Opinião

A inevitabilidade dos dados: Uma perspectiva histórica

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Ao visitar museus pelo mundo, como The British Museum, em Londres, The Met, em Nova Iorque, ou o Louvre, em Paris, assim como os demais turistas, gosto de apreciar as obras famosas, mas também tenho uma atração particular pelos pequenos tesouros menos destacados que, por vezes, definem, direcionam ou referenciam a sociedade atual. Nestes três exemplos de museus, por exemplo, há alguns dos mais antigos registros de dados criados por nossa espécie.

Há mais de 5 mil anos, os extintos sumérios sentiram a necessidade de gravar informações de uma forma mais perene do que a memória e comunicação oral. Isso porque precisavam armazenar a representação de unidades de gado, peixe e medidas de grãos que passavam por seus armazéns. Era imprescindível, também, acompanhar em extratos o fluxo de têxteis, bebidas ou a ração diária. Afinal, naquela época a sociedade já era comercial, e os administradores careciam de ferramentas para controlar as transações.

A tecnologia adotada foi a de placas de argila úmida nas quais se desenhavam representações das várias mercadorias acompanhadas de símbolos cuneiformes inventados para designar quantidades e conjuntos. Era o protótipo de uma tabela relacional. Em alguns casos, havia atribuições a instituições e até mesmo a pessoas – provavelmente as primeiras menções escritas aos nomes próprios. Contudo, ao contrário do que se possa pensar, não se referiam a reis ou ocupantes de cargos importantes, mas aos trabalhadores, escravos e prisioneiros, com detalhes, como idade e sexo, pois eram vistos como mercadorias e meios de produção. Daquele momento em diante era possível manter uma coerência contábil e um desenvolvimento atuarial. Mesmo antes da linguagem escrita, nascia o registro de dados.

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Esse breve resumo de como começou a era dos dados nos leva a uma reflexão: se há milênios dados já circulavam e ajudavam na organização e operacionalização da sociedade, o que estamos vivenciando não é novo, mas a evolução do aproveitamento e aplicação das informações impulsionada pela era digital. Sim, embora comumente façamos uma sobreposição distraída, a era dos dados começou antes da era digital. Os computadores receberam status de protagonistas na história recente, contudo eles só foram concebidos para cumprir um propósito similar à necessidade de nossos antepassados: processar os dados.

A sociedade evoluiu, a população aumentou. E, hoje, empresas, processos, máquinas e pessoas estão conectados direta ou indiretamente a processos digitais, o que basicamente exponencializou a fartura de informação. É só olhar a nossa volta para evidenciar a inundação que nos envolve. Mas não adianta flutuar à deriva. Para que os dados tenham relevância, é necessário aproveitá-los ativamente, transformando-os em informações e em decisões.

Mais do que isso: uma das características daqueles – empresas e indivíduos – que terão mais sucesso é justamente saber escolher quais dados usar e como tratá-los para extrair significado, insights e valor, porque, infelizmente, uma boa parte das informações que circulam é ruído. Neste contexto, o primeiro desafio é distinguir o dado útil, do ruim. E essa não é uma tarefa trivial.

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Saber distinguir quais dados devem ser usados, ter uma equipe com expertise para isso e ferramentas adequadas são fundamentais para iniciar esta jornada. As possibilidades são inúmeras, já que a entropia dos dados tende a crescer com seu volume. A remediação para isso é introduzir metodologias sólidas para controlar essa tendência.
Partindo da perspectiva que já vivenciamos e apontando para o que ainda está por vir, o que eu quero dizer com este artigo é que administrar negócios sem a ajuda de dados não é mais uma opção. Aquela que não estiver usando dados para guiar o futuro, se tornará uma empresa do passado.

As empresas precisam ter seus processos desenhados para gerar dados sanitizados e acionáveis desde sua origem. Atingir essa maturidade requer robustez na arquitetura, infraestrutura, controle e análise. O movimento mais certeiro para conseguir isso é criar uma estrutura cujo propósito seja lidar, curar, zelar dados até chegar ao estado da arte de poder transformá-los em receita.

Marcelo Câmara é Chief Artificial Intelligence Officer da Certisign, IDTech especializada em identidade e segurança digital

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ARTIGO

Os cristãos da carta de Paulo aos romanos

Naquela época, o nome poderia revelar a origem (raça) e até a condição social da pessoa. Pelo nome podia-se conhecer a raça (judeu ou pagão) e a condição social (escravo ou não) da maioria das pessoas. A Igreja de Roma era composta de grande diversidade de raças e culturas.

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Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

Em artigo anterior, mostrei um preâmbulo da carta aos Romanos, que é um texto pastoral, e que buscava fazer uma introdução de si, quem era o apóstolo Paulo. Ficou patente que Paulo conhecia pessoas pelos nomes 28 pessoas da comunidade romana, sendo 18 homens e 10 mulheres.

A portadora da carta, Febe, não era conhecida. Logo faria parte da Igreja de Roma, elevando a 11 mulheres citadas no capítulo 16. Fica claro que Paulo dá relevância às mulheres, atitude contrária à condição da mulher naquele tempo.

Naquela época, o nome poderia revelar a origem (raça) e até a condição social da pessoa. Pelo nome podia-se conhecer a raça (judeu ou pagão) e a condição social (escravo ou não) da maioria das pessoas. A Igreja de Roma era composta de grande diversidade de raças e culturas.

Paulo repete o pensamento desenvolvido na primeira carta aos Coríntios (Rm 12,4-30) mostrando que a harmonia do corpo humano se dá pela união e pela colaboração dos diferentes membros. A mesma coisa acontece com o corpo social. É disso que a carta fala em Rm 12,3-8. E Paulo recorda sete dons diferentes que constituem a riqueza das igrejas domésticas de Roma: profecia, serviço, ensino, aconselhamento, distribuição de donativos, presidência da comunidade e exercício da misericórdia (12,6b-8).

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São as pastorais das igrejas domésticas romanas. Ao recordar sete dons, Paulo quis mostrar todos os dons (o número sete significa totalidade) que constituem ao mesmo tempo a diversidade das comunidades. Essas igrejas tinham também seus conflitos. O primeiro grande conflito entre as comunidades era a raça, ou seja, entre judeus e não judeus (chamados de gregos em Rm 10,12). Grande parte da carta é para resolver esse problema, alargando o horizonte, porque é um problema geral.

Aliás, esse foi um dos conflitos permanentes em toda a sua vida. Para ele é evidente que em Jesus Cristo acabaram-se as diferenças por causa de raça, condição social ou sexo (Gl 3,28; Rm 10,12; 1Cor 12,13; Cl 3,11). Para Paulo, os cristãos de origem e culturas diferentes não é motivo de desunião, mas de enriquecimento mútuo.

A Carta aos Romanos pode ser dividida em três partes, além da saudação inicial e da conclusão. O endereço, a saudação e a ação de graças (1,1-15). A Primeira Parte (1,16-8,39): O Evangelho é a força de Deus que salva. Tema geral (1,16-17): (a) A ira de Deus (1,18- 3,20). (b) A salvação vem pela fé (3,21-4,25). (c) Viver de modo novo (5,1-8,39). Segunda parte (9,1-11,36): Deus e Israel. Terceira parte (12,1-15,13): A vida cristã. Conclusão: Ministério de Paulo, projetos, saudações, recomendações e louvor (15,14-16,27).

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Paulo apresenta-se sozinho no início da carta, mas mostra sua identidade mediante três títulos que caracterizam sua missão (1,1): “servo de Jesus Cristo”, alguém que recebeu uma missão (“apóstolo”, do grego, enviado) do próprio Jesus que o escolheu (“escolhido”). Ele coloca-se como os profetas do Antigo Testamento, considerados: “servos” (Amós 3,7), “enviados” (Jeremias 25,4) e “escolhidos” (Jeremias 1,5).

Mario Eugenio Saturno (fb.com/Mario.Eugenio.Saturno) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

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