas? Somos todos ainda imperfeitos, mas podemos seguir o caminho da perfeição. Todos nós temos cargas enormes de erros do passado, o que acaba nos tornando não campos inférteis e improdutivos, mas que precisam ser limpos e adubados com a nossa própria perseverança e querer. A compaixão de Deus é justamente nos dar tempo e oportunidades para este trabalho. De diminuirmos a nossa sombra interior. De neutralizarmos as nossas fraquezas, os nossos vícios e más tendências. A responsabilidade da vida começa conosco.

Leia Também:  Decisões do STF devem ser respeitadas

Somente quando estivermos higienizados o suficiente e fortes o bastante que conseguiremos ser aqueles que auxiliarão o outro com efetividade e utilidade. Apenas o tempo possibilita esta limpeza e separação, bem como o progresso futuro da pessoa. Por meio das tomadas de consciência e de assumir a responsabilidade pelo seu destino, há o aprimoramento pessoal e a mudança se inicia no interior. Para servir e amar a humanidade, tal como Jesus Cristo nos exemplificou.

Paulo Hayashi Jr. é Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.

JORNAL DO VALE – Muito mais que um jornal, desde 1975 – www.jornaldovale.com

Siga nosso Instagram – @jornaldovale_ceres

Envie fotos, vídeos, denúncias e reclamações para a redação do JORNAL DO VALE, através do WhatsApp (62) 98504-9192

COMENTE ABAIXO:
Propaganda

ARTIGO

Há algo de muito errado nas finanças do Governo Federal

A grande questão que se coloca é a seguinte. Se não temos dinheiro para gastar num arcabouço fiscal cada vez mais inconfiável, se o governo não precisaria importar porque tem arroz suficiente para o Brasil, se nossa dívida chegou a mais de um trilhão de reais, por que importar arroz, vale dizer, queimar divisas para comprá-lo no exterior?

Publicados

em

Ives Gandra da Silva Martins é professor e advogado

O Brasil atingiu, segundo os jornais da semana passada, cifra superior a um trilhão de reais da dívida pública (R$ 1.000.000.000.000,00). O arcabouço fiscal faz água e as previsões para cima (déficit futuro) crescem, por enquanto com a promessa de que o superávit pretendido apenas ficará menor. Roberto Campos ironizava, no passado, que as promessas dos detentores do Poder comprometiam apenas as pessoas que as ouviam. No caso, os economistas do mercado, pois são realistas, sabem que dificilmente as promessas do governo Lula sobre o arcabouço serão mantidas.

O certo é que o governo não tem merecido a confiança do empresariado brasileiro, circulando nos jornais no início do mês uma nota de repúdio das 5 mais fortes confederações de empresários (agricultura, comércio e serviços, indústria, cooperativa e transporte) à negativa de créditos legítimos que as empresas tem de PIS/Cofins para compensar a desoneração da folha de serviços negociada com o Legislativo e desrespeitada com a Medida Provisória nº 1.202/2023, que o Congresso Nacional devolveu ao Governo.

Desde o dia 12/06/2024, o dólar oscila  entre 5,40 a 5,42 reais e a Bolsa caiu quase 2 pontos percentuais. Pesou neste cenário a fala do presidente que prometeu aumento de tributação e queda de juros, o que afetaria o único instrumento atual de combate à inflação, que é a política monetária.

Leia Também:  Cuidado com o golpe!

Neste quadro, resolveu o Governo, com a catástrofe climática do Rio Grande do Sul importar arroz. A Confederação Nacional da Agricultura, todavia, mostrou a desnecessidade da importação, pois mais de 4/5 da safra do Rio Grande do Sul já tinha sido colhida e o risco de desabastecimento é rigorosamente nenhum.

Transcrevo trecho do livro que escrevi com Samuel Hanan, que demonstra a importância do agronegócio para o Brasil e a equivocada visão governamental:

Agrobusiness Brasileiro (2023)
A. 26 a 30% do PIB Brasil (+US$600 bilhões) (US$2.130 Bilhões);
B. 49 a 50% das exportações brasileiras (US$166,55 bilhões);
C. 150% do saldo da balança comercial (US$150 bilhões) – saldo Brasil: US$ 98,84 bilhões;
D. 30% dos empregos formais;
E. 40% da produção mundial de soja (complexo);
F. 50% da produção mundial de açúcar;
G. 30% da produção mundial de café;
H. 80% da produção mundial de suco de laranja;
1. 25% da produção mundial de carne bovina;
J. 30% da produção mundial de carne de frango.
BRASIL-POTÊNCIA MUNDIAL DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS (BRASIL: 2,6% DA POPULAÇÃO MUNDIAL) (Brasil – Que país é esse? – Editora Valer, pg. 41)

Ora, no momento em que o Governo resolve comprar no exterior arroz que temos, à evidência prejudica empregos e empresas brasileiras que poderiam fornecer o produto.

Leia Também:  O manjericão

A reação do setor do agronegócio tem sido, pois, coerente e imediata. Explicam, à exaustão, a desnecessidade da importação, mostrando que o governo gastaria dinheiro que não tem, levando em consideração sua dívida e, por outro lado, prejudicaria empregos de produtores e comerciantes de arroz que tradicionalmente atuam no país.

O governo, todavia, fez o primeiro leilão e empresas sem nenhuma tradição no mercado e sem força econômica suficiente ganharam, o que o obrigou a cancelá-lo, sobre pairar ainda a suspeita de ilicitude no pregão.

A grande questão que se coloca é a seguinte. Se não temos dinheiro para gastar num arcabouço fiscal cada vez mais inconfiável, se o governo não precisaria importar porque tem arroz suficiente para o Brasil, se nossa dívida chegou a mais de um trilhão de reais, por que importar arroz, vale dizer, queimar divisas para comprá-lo no exterior?

Não gostaria de lembrar Shakespeare, embora pertença à Academia William Shakespeare, mas que há algo de muito errado nas finanças do Governo Federal, não há dúvida de que há.

Ives Gandra da Silva Martins é professor e advogado 

JORNAL DO VALE – Muito mais que um jornal, desde 1975 – www.jornaldovale.com

Siga nosso Instagram – @jornaldovale_ceres

Envie fotos, vídeos, denúncias e reclamações para a redação do JORNAL DO VALE, através do WhatsApp (62) 98504-9192

COMENTE ABAIXO:
Continue lendo

VALE SÃO PATRÍCIO

PLANTÃO POLICIAL

ACIDENTE

POLÍTICA

MAIS LIDAS DA SEMANA