Opinião

A caminho da década perdida

A avaliação é que os efeitos da política correta de expansão dos Estados emergentes já comprometem a posição de destaque alcançada por Goiás em três décadas de forte expansão da industrialização. Em dois ou três anos, vamos completar uma década do início da nossa estagnação. Será nossa década perdida – com perdas que hoje já nos assustam. É preciso de uma reação urgente e inteligente.

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Estudo mais recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), baseado em dados oficiais do IBGE, acende o sinal de alerta para o setor em Goiás. Durante alguns anos, apesar de termos a nona maior economia estadual do País, um indicador sempre relevante para mostrar nossa força setorial, foi ter alcançado a sétima posição entre parques industriais no Brasil.

Para uma industrialização recente como a goiana é uma conquista muito relevante e revela o esforço pelo desenvolvimento e seus impactos já são sentidos em indicadores sociais e econômicos, como o IDH e o Índice de Gini das regiões industriais.

Mas a sétima posição está ameaçada pelo forte crescimento de outros Estados, como a Bahia. Goiás deu passos tímidos na atração de investimentos desde meados da década passada e perdeu, de fato, competitividade na atração de grandes projetos industriais e também da expansão dos aqui instalados – que, em parte, optaram por fazer novos investimentos em outras plantas em outros Estados.

Em 2018, Goiás tinha 15.827 indústrias – duas mil a mais que o parque industrial baiano. No último dado divulgado, Goiás avançou para 17.178, mas a Bahia teve um crescimento mais vigoroso, chegando a 16.594 – encostando praticamente e perto de tirar a posição de Goiás. A Bahia expandiu três vezes mais que Goiás no período.

Este pode ser considerado um bom indicador de competitividade, mas se avançarmos em outros números e também no cenário mais empírico vamos lidar com a mesma realidade: Goiás avança a passos lentos e é bem menos atrativo hoje do que já foi na década passada. Nas mesas de estratégias das médias e grandes indústrias, não me lembro, nas últimas décadas, de Goiás estar tão pouco presente.

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A questão maior é que os outros Estados avançaram em suas estratégias de captação de negócios, melhoraram seus programas, adaptaram suas economias, aprimoraram suas vantagens competitivas e Goiás, desde 2015, passou a ser questionador da sua própria política de desenvolvimento – essa crise de identidade custa caro hoje, com perda de grandes investimentos e milhares de empregos.

Essa insegurança é uma imagem que precisa descolar de Goiás. Temos nossos programas e um perfil desenvolvedor – pioneiro e maior defensor, aliás, no modelo que hoje é copiado por todos. Temos o AgreGO, um inédito plano diretor da indústria goiana, que será uma referência para o setor no País, que precisa dar passos largos. No entanto, teremos de agir rápido para evitar que percamos o protagonismo econômico do Centro-Oeste, por exemplo. Hoje não somos referência regional – se em parque industrial estamos sob risco para a Bahia, em outros, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, já começam a despontar na região, com ritmo de expansão maior do que o goiano.

Precisamos de uma sala de situação focada no desenvolvimento que atue 24 horas em prol de Goiás. É preciso captar o movimento dos negócios com rapidez para absorver ganhos, inclusive, tributários, pois, como já mostramos, a engenharia dos impostos no Brasil exige que façamos contas para favorecer o Estado.

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Um exemplo, entre tantos, pode ser citado na arrecadação de tributos no setor da soja, que, ao não estimular o processamento no Estado, se esvai quase toda na compensação de créditos tributários quando ‘importamos’ a soja processada em Estados vizinhos. Perdemos empregos e “pagamos” caro por não industrializar. É mais barato e inteligente estudar todos setores que geram crédito a compensar e trazer este parque industrial para dentro do Estado, só para ficar em um exemplo.

A avaliação é que os efeitos da política correta de expansão dos Estados emergentes já comprometem a posição de destaque alcançada por Goiás em três décadas de forte expansão da industrialização. Em dois ou três anos, vamos completar uma década do início da nossa estagnação. Será nossa década perdida – com perdas que hoje já nos assustam. É preciso de uma reação urgente e inteligente.

Edwal Portilho “Tchequinho” é presidente-executivo da Associação Pró-desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial)

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ARTIGO

Tem arame na sua cerveja

O cultivo requer condições específicas, como clima temperado com verão ameno, inverno frio, conjugado com luz solar adequada, solo bem drenado e água de boa qualidade. Embora isso seja realidade no Sul do Brasil, o clima tropical predominante no país pode representar desafios.

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Guilherme Vianna, doutor em medicina veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e gerente de negócios.

Fique calmo! O título deste artigo não é um alerta ou um motivo de preocupação: sua saúde não está em risco, tampouco a qualidade da bebida. Muito pelo contrário. O uso de arames é fundamental para a plantação de lúpulo (Humulus lupulus), planta trepadeira, cujos cones florais são essenciais na produção de cerveja. Esses cones contêm resinas e óleos voláteis que contribuem para dar o famoso sabor amargo e aromático do líquido alcoólico, além de proporcionar estabilidade à espuma e ajudar sua conservação.

Como o lúpulo é uma trepadeira, isso significa que ela cresce verticalmente. Por isso, os arames são instalados em fileiras ao longo de toda a área de cultivo para fornecer suporte às plantas, conforme elas crescem. Os brotos se enrolam em torno dos arames, permitindo que as plantas alcancem alturas significativas. Mais do que isso, manter a planta afastada do chão reduz o risco de doenças e pragas, melhora a circulação de ar – favorecendo a prevenção de mofo e fungos, por exemplo – e facilita a colheita, seja esta manual ou mecânica.

A produção desse cultivo ainda é um território a ser explorado no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo), em 2023, 88 toneladas foram colhidas no país. Isso representou crescimento de 203% em comparação à safra de 2022. Apesar do avanço, o volume produzido ainda é baixo. Afinal, bem mais de 3 mil toneladas são importadas por ano, conforme dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Para comparação, nos Estados Unidos, maiores produtores globais, a produção supera 50 mil toneladas ao ano.

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O cultivo requer condições específicas, como clima temperado com verão ameno, inverno frio, conjugado com luz solar adequada, solo bem drenado e água de boa qualidade. Embora isso seja realidade no Sul do Brasil, o clima tropical predominante no país pode representar desafios. No entanto, com pesquisa científica, desenvolvimento de variedades adaptadas e técnicas de cultivo adequadas, pode-se perfeitamente explorar o potencial econômico-financeiro do lúpulo.

Um estudo conduzido pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que os lúpulos desenvolvidos em solo nacional possuem qualidade equiparável aos importados. Nesse cenário, investir no cultivo de lúpulo tornou-se algo bastante atrativo e interessante. Contudo, é preciso estar atento às características específicas da trepadeira, que, assim como a uva, requer cuidados especiais. Para se desenvolver em qualidade e quantidade exige-se arames em seu cultivo, de forma a mitigar riscos, incluindo quedas da planta sofridas por ventanias ou ainda chuvas fortes. E, nesse sentido, voltamos ao título deste texto.

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Para ter sucesso na plantação de lúpulo, dois tipos de arames são fundamentais. A interligação dos postes exige cordoalhas resistentes e duráveis. Esse tipo de produto, como Belgo Cordaço®, ajuda a reduzir o uso de madeira em 60% da área de cultivo. Já para a sustentação das trepadeiras, é preciso utilizar tecnologias com alta resistência à tração contra o desgaste causado por agentes corrosivos comumente utilizados no manejo agrícola. Para este caso, Belgo Frutifio® oferece três vezes mais zinco em sua composição, suportando até 500kgf de impacto. Com esses dois produtos, a parreira de lúpulo terá duração e resistência de acordo com as expectativas do produtor e da produtora.

A Belgo Arames, líder no mercado brasileiro de arames de aço, tem se dedicado a atender os produtores com soluções para ampliar o mercado de lúpulo, reduzindo a dependência externa e maximizando a oferta do ingrediente local na indústria de bebidas. Arames de qualidade também contribuem para a cerveja de qualidade. Um brinde!

Guilherme Vianna, doutor em medicina veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e gerente de negócios.

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